Fidelidade partidária, reeleição, extensão de mandatos e unificação das eleições, gestão das administrações públicas e “partidos de aluguel” centralizaram as discussões no programa Assembléia em Debate O projeto da reforma política, que há anos se arrasta no Congresso Nacional, centralizou as discussões do Assembléia em Debate, programa levado ao ar na última semana pela TV Assembléia, como ficou conhecida a TV Sinal (Som, Imagem e Notícias da Assembléia Legislativa). Durante uma hora o deputado Waldyr Pugliesi, presidente estadual e líder do PMDB, debateu questões como fidelidade partidária, reeleição de ocupantes de cargos executivos, extensão de mandatos e unificação das eleições, gestão das administrações públicas, uso dos chamados “partidos de aluguel”, entre outros. A questão da reeleição de prefeitos, governadores e presidente da República abriu os debates do programa. No Paraná, 184 prefeitos se reelegeram no primeiro e segundo turno das eleições nos dias 5 e 26 de outubro, respectivamente. Pugliesi informou que sempre se colocou contrário a normativa que permite o ocupante de cargo executivo concorrer para um novo mandato. Pugliesi, que já foi prefeito em três oportunidades de Arapongas no Norte do Paraná, informou que é necessário rever a reeleição no Brasil. “Nas últimas eleições ficou provado que precisamos mudar isto. Mesmo quando exercia o mandato de prefeito, sempre me coloquei contra a reeleição”, disse. Para o líder do PMDB, o ideal é a unificação das eleições (hoje ocorrem a cada dois anos) e para mandatos futuros, a extensão de cinco anos. A principal justificativa para a extensão dos mandatos, segundo Pugliesi, é que os eleitos “herdam” o orçamento projetado pela administração anterior, o que acaba de certa forma engessando o primeiro ano do novo mandato. “O que ocorre sempre é a necessidade de redirecionar os recursos para devidos fins que não eram prioridade do antigo gestor”. Pugliesi recordou do período em que foi secretário estadual dos Transportes. “Tínhamos necessidade de recuperar com urgência a malha rodoviária do Estado que estava destruída, mas não havia recursos destinados para este fim”, revelou. GESTÃO PÚBLICA – O programa apresentou um VT (vídeo tape) com o cientista político Ricardo Oliveira informando que os ocupantes de cargos de confiança são a “máquina do governo atuando na reeleição”. O líder do PMDB se colocou contrário ao instituto da reeleição nos cargos executivos, uma vez que o dirigente leva vantagem sobre os demais concorrentes. “É preciso que se faça com urgência uma reforma desta questão”, disse. Em relação aos comissionados, Pugliesi disse que a administração tem funcionários permanentes, mas que são os ocupantes de cargos de confiança que implantam de fato a política determinada pelos eleitores nas urnas. O líder do PMDB também falou sobre a elaboração de leis, que muitas são feitas apenas para atender os interesses de determinados grupos. “Precisamos avançar, mudar as coisas. Do jeito que está não pode ficar”, disse. O deputado acredita que a reforma política precisa sair do papel ainda na primeira metade do próximo ano e acabar com o que chamou de “arranjos eleitorais”. “Muitos partidos são criados para negociar na eleição e esta prática desfigura os partidos. Ganhar a eleição por ganhar não leva a nada”. Em relação aos “fichas sujas”, como passaram a ser denominados os políticos que respondem ações na Justiça, Pugliesi disse que não se pode condenar uma pessoa antes de sair a sentença judicial. “Todo mundo tem direito de se defender antes de ser exposto à opinião pública”, encerrou. O Assembléia em Debate da semana foi intermediado pelo apresentador Paulo Galvez e contou com a participação dos deputados estaduais Rosane Ferreira (PV) e Osmar Bertoldi (DEM).Foto: Gabinete do deputado Waldyr Pugliesi