Liderança da Oposição - Deputado Valdir Rossoni (psdb)

20/05/2008 18h35 | por Sonia Maschke / Jaime Santorsula Martins / 41 3350-4193
A existência de gravíssimos problemas no Porto de Paranaguá foi confirmada na manhã desta terça-feira (20) aos deputados estaduais, durante uma reunião na Assembléia, pelo engenheiro naval Gert Prange que enfatizou a incompetência da administração da APPA para resolvê-los. A exposição do engenheiro, que é especialista em questões portuárias, acentuou a certeza dos deputados da Oposição que uma crise, de dimensões catastróficas, é iminente em Paranaguá. Ficou claro que falta uma ação mais enérgica do governo do Estado e da APPA para deixar o Porto em condições normais de operação, principalmente no que diz respeito à dragagem do Canal da Galheta. “Não vejo alternativa a não ser convocar o superintendente do Porto, Eduardo Requião, para ouvir dele, porque até agora nada foi feito”, afirmou o líder da Oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB). “A audiência serviu para deixar clara a gravidade da situação. O atual governo tem dificuldade em aceitar a realidade e age com má vontade, desleixo e incompetência”, destacou. O vice-líder da Oposição, deputado Élio Rusch (DEM), destacou a preocupação dos paranaenses com a situação do Porto. “Se continuar como está, a safra deste ano não poderá ser exportada. O porto não terá como atender a todos. Queremos que o Porto funcione e acima de tudo que a administração da APPA resolva o mais rápido possível essa situação”, enfatizou. O deputado Marcelo Rangel (PPS) se mostrou mais apreensivo em relação ao assunto. “A cada reunião fico mais nervoso e preocupado. Todos os técnicos afirmaram haver problemas e eles são extremamente graves”, apontou. “Temos o quadro de um desastre anunciado e a responsabilidade total é da administração do Porto de Paranaguá”, completou. DRAGAGEM O engenheiro e consultor naval Gert Prange, que foi um dos integrantes da comissão proposta pela APPA para realizar um estudo que viabilizasse a dragagem do Canal, lamentou o fato de que o estudo feito na época foi desconsiderado pela administração dos portos. Segundo Prange o edital de licitação para a dragagem lançado em dezembro passado contém várias irregularidades, entre elas a alteração da quantidade a ser dragada. O estudo apontava um total de 9 milhões de metros cúbicos a ser dragado, enquanto que o edital previa 16 milhões. “Quando apresentamos a proposta da comissão à APPA ela não foi contestada, mas os estudos foram modificados, o edital de licitação não segue o que a comissão havia determinado”, relatou Prange. O engenheiro disse ainda que considera inviável o engordamento da praia de Matinhos com a areia que seria retirada na dragagem. Segundo Prange, a areia é diferente e “não presta” para a execução da obra, além de encarecer ainda mais os serviços de dragagem. “A distância para o despejo do material é um dos fatores considerados para o preço final da dragagem. A distância até Matinhos deixaria o custo muito mais alto, pelo menos uns 60% a mais”, afirmou. Questionado sobre o preço proposto pela APPA, R$ 7,00 o metro cúbico (m³), o consultor afirmou que é muito abaixo do que é praticado pelo mercado, o que inviabiliza a contratação de qualquer empresa. A média de preço seria em torno de R$ 10 a R$12,00 o metro cúbico. Prange explicou a tentativa de se dragar o Porto no ano de 2006. Segundo ele, na época a Capitania dos Portos não concedeu licença por apontar erros no projeto. Entre as irregularidades estava a licença ambiental emitida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) que não teve o aval do Ibama, além de definir de maneira curva a entrada do Canal da Galheta e também a área de despejo do material dragado, que na visão da Capitania dos Portos estava prevista para um local inapropriado. SOLUÇÃO Após a audiência e diante da explanação do engenheiro, os deputados da Oposição saíram com um único pensamento sobre a dragagem. “É preciso cancelar a última licitação e refazer um novo processo dentro da realidade, mas falta empenho da administração do Porto”, disse Rossoni. Entre os pontos a serem mudados e apontados pelo engenheiro está a necessidade de se limitar a quantidade a ser