Liderança do Governo - Deputado Luiz Cláudio Romanelli (pmdb)

12/01/2009 13h40 | por Zé Beto Maciel / 41 3350-4191
“Por outro lado, o governo detém hoje sob sua influência uma base de cerca de 300 prefeitos. E a caneta cheia para concluir obras e projetos que credenciam o grupo político de Requião a ter voz na sucessão” – trecho da entrevista do deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB) ao repórter Ivan Santos, publicada neste domingo, 11 de janeiro, no Jornal do Estado. Governo prevê 2009 difícil na AssembleiaCrise e definição do quadro de alianças para 2010 deve complicar a vida de Requião no LegislativoIvan SantosA crise econômica e o início da definição do quadro de candidaturas e alianças para a disputa pela sucessão estadual deve tornar mais difícil a vida do governo Requião na Assembleia Legislativa, prevê o líder da bancada governista, deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). Depois de um 2008 em que – apesar da eleição municipal e dos debates políticos – o Executivo conseguiu aprovar praticamente todos os projetos de seu interesse, para o ano que vem Romanelli considera que as coisas não serão tão fáceis. A tendência, segundo ele, é que se reduza a margem que o governo tem para aprovação de projetos mais polêmicos, já que muitos parlamentares que até então votavam com a situação podem se afastar da base aliada, na expectativa de apoiar algum dos candidatos à sucessão do governador Roberto Requião (PMDB). Como Requião não pode concorrer a um novo mandato, e ainda não tem um nome forte em seu grupo para sucedê-lo, o governo corre o risco de ver sua base se diluir entre os pré-candidatos de oposição mais cotados, como o senador Osmar Dias (PDT) e o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Por outro lado, lembra Romanelli, o governo detém hoje sob sua influência uma base de cerca de 300 prefeitos. E a caneta cheia para concluir obras e projetos que credenciam o grupo político de Requião a ter voz na sucessão. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Estado, o líder do governo avalia os acontecimentos políticos de 2008, e faz previsões sobre como a crise econômica se refletirá no quadro político estadual nos próximos meses. Jornal do Estado — De uma forma geral, qual o balanço que o senhor faz de 2008 para a liderança do governo Requião na Assembléia Legislativa?Luiz Cláudio Romanelli — Foi melhor do que 2007. Em 2008 me aproximei mais dos meus liderados e pude exercer a liderança do governo com maior tranquilidade. Tive mais apoio dentro da bancada e ao mesmo tempo consegui estabelecer um relacionamento mais objetivo com a oposição. Deixei de ser tão intransigente. Reconheço que fui muito radical em 2007, e em 2008 busquei mais o diálogo. Isso fez com que o debate político continuasse existindo intensamente, mas aquilo naquilo que era fundamental, que era aprovar as matérias de interesse do governo ou de parlamentares que o governo tinha uma visão favorável, nós conseguimos ter um resultado muito positivo.JE –—E o desempenho do governo?Romanelli — Eu penso que o governo avançou muito. As políticas públicas continuaram sendo implementadas, algumas áreas avançaram mais do que outras – educação e saúde. Tanto o Maurício (Requião) como depois a Ivelise (Arco-Verde, atual secretária de Educação) foram bem. Também andou bem o Gilberto (Martins), que entrou após a saída do Cláudio (Xavier, ex-secretário da Saúde). Tem outras que estão ruins, precisando de fato serem rediscutidas. A área de habitação mesmo é uma que o governo tem que dar um novo norte. JE — Mas pelo que o senhor ouve por aí acha que a população tem essa mesma percepção do desempenho do governo?Romanelli — Penso que tem dois “paranás”. O das pequenas e médias cidades, onde as pessoas estão mais próximas dos acontecimentos. Elas vêem acontecendo as obras que o governo está implantando. Têm a percepção da escola nova, da pavimentação, da readequação de estrada rural, dos investimentos na saúde. Nas grandes cidades, como há um ruído do governo com a mídia privada, acaba tendo uma dificuldade de ter uma percepção do que ele faz. Vou dar um exemplo. Curitiba tem um hospital de reabilitação, uma obra fantástica feita pelo governo do Estado. O povo pensa que é do prefeito Beto Richa. Porque não tem mídia, não tem comunicação. A TV Educativa por si só não basta para se comunicar com a população. Em Curitiba a relação é muito direta. As pessoas só tomam conhecimento das coisas através da mídia. JE — Mas isso não é o retrato do que aconteceu tanto nas eleições de 2006, quanto na 2008?Romanelli — Acho que 2006, quase que houve um golpe contra o governo Requião. Porque