O encontro de diretórios estaduais do PMDB, na sexta-feira (23) em Curitiba, marcou o início de um projeto de unificação e de reconstrução nacional do partido. A avaliação é do governador do Paraná, Roberto Requião, do ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia e dos senadores Pedro Simon (Rio Grande do Sul) e Jarbas Vasconcelos (Pernambuco). “Esta reunião mostrou que o PMDB está vivo. Ele tem uma proposta de elaboração (para o Brasil) e daqui para a frente, precisamos construir a unidade partidária”, destacou o presidente do diretório estadual, deputado Waldyr Pugliesi. “Não estamos pretendendo romper nem com a direção nacional do PMDB nem com o Governo Lula, mas temos posições muito claras e uma proposta extremamente positiva. Queremos caminhar para a frente, é o que estamos fazendo”, completou Pugliesi. Organizado pelos diretórios regionais de São Paulo, Paraná e Pernambuco, o encontro definiu como propostas o lançamento de candidatura própria a presidente em 2010, com base na experiência acumulada nas quatro décadas de atividade partidária. “Infelizmente a gente não pode, numa reunião desta, explicitar tudo que pretenderíamos. Quem é que tem a história que temos? Quem é que tem o conhecimento que acumulamos durante todos estes anos? Nenhum partido”. Pugliesi afirma que o PMDB não pode sonegar todo o conhecimento construído na nação brasileira (o partido foi fundado em meados da década de 1960, com a denominação MDB, e foi o principal condutor no processo de redemocratização do país, culminando em 1985). “A idéia que temos de nação é muito clara, queremos uma nação onde o mercado esteja presente, mas que este mercado se submeta aos interesses da nação e não que subjugue a nação”, informou. O presidente acredita que o partido está no caminho certo. “De ter uma proposta de elaboração de trabalho que vai ser comandada pelos diretórios do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Pernambuco. Queremos produzir esta proposta que será oferecida a nação brasileira”, concluiu. UNIFICAÇÃO – Na avaliação do governador Roberto Requião, encontros como o de Curitiba são fundamentais para unificar o PMDB. “É uma busca no passado. Partido de proposição, que não se esconde, que tem opinião clara. Nós avaliamos o Governo Lula sob um aspecto positivo, mas temos críticas importantes a fazer. Ao invés de fazer críticas vazias, vamos apoiar tudo o que é positivo, e não é pouca coisa, mas quando tivermos uma objeção a fazer, não faremos pela objeção, mas estaremos dizendo o que nós faríamos se fossemos governo”, declarou. Requião lançou, durante o encontro, a proposta de formar um grupo de estudos reunindo o PMDB dos quatro estados participante, “para formular políticas alternativas as políticas com as quais não concordamos e com aquilo que concordarmos estaremos dando o apoio de forma aberta e clara”. O governador informou que sua relação com o presidente Lula não é pautada pela submissão. “As vezes aqueles que criticam são melhores amigos que aqueles que concordam com tudo. Acho que a fidelidade absoluta que temos é com o país. Em primeiro lugar com a nossa consciência, em segundo lugar com o país e em terceiro com o partido”. “A crítica quando bem feita, quando construtiva, quando propositiva, quando coloca alternativa, é útil ao governante. Eu gosto de críticas assim, não gosto de coisas vazias e tolas”, completou. Durante o encontro o ex-governador Orestes Quércia lançou Requião como possível candidato do PMDB em 2010. “Acredito que o PMDB deverá ter um candidato, agora temos que começar a fazer o partido se mexer, colocar propostas, mostrar sua cara ao Brasil e não pode ser de uma forma tola como acontece, de oposição simplesmente ao presidente Lula, isso é tolice. Temos que ser a favor do Brasil, de políticas nacionais, mas devemos colocar com clareza as nossas alternativas” , completou. GRUPO DE ESTUDOS – O ex-governador de São Paulo também defendeu a proposta de formação de um grupo de estudos formado por representantes dos quatro estados que participaram do encontro. “É também uma forma de ajudar este país a crescer, se desenvolver, mas vamos fazer um empenho grande para ter candidato próprio a presidência da República, a governadores de estado. É a forma de fortalecer o PMDB”, disse Quércia. Segundo ele, hoje o partido apóia o governo Lula, mas não está vinculado a base aliada com muitas vezes se fala. “Nós temos vida própria, vamos ter candidato próprio e vamos, conforme a proposta do Requião, começar um plano de governo dentro do PMDB com nossos companheiros do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Pernambuco”, encerrou. O senador Pedro Simon informou que a candidatura própria há muito tempo vem sendo defendida pelas lideranças do PMDB. “Já na candidatura do Fernando Henrique Cardoso (PSDB) lá atrás, duas vezes o FHC, duas vezes o Lula, são quatro eleições que o PMDB fica de fora, daqui a pouco ninguém mais lembra dele”, reforçou. O partido, na avaliação dele, é o único capaz de apresentar uma terceira via nas eleições de 2010. “O cidadão não tem em quem votar. Se tivesse uma candidatura de opção, provavelmente ganharia”. O senador Jarbas Vasconcelos (PE) seguiu a mesma linha ao defender uma candidatura própria para o PMDB em 2010 e uma postura crítica e propositiva em relação ao Governo Lula. “São estes projetos que temos que colocar em prática”, disse.Foto: Diretório Estadual do PMDB