Representante da região Oeste na Assembléia Legislativa com livre acesso ao gabinete do governador Roberto Requião, o deputado e primeiro-secretário da Assembléia Legislativa, Nereu Moura, não tem a menor dúvida: Requião será candidato à reeleição nas eleições do ano que vem e vencerá a disputa. Com a experiência acumulada ao longo de três mandatos consecutivos na AL – o atual é o quarto mandato, Nereu acredita também que Requião será reeleito com o apoio do PT e de outras siglas, que poderiam ser o PPS e o PL. “Buscaremos uma grande coligação”, diz o parlamentar. Primeiro vice-presidente estadual do PMDB, ele diz também que a força do partido, que está organizado nos 399 municípios paranaenses, vai ajudar na reeleição do governador. Nereu falou sobre esses e outros assuntos em entrevista à reportagem de O Paraná. Acompanhe.O Paraná - O senador Osmar Dias, em entrevista ao jornal O Paraná, concedida no final de março, em Cascavel, colocou dúvidas sobre a possibilidade de o governador Requião ser candidato à reeleição. Ele falou: “Dizem que o Requião gosta muito do Senado”. Existe a possibilidade de o governador não se recandidatar?Nereu Moura - O governador Requião é candidato à reeleição. Temos convicção de que vencerá, pois está realizando uma boa administração, voltada, principalmente, à melhoria da qualidade de vida dos paranaenses. Além disso, ao assumir o governo, Requião encontrou enormes dificuldades, em função da infra-estrutura estadual que estava comprometida. Mas, em dois anos, foi possível colocar o Estado nos eixos. Daqui adiante será o período de grande prosperidade, em que serão colhidas as sementes que foram plantadas.O Paraná - Qual é hoje o relacionamento do PMDB com o senador Osmar Dias, uma vez que em 2002 o partido sugeriu ao eleitorado o nome dele como segunda opção de voto?Nereu Moura - O senador Osmar Dias foi gerado e criado no PMDB e tem grande afinidade com a legenda. Porém, numa disputa entre o governador Roberto Requião e o senador Osmar Dias, é natural que lutaremos para a reeleição do governador Requião, uma vez que o atual senador não é mais membro do nosso partido. Quando Osmar Dias pertenceu ao PMDB, demonstramos a nossa fidelidade, respeito e empenho.O Paraná – Osmar Dias é o principal adversário do PMDB como apregoam oposicionistas do PFL e do PSDB?Nereu Moura - O senador Osmar Dias é um candidato forte. Iremos tratá-lo com respeito como todo adversário precisa. Porém, mostraremos as realizações do PMDB e faremos o partido falar alto. A força do PMDB, que está organizado nos 399 municípios, vai ajudar na reeleição do governador. Além disso, vale ressaltar que o nome Requião é muito forte, independente do governo e do partido.O Paraná – O PMDB e o PT devem andar juntos em 2006?Nereu Moura - O PT é um partido grande, assim como o PMDB. São duas siglas fortes que possuem projetos próprios, como a chegada ao poder, o que é um direito legítimo de todos os partidos. Existe uma identidade muito grande do PMDB com o PT e vice-versa. Hoje, há um esforço enorme do presidente Lula de atrair o PMDB ao seu projeto de reeleição. Aqui no Paraná, o PT vai estar junto com o PMDB dando suporte ao governador Requião, assim como o PMDB estará com o presidente Lula. Buscaremos alianças também com o PPS, o PL e outros partidos para formar uma grande coligação com vistas às eleições de 2006. O PMDB está preparado. Temos condições de conseguir resultados altamente positivos. O Paraná – O governador Requião deve continuar criticando a política econômica do presidente Lula?Nereu Moura - O governador está certo em fazer tais comentários. Afinal de contas, Lula se elegeu como contraponto à política do Fernando Henrique Cardoso. E hoje percebemos que a política econômica do seu governo é igual a anterior. Requião faz estes apontamentos com objetivo de colaborar com o presidente Lula e para que haja afinidade entre o discurso no período da campanha com a prática no governo. Requião é um brasileiro que torce para que o governo dê certo.O Paraná – A propósito, como o deputado avalia o governo do PT?Nereu Moura - Avalio positivamente. Hoje, o risco Brasil é um dos menores da história, o dólar reduziu drasticamente, os indicadores da economia brasileira são os mais positivos e o país não precisa mais do FMI. No geral, o Lula está fazendo um grande governo, faltando apenas algumas mudanças como, por exemplo, uma