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Programa "Política e Viola" deste sábado (30) emociona e faz Tadeu Veneri chorar

Apresentado pela dupla sertaneja Willian e Renan, programa da TV Assembleia vai ao ar às 21h30 e tem reprise no domingo (31), ao meio-dia.


Dono de uma postura sóbria e contida, o deputado Tadeu Veneri (PT) levou essa característica para sua participação no programa Política & Viola da TV Assembleia, apresentado pela dupla sertaneja Willian & Renan, que vai ao ar neste sábado (30), às 21h30. Com o tom meio professoral que costuma usar na tribuna, contou que nasceu em uma família muito pobre de União da Vitória, elaborou análises sobre o desenvolvimento econômico do estado, a Guerra do Contestado e até o regime de cheias do Rio Iguaçu. O discurso sério não se afina com o clima descontraído do programa, que só foi alcançado quando ele foi convidado a falar de eventos mais pessoais. Lembrou-se então de um amigo que gostava muito da música “Tocando em Frente”, de Renato Teixeira e Almir Sater. O amigo morreu em um acidente de carro e em seu enterro todos cantaram a melodia.

Pediu que ela fosse cantada e, atendido, não se aguentou. Cantou junto e chorou. E a partir daí se soltou. O deputado, que havia começado o programa acompanhando timidamente as músicas com o pé, pôs-se a cantar e a falar com desembaraço e irreverência de si mesmo.

Disse que vem de uma família pobre de ferroviários, daí talvez a opção (ou a sina) de torcer pelo Paraná Clube. Veio para Curitiba em 1972 para fazer a faculdade de Psicologia. Entrou para o Banco do Brasil e se casou, mas antes de concluir o curso, uma tragédia. A mulher morreu e ele ficou com os filhos pequenos. Perdeu o eixo, mudou-se para o Acre. Quando melhorou, voltou.

A condição de presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania da Assembleia o leva a fazer visitas frequentes a presídios e reformatórios, dando-lhe uma visão bastante ampla da tragédia humana. Já foi assaltado e teve uma filha sequestrada. Nada disso, porém, diminui sua compaixão pelos presos, nem a fé no ser humano.

Cada vez mais à vontade, demonstrou que tem senso de humor e é capaz de achar graça de si mesmo. Relatou que, dada a sua baixa estatura, as pessoas se surpreendem muito ao conhecê-lo pessoalmente. A expressão que mais escuta dos novos conhecidos é - “Nossa! Como você é baixo!”

Veneri é da geração que curtiu Tom Jobim e Chico Buarque, e cultua especialmente os músicos com viés de esquerda que tiveram importância no processo de redemocratização. Lembra “O bêbado e o equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, e recorda que a música, por causa da censura, tinha recados cifrados.

“Caía a tarde feito um viaduto/ E um bêbado trajando luto/ Me lembrou Carlitos.../ A lua/ Tal qual a dona do bordel/ Pedia a cada estrela fria/ Um brilho de aluguel”. A “estrela fria”, segundo Veneri, era a que ornamentava os ombros dos generais. “Choram Marias e Clarices”, uma referência a Clarice Herzog, mulher de Vladimir Herzog, morto na tortura, e a Maria, mulher de Vladimir Palmeira, exilado político.

A música “Jorge Maravilha”, de Chico Buarque (“Mais vale uma filha na mão/ Do que dois pais voando/ Você não gosta de mim, mas sua filha gosta/ Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”), tem outra história curiosa. O compositor teve de prestar um depoimento ao DOPS (a polícia política) e o sargento, além do depoimento, pediu um autógrafo. Para o compositor perplexo ele explicou que não gostava dele, mas a filha era sua fã.

Veneri pediu que o músico convidado tocasse Romaria, de Renato Teixeira, um clássico sertanejo de sua devoção (“É de sonho e de pó/ O destino de um só/ feito eu perdido em pensamentos/ sobre o meu cavalo/ É de laço e de nó/ De gibeira ou jiló/ Dessa vida cumprida a sol”).

Emocionou-se novamente. Quando os músicos interromperam a música antes do trecho final (“Me disseram, porém,/ que eu viesse aqui/ pra pedir de romaria e prece/ Paz nos desaventos/ Como eu não sei rezar/ Só queria mostrar/ Meu olhar, meu olhar, meu olhar”), reclamou:

- “Tá faltando uma parte! ”

Os músicos cantaram o trecho que faltava e Veneri ironizou:

- “Eu sou chato pra caramba!”

Além da emoção inesperada o programa foi o mais eclético de todos, em termos musicais. O músico convidado, Roberto Nunes, natural de Nova Esperança, que impressionou a todos com a voz, é fluente em inglês e tem veia de roqueiro. Cantou música do Credence Clearwater, Have You Ever Seen The Rain? (“I wanna know, have you ever seen the rain?/ I wanna know, have you ever seen the rain/ Comin' down on a sunny day?”)

Os apresentadores Willian & Renan também variaram o reportório sertanejo. Renan cantou “Nem Dormindo Consigo Te Esquecer” (“Vontade louca de te amar/ mais uma vez./ Será que todas as pessoas, desse mundo/ Fazem amor gostoso como a gente fez?/ Foi uma transa, só um caso e nada mais./ Foi de repente sem a gente perceber.”)

O Política & Viola é parte da nova grade de programação da TV Assembleia (antiga TV Sinal) e segue a diretriz estabelecida pelo presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (PSDB), de mostrar o lado humano dos políticos e aproximar a Assembleia da sociedade. O programa vai ao ar todos os sábados às 21h30, pelo Canal 16, para quem assina a NET, e tem reprises domingo e às quintas-feiras ao meio-dia, e também pode ser visto na internet.

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