de um governo muito bem avaliado, na última hora, às vésperas das eleições, teve uma articulação da elite paranaense, em que setores conservadores, que quase derrotaram o Requião em 2006. Em 2008, eu faço uma leitura diferente. Entendo que não só o PMDB, mas o governo se saiu muito bem. O governo hoje tem cerca de quase 300 prefeitos na sua área de influência. A dificuldade é Curitiba. Tem que ser tratada de forma diferenciada sob todos os aspectos, principalmente na área da comunicação. E outras como segurança, que há ainda um desafio grande a ser enfrentado. A população tem que ter uma maior percepção sobre a segurança, o combate à violência. “Pessuti precisa saber se terá Requião” - Para o líder da bancada governista, Luiz Cláudio Romanelli, se Requião apoiar Pessuti, ele vai ter um grande cabo eleitoralJE - Dentro desse cenário de dificuldade do governo em secomunicar com a população em Curitiba, como o senhor avalia o desempenho doPMDB na eleição na Capital?Romanelli - Foi o previsto. Todos nós achávamos que o (Carlos)Moreira não ia passar dos 15 mil, 20 mil votos. E foi o que aconteceu. Nem a militância do PMDB votou nele. Ao mesmo tempo, era necessário, no momento em que foi feito a reconfiguração por parte da situação de ter uma candidatura única, do prefeito Beto Richa, a oposição também teria que ter reconfigurado uma única candidatura para fazer o debate político. E a divisão da oposição acabou fragilizando e ninguém foi a lugar nenhum mesmo. Foi um fiasco absoluto.JE - E isso traz lições para 2010?Romanelli - Com certeza. Primeiro que ainda tem um período longo, até por conta dessa crise econômica que se avizinha. Se nós olharmos2010, vamos ver que já temos um quadro pré-definido que dá para ir se trabalhando. De um lado tem a candidatura de novo do Osmar Dias, do prefeito de Curitiba, Beto Richa, do senador Alvaro Dias, do vice-governador Orlando Pessuti. No mínimo esses são pré-candidatos fortes. Lá na frente claro, é um processo. Poderemos ter aliança, discutir com outros partidos. O que nós não podemos perder é a perspectiva de reconhecer são os avanços do governador, principalmente no combate às desigualdades sociais. Isso faz parte de um processo de discussão com qualquer outra força política. JE - E como a crise econômica deve se refletir no quadro político?Romanelli - Penso que os governos, seja no plano federal,estadual ou municipal, se tiver realmente desemprego, perda de arrecadação,terão dificuldades. Mas de uma forma em que todos os que exercem poder aqui vão acabar sendo afetados. O presidente Lula vai ser afetado, o governador Requião também. E o prefeito Beto Richa também. Todos os que têm responsabilidade de governar vão acabar pagando um preço alto se a crise de fato se agravar. Aí nós vamos ter um quadro diferente para 2010. Dificilmente alguém que estiver com uma avaliação baixa vai estar disputando eleições. Estaria fora o Beto (Richa).O Osmar vai avaliar. O Alvaro, que está bem posicionado. Ao mesmo tempo o PMDB,já fez uma pré-indicação do Pessuti. É um candidato natural, nunca disputou uma eleição majoritária. A tendência dele é sair com índices mais baixos em pesquisas, mas todos os que conhecem o Pessuti sabem que ele tem um grande potencial em uma disputa eleitoral. Ele é um famoso “animal político”, é um agregador de pessoas. JE - Não dá então para comparar a situação do Pessuti com a do Moreira?Romanelli - De jeito nenhum. Eu acho que o Pessuti tem que saber se vai contar com o apoio do Requião. Se o Requião apoiar o Pessuti, elevai ter um grande cabo eleitoral. Ele tem densidade, história. Não está em uma prateleira que você tirou ele para usar. Ele tem quarenta anos de militância no PMDB/MDB.JE - De qualquer forma esse apoio é decisivo. Romanelli - É decisivo. Por outro lado o PMDB não pode estar fechado para discutir com outras forças alianças políticas. Tem que conversar. Até porque já está sepultado o lernismo. Acabou aquele modelo de privatização. As pessoas que estão aí são de um outro tipo. Todos passaram pelo PMDB, MDB, todas têm essa origem, as que têm possibilidades de ser governador. JE – Mas o que precisa ser feito para não correr o risco de novo fiasco?Romanelli - Primeiro é se unir. Tem que estar bem articulado. O Diretório estadual tem que definir uma agenda de reuniões micro-regionaisentre lideranças e o nosso candidato. Criar um fórum de desenvolvimento regional para discutir os desafios dos próximos dez anos. Margem menor para votações na AL - Romanelli: "Justamente por ser um ano de definições, em que praticamente vai se estar fazendo a articulação com o mundo real da política"Jornal do Estado - Como o senhor imagina