Com o objetivo de discutir a situação de refugiados, migrantes e apátridas no Paraná, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos do Senado, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Tadeu Veneri (PT), promoveu audiência pública na manhã desta sexta-feira (8), no Plenarinho da Casa. Autoridades, técnicos e lideranças ligadas ao setor participaram do evento, relatando as dificuldades encontradas para recepcionar de forma condigna quem busca abrigo em território brasileiro e os programas e serviços disponíveis para auxiliá-los nessa tentativa de começar uma nova vida.
Imigrantes e seus representantes relataram histórias dramáticas e fizeram apelos ao governo, em seus diversos níveis, principalmente no sentido de facilitar o acesso ao ensino da língua portuguesa, moradia, saúde e emprego. Vários expositores apontaram manifestações de xenofobia e preconceito como obstáculos à integração da população acolhida ao mercado de trabalho, mormente no momento difícil por que passa a economia do país, com o crescente aumento do desemprego em todas as áreas. Segundo levantamento de setores especializados, o Paraná recebeu nos últimos anos um contingente de aproximadamente 60 mil imigrantes, a maioria oriunda da Síria e do Haiti. Segundo Veneri, entre 15 e 20 mil vivem em Curitiba e municípios da Região Metropolitana em condições de desamparo.
Politicas duradouras – O coordenador da Pastoral do Migrante de Curitiba, padre Agler Cherisier, relatou que cerca de 60 refugiados recorrem à Arquidiocese diariamente em busca de alimentos, roupas, emprego e dinheiro para retornar ao local de origem porque não conseguiram se estabelecer aqui. Mesmo assim, ele observou que “não podemos nos restringir a políticas assistencialistas” para resolver um problema que vem crescendo exponencialmente no mundo todo e carece de soluções mais duradouras.
No caso específico dos refugiados sírios, o presidente do Conselho Administrativo da Igreja Ortodoxa São Jorge de Curitiba, Ghassan Youssef, notou que eles deixam o país de origem para permanecer vivos, fugindo de uma guerra cruel que já debelou seu patrimônio, esgotado posteriormente nas despesas para se locomover junto com a família em direção a outros territórios. Apelos em favor de maior rapidez na emissão de documentos, cursos de língua portuguesa, elaboração e distribuição de cartilhas com informações úteis, acompanhamento dos processos daqueles que são levados à prisão, a disponibilização de casas de passagem foram algumas das sugestões levantadas durante o encontro, marcado por discussões acaloradas e momentos de tumulto e confronto entre grupos antagônicos que participaram dos debates.
Compareceram ao evento, entre outras personalidades, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), a vice-prefeita de Curitiba, Mirian Gonçalves (PT), a diretora adjunta do Departamento de Recursos Humanos e Cidadania da Secretaria de Estado de Justiça, Fátima Yokohama, a promotora do Ministério Público do Trabalho e coordenadora do Fórum dos Imigrantes Cristiane Sbalqueiro Lopes, o secretário municipal de Direitos Humanos de Curitiba Igo Martini, a presidente da Associação dos Haitianos (ASHBRA) Laurette Bernadin, o diretor do Departamento de Migrações da Secretaria Nacional de Justiça João Guilherme Lima Granja Xavier da Silva, e o cônsul do Senegal Oziel Moura.