dragada, eliminar o derrocamento de rochas no Porto de Antonina, estabelecer um preço dentro dos padrões de mercado e principalmente não determinar a capacidade da draga. “A exigência de uma draga de 10.000 m³ tornou inviável a participação de empresas nacionais na licitação. Uma draga de 2.000 m³ poderia fazer o trabalho. Seria mais demorado, mas com o mesmo resultado final. Estamos há meses discutindo a dragagem. Se uma draga menor tivesse sido contratada já teria executado o serviço”, comentou Rossoni. RISCO ACIDENTE Com a falta de dragagem o calado dos navios diminui e a largura do Canal também é afetada, isso gera o risco de que um acidente ocorra em Paranaguá. Segundo o engenheiro Prange, a Capitania dos Portos tem agido para minimizar esses riscos, mas uma falha humana não pode ser descartada. “A Marinha garante uma segurança de 10% com as batimetrias (estudo de profundidade) realizadas e a constante diminuição do calado, mas não tem como controlar a função humana. Com o Canal mais estreito e raso qualquer imperícia pode causar um acidente. De zero a dez o risco é de nove”, apontou. CALADO O calado (parte submersa do navio) atual do Canal da Galheta é de 11,3 metros tendo a necessidade de mais um metro de maré. “Somente em alguns momentos do dia é que essas exigências são alcançadas. Para atingir um metro de maré depende ainda da lua. A maré às vezes atinge somente 80 centímetros, o que inviabiliza a navegação”, relatou Rossoni. “Muitas vezes o ponto permitido para navegação ocorre à noite. Só que os navios não saem do Porto porque não podem navegar período. Com isso ficam dias esperando o momento de deixar Paranaguá”, completou. O deputado cita ainda que o custo desta permanência é cobrado do contratante e varia de 40 a 90 mil dólares por dia. ‘“Essa situação é gravíssima. As bóias de sinalização não funcionam e os navios não têm parâmetro para a navegação a noite. É como se o aeroporto Afonso Pena não tivesse iluminação. Não tem condições de o avião pousar ou decolar”. A estimativa do engenheiro Prange é que se o Canal permanecer sem dragagem, no início do próximo ano a Capitania dos Portos deverá limitar novamente o calado. “Não sou vidente, mas acredito que neste ano não haja uma nova redução, mas no ano que vem deve acontecer. Estimo que seja reduzido para 10,7 metros”, previu Prange. “Cada centímetro a menos no calado representa 70 toneladas que deixam de ser carregadas no navio. Nos últimos quatro anos a redução foi de 1,2 metros, o que representa cerca de 8,4 mil toneladas que não são embarcadas por navio”. COMPRA DRAGA A compra de uma draga nova seria inviável no momento, na visão do engenheiro Prange. Segundo ele não existem dragas novas no mercado. “Não é um produto de prateleira, um carro que se compra com facilidade. Uma draga tem que ser projetada para depois ser produzida. Não existem dragas novas para comprar”, afirmou.Diante desse quadro a solução, segundo Prange, seria a compra de uma draga usada, mas que nem sempre estão disponíveis no mercado. Prange ressaltou ainda que a solução imediata para o problema é a realização da contratação dos serviços de uma empresa para realizar a dragagem. A compra de uma draga serviria para no futuro fazer a manutenção constante do Canal. RIO DE LA PLATA A audiência serviu também para acabar com o mito de que o navio Rio de La Plata, que atracou recentemente em Paranaguá, seja motivo para destacar a boa operacionalidade do Porto.“Foi confirmado que o navio não é o maior do mundo e não operou com sua capacidade máxima em Paranaguá. Se estivesse carregado com os 6 mil contêineres precisaria de calado de 13,5 metros, o que Paranaguá não pode oferecer”, disse Rossoni.“Para que o navio volte e opere de maneira completa, há a necessidade de dragar o Canal e também o berço de atracação”, completou. GERT PRANGE Nasceu na Indonésia em 1940. Em 1948 veio para o Brasil. Se formou em engenharia naval na Escola Politécnica da USP. Há 41 anos mora em Paranaguá onde trabalhou por 10 anos para uma empresa carioca de dragagem. Há 31 anos se tornou consultou na área, orientando sobre navegação, uso de navios, problemas nos navios e também sobre técnicas de dragagem.

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