que será 2009 paraa liderança do governo na Assembléia? Luiz Cláudio Romanelli - Eu acho que vai ser pior do que2008, contrariando o senso de todos. Justamente por ser um ano de definições, em que praticamente vai se estar fazendo a articulação com o mundo real da política. Vamos ter um ano muito tumultuado. Quem tiver forte politicamente vai ter um certo comportamento, o outro que estiver fraco, começa a bater um certo desespero. JE - A margem que o governo tem para a aprovação dos projetos será menor?Romanelli - Menor. Esse ano já foi de alguns pequenos problemas. Em algumas votações, quando há um grande esforço, como na votação da reforma tributária, fomos construindo um consenso. Mas as vezes algumas as pessoas votam contra só para o governo ver que votou contra. Acho que a base do governo real é em torno de 28 a 30 deputados. JE - E os planos do governo para 2009?Romanelli – O governo agora está em uma fase muito boa, senão houver uma grande queda de receita, vamos ter tanta obra que vai faltar construtora para fazer. Não está em época de começar programa novo, tem que fazer bem feito o que está sendo implantado. JE – Haverá uma reforma administrativa? Mudanças no secretariado?Romanelli - Isso é uma decisão do governador Requião. Eu pessoalmente acho que é necessário fazer algumas adequações, inclusive no segundo e terceiro escalão. Nosso governo está muito despolitizado. Não da Casa Civil. De se amarrar mesmo o governo. Tá faltando um fio condutor para reuniras ações de secretarias diversas. O governador, se fizer alguma mudança, será de forma pontual. Não vai fazer nenhuma alteração significativa. JE - Mas o governo está conseguindo capitalizar politicamente esse momento favorável?Romanelli - Não. Não está conseguindo. Esse é o problema. Ogoverno não capitaliza politicamente. Dou como exemplo o programa trator solidário. São 3,5 mil tratores. Como o governo entrega esse trator? Ninguém nem fica sabendo. Estamos agindo muito errado nisso. O problema nosso é que temos um modelo de gestão, que se de um lado somos modernos, em outros,tínhamos que trabalhar descentralizando, desconcentrando. Tinha que ter uma estrutura descentralizada que o governo pudesse estar mais próximo das pessoas. Está faltando uma maior interface como o governo Central e o interior. “O Serra abriu uma porta”Jornal do Estado - No plano nacional, o PMDB está mais próximo de apoiar um candidato da base aliada do governo Lula para a presidência, ou o candidato de oposição, José Serra?Luiz Cláudio Romanelli - O PMDB é uma federação, cada estado tem autonomia. Somos muito diferentes os PMDBs nos estados. E isso cria uma grande dificuldade do partido se articular para ter influência no processo. Gente que eu achava impensável, hoje está no governo Lula, como o Geddel Vieira Lima (Ministro da Integração Regional). Outras figuras que na minha avaliação gente não tem nada a ver nem com o PMDB, nem com o PT (estão no governo).JE - Dilma ou Serra?Romanelli - A tendência do PMDB é não ter apoio formal a nenhuma candidatura, liberando cada estado para fazer a aliança que achar conveniente. JE - E o PMDB do Paraná?Romanelli - O Requião mantém uma relação pessoal com a Dilma muito forte. Por outro lado, penso que o PMDB do Paraná, uma parcela significativa, tem muita relação com os tucanos, tem simpatia com a candidatura do Serra. Aquela vinda do Serra no seminário internacional sobre a crise criou um fato novo na política paranaense. O Serra, diferente do Alckmin, deu um chega pra lá nos esquemas locais que tentavam impedir qualquer aproximação como Requião, o PMDB. Ele meio que passou por cima disso tudo. Ele abriu uma porta importante. JE – E a relação com o PT local, se desgastou?Romanelli - Continuo sendo um grande admirador do presidente Lula. Mas tenho que reconhecer que a relação com o PT está cada vez mais difícil. As lideranças aqui estão meio perdidas, não sabem direito o que vão fazer. Eles são comandados pelo Paulo Bernardo (Ministro do Planejamento). Acho que ele tem tido uma postura muito ruim. Em relação ao Paraná ele não tem ajudado o Estado. Acho que tanto o ministro Paulo Bernardo, tanto a esposa dele, Gleisi (Hoffmann) estão com muita má vontade com o governo Requião. Por outro lado a grande maioria do PT é de amigos. A bancada, na verdade, se rebelou e votou contra a orientação do diretório na votação da reforma tributária. Eu sinto saudade de quando o (deputado federal) André Vargas era o presidente do PT do Paraná. Partido sem comando, não vai a lugar nenhum. E o PT está sem comando no Paraná. E isso pode dificultar as conversas para 2010.

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