Ex-gerente financeiro da JMK confirma atrasos de pagamento às oficinas

03/09/2019 20h10 | por Diretoria de Comunicação
Ex-gerente financeiro da JMK foi ouvido pela CPI que apura irregularidades no contrato da empresa com o Governo do Estado.

Ex-gerente financeiro da JMK foi ouvido pela CPI que apura irregularidades no contrato da empresa com o Governo do Estado.Créditos: Orlando Kissner/Alep

Ex-gerente financeiro da JMK foi ouvido pela CPI que apura irregularidades no contrato da empresa com o Governo do Estado.

Os deputados que integram a CPI que apura possíveis irregularidades no contrato de manutenção da frota de veículos do Poder Executivo se reuniram na manhã desta terça-feira (03) para ouvir o ex-diretor financeiro da empresa JMK, responsável por gerir a frota. Thiago Mallard Scaldaferri, que esteve na função por, aproximadamente, um ano, relatou aos deputados que desde que assumiu a função percebeu a “desorganização” da empresa e que teve como missão “otimizar os trabalhos”. Scaldaferri relatou que a saúde financeira “gerava desconforto devido ao volume de fornecedores ligando e sem caixa para pagar”.

Segundo ele, a empresa não possuía capital de giro e dependia dos pagamentos do Governo para quitar as dívidas com os fornecedores e que, em razão de certo atraso por parte do Governo, não era possível quitar os débitos corretamente. “Existia atraso e afetava muito”, declarou.

O ex-gerente relatou também que não tinha acesso à conta bancária da Caixa Econômica Federal que era utilizada para receber os valores do Governo e que os pagamentos aos fornecedores eram realizados, por ele, através de uma conta do banco Bradesco após apresentar uma planilha dos débitos aos dirigentes da empresa. Esses débitos nem sempre eram quitados na totalidade, sendo que os pagamentos eram realizados com “recursos repassados pelo Aldo e Alessandro que tinham acesso à outra conta” e que, em alguns casos, ele próprio sacava um cheque da conta da Caixa para pagamentos em espécie e valores também que eram entregues aos diretores da empresa.

Nessa questão, o deputado Delegado Jacovós (PL), relator dos trabalhos da CPI, considerou uma situação anormal. “O gerente declarou ter conhecimento de coisas anormais que ocorriam na empresa. As pessoas, que eram os verdadeiros proprietários, mandavam ele fazer saques de valores que não era para pagamentos corriqueiros da JMK”.

Outro ouvido pela CPI nesta terça-feira foi o gestor do contrato na Secretaria Estadual da Educação (SEED), Elias Ferreira da Silva. De acordo com o depoimento dele, a frota da Secretaria era de, aproximadamente, 500 veículos, muitos utilizados pelos Núcleos Regionais de Educação. Quando as demandas não eram atendidas pela empresa e os chefes dos Núcleos não conseguiam resolver, as pendências eram encaminhadas à SEED que acionava o Departamento de Gestão do Transporte Oficial (DETO) para providências. “Na grande maioria conseguia resposta do Deto. Tínhamos diariamente um fluxo de reclamação por atraso na execução dos serviços”.

Outro ponto relatado por Elias foi uma “situação no Núcleo de Cianorte, que não tinha mais oficina no final do contrato e a JMK alegava que as oficinas na cidade não tinham interesse (no credenciamento)”. Segundo ele, no início do contrato havia prestadores do serviço na cidade, mas que em razão de atrasos no pagamento se descredenciaram.

Por fim, foi ouvido o fiscal do contrato na Polícia Militar do Paraná (PMPR), major Alessandro Galeski, que relatou diversos pontos do contrato entre Governo e JMK que não eram cumpridos pela empresa. “O que esperávamos era que a empresa gerenciasse a frota de forma preventiva, o que nunca aconteceu”, já que essa função acabava sendo executada por policiais. Citou como exemplo um caso de uma viatura que precisou fazer retífica no motor. Um mês após o conserto um novo problema no motor fez com que o veículo precisasse de nova manutenção. “O policial militar não é técnico para fazer esse acompanhamento. O policial deveria atuar na sua atividade fim”.

Outro ponto levantado pelo major foi em razão da retenção de veículos pelas oficinas em razão do não recebimento dos valores pela JMK. Fez o relato de um micro-ônibus da Academia do Guatupê que foi para conserto e após de pronto a oficina não liberou. “Vi o ônibus circulando próximo à oficina, estava em testes, pronto, e a oficina dizia que não estava pronto. Ficamos reféns das oficinas e o mesmo caso acontecia com ambulâncias e caminhões que estavam prontos e retidos esperando pagamento da JMK”.

O deputado Delegado Jacovós lembrou de caso semelhante quando era delegado de Polícia em Apucarana. “O dono da oficina disse que não ia liberar a viatura e eu tive que mandar prender o dono da oficina para liberar a viatura. Chegava a esse extremo, por sua vez, a JMK recebia sim do Estado e era suficientemente possível pagar as empresas”, concluiu.

Para o presidente da CPI, deputado Soldado Fruet (PROS), os depoimentos coletados até o momento demonstram a necessidade das apurações realizadas pelos deputados. “Essas diversas irregularidades comprovam que quem sofria era a sociedade paranaense que não estava sendo atendida. Não estamos falando em economia e sim da questão do atendimento à população. Essa CPI não foi aberta só para ver o que o Estado perdeu economicamente, mas o que a sociedade paranaense perdeu com a falta de atendimento por causa dessas irregularidades da empresa. A CPI cumpre seu papel, os deputados estão colaborando muito e a sociedade paranaense está entendendo porque não tinha viatura na rua”, disse.

Participaram ainda da reunião desta terça-feira os deputados Michele Caputo (PSDB), Delegado Recalcatti (PSD), Delegado Fernando Martins (PSL), Alexandre Amaro (Republicanos), Paulo Litro (PSDB), Emerson Bacil (PSL), Tião Medeiros (PTB) e a deputada Mabel Canto (PSC).

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