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Audiência pública na Assembleia discute prevenção e cuidados com a prematuridade

Iniciativa foi proposta pelo deputado Dr. Antenor (PT) e abordou questões médicas, sociais e culturais relacionadas ao tema.

Evento tratou dos desafios da prematuridade e foi proposto pelo deputado Dr. Antenor (PT).
Evento tratou dos desafios da prematuridade e foi proposto pelo deputado Dr. Antenor (PT). Créditos: Valdir Amaral/Alep

A Assembleia Legislativa do Paraná realizou, nesta terça-feira (4), a audiência pública “Prematuridade: prevenção e cuidados”, proposta pelo deputado Dr. Antenor (PT), com o objetivo de debater os desafios da prematuridade como uma questão de saúde pública. O parlamentar destacou que o tema envolve fatores médicos, sociais e culturais, e alertou para a necessidade de um olhar mais atento sobre o número elevado de cesarianas no Brasil.

“A Organização Mundial da Saúde recomenda que apenas 15% dos partos sejam cesarianas, mas, no país, esse número chega a 40% no sistema público e quase 90% na rede privada. Muitas vezes, são cesarianas induzidas, que acabam provocando o nascimento de bebês prematuros de forma iatrogênica. Precisamos educar, informar e prevenir, com um olhar humanizado para a gestação”, afirmou.

A pediatra Gislayne Nieto, representante da Sociedade Paranaense de Pediatria, explicou que as principais causas da prematuridade estão relacionadas à ausência de um pré-natal adequado, à hipertensão arterial, ao diabetes gestacional, às infecções maternas e ao uso de álcool, tabaco e drogas. Segundo ela, o pré-natal de qualidade é a chave para reduzir o número de partos prematuros. “Cada vez mais conseguimos garantir a sobrevivência de bebês extremamente prematuros. Hoje já há chances reais a partir de 23 semanas de gestação. Mas, quanto mais cedo o nascimento, maiores são os riscos de complicações respiratórias, neurológicas e nutricionais. Por isso, prevenir é sempre o melhor caminho”, destacou.

Ela lembrou ainda que o Brasil apresenta índices entre 10% e 11% de nascimentos prematuros, o que representa um grande desafio para a neonatologia. “Esses bebês exigem equipes especializadas, estrutura hospitalar adequada e um acompanhamento multiprofissional. Nosso foco precisa estar na prevenção, mas também na equidade do tratamento e na qualificação dos serviços que atendem esses recém-nascidos”, completou Gislayne.

A médica Gisella Sanches Piasseta, da Divisão de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), apresentou dados atualizados sobre o cenário no Paraná. De acordo com ela, 12% dos nascimentos no estado são prematuros, e os índices se mantêm estáveis, mas ainda preocupantes. “Quando analisamos os dados por escolaridade, raça e cor das mães, percebemos que as desigualdades sociais têm impacto direto na prematuridade. As gestantes com menor escolaridade e menor renda apresentam taxas mais altas de partos antecipados”, informou.

A médica ressaltou que o Paraná mantém uma linha materno-infantil estruturada, com estratificação de risco e pré-natal compartilhado entre a atenção primária e a rede especializada. “Mais de 80% das gestantes paranaenses fazem sete ou mais consultas de pré-natal. Isso é importante, mas precisamos avançar na qualidade do atendimento e garantir que as gestantes de alto risco sejam atendidas em unidades que disponham de UTI neonatal e equipe treinada para o parto prematuro”, afirmou.

Ela também apresentou outros dados, como o de que dois terços das mortes infantis ocorrem nos primeiros 28 dias após o nascimento e que, mesmo após a alta da UTIN (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal), os bebês continuam em situação de risco.

Prematuridade.com

A diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Sugitani, fez uma apresentação detalhada sobre o trabalho da ONG e reforçou que o Brasil está entre os dez países com maior número de nascimentos prematuros do mundo. A entidade, presente em 24 estados brasileiros e com 280 voluntários, atua na defesa de políticas públicas de prevenção, acolhimento psicológico gratuito, aconselhamento jurídico, campanhas de conscientização e arrecadação