política econômica voltada à inclusão social e à geração de mais empregos. A partir daí, o governo Lula estará sendo avaliado como ótimo, com todas as condições de ser reeleito em 2006.O Paraná – De zero a 10, que nota o deputado dá para o governador?Nereu Moura - Nota oito. É um governo diferente, pois tem personalidade e luta pelos seus objetivos. Em síntese, saneou o Paraná, uma vez que resolveu os graves problemas administrativos e estruturais. O governo Requião nos dá orgulho de fazermos parte deste projeto em função das realizações, acertos, racionalização administrativa e competência na gestão do dinheiro público.O Paraná – O governo terá problemas com a tramitação e aprovação de mensagens na Assembléia na medida em que vão se aproximando as eleições?Nereu Moura - No início eu me preocupava com a maneira que o governador Requião estabeleceu sua relação com o Legislativo, até porque no Paraná havia um vício de barganha política, do toma-lá-dá-cá. O governador Requião baniu isto, e hoje a relação entre os poderes Legislativo e Executivo é pautada na autonomia, na harmonia e no respeito mútuo. O governador Requião não se preocupa com o número de deputados que são aliados ou adversários, mas espera que cada um cumpra com o seu dever, defendendo os interesses dos cidadãos paranaenses.O Paraná – Existe o receio de que a oposição se fortaleça a ponto de paralisar o governo?Nereu Moura - Sabemos que a oposição tende a se fortalecer, até porque hoje é minguada. Não temos medo disso. Pelo contrário, achamos que é necessário para fazer o contraponto das atitudes do governo e para colaborar no papel de encaminhar as soluções para o Paraná. Uma oposição consciente, racional, ponderada e equilibrada ajuda a resolver os problemas, pois faz um contraditório, fato importante na gestão pública.O Paraná – A respeito dos “nós” do pedágio, da Copel e da Sanepar, qual é a dificuldade que o governador tem para cumprir integralmente seus compromissos de campanha?Nereu Moura - O pedágio não nos preocupa de forma incisiva, pois a população tem acompanhado a nossa luta para derrotá-lo. Nas principais estradas do Paraná, o valor das tarifas já foi reduzido. Onde ainda não foi possível, é sinal que o “nó” foi muito bem amarrado pelo governo anterior e que não está sendo desatado não por falta de esforço, mas, sim, por dificuldades jurídicas colocadas como obstáculos quase intransponíveis. Com relação à Copel e Sanepar, o governador Requião já resolveu estes problemas, prova disso, é que a Sanepar foi estadualizada e a Copel recuperada. Hoje, são empresas lucrativas que desenvolvem importante papel na inclusão social.O Paraná – Que responsabilidades o senhor tem como 1º secretário da Assembléia?Nereu Moura - Ser primeiro secretário da Assembléia Legislativa é uma função de grande responsabilidade. É uma honra ocupar este cargo. Na nossa primeira gestão (2003/2004), tomamos atitudes firmes e corajosas como, por exemplo, o leilão de todos os carros da Casa, a democratização das decisões da Assembléia, a instalação do processo de informatização, a criação do plano de carreira, cargos e vencimentos dos servidores. Com a nossa reeleição, asseguramos a continuidade deste rol de ações voltadas para a melhoria da imagem e o resgate da credibilidade do Poder Legislativo. Nesta linha da transparência e democratização das informações, está pronto o processo de licitação para a implantação da TV Assembléia, fato que permitirá que a sociedade acompanhe o trabalho executado pelas comissões permanentes da Casa, pelas Comissões Parlamentares de Inquéritos, bem como a atuação dos deputados em plenário.O Paraná – Depois de oito anos fazendo oposição e agora sendo governista, qual dos papéis considera mais fácil?Nereu Moura São dois papéis absolutamente distintos. Fui oposição ao governo Jaime Lerner, pois desejava que o Paraná fosse administrado com honradez e seriedade, porém faltaram estes ingredientes. Cumpri o meu dever, denunciando o que estava errado, criticando, enfim, me impondo às políticas públicas desenvolvidas naquela gestão. Hoje, mesmo sendo peemedebista, faço críticas ao governo Requião nos assuntos que, no meu ponto de vista, deveriam ser tratados de forma diferente. Felizmente, este governo tem mais acertos do que erros, e é por isso que eu me sinto muito confortável para prestar sustentação política ao governador Roberto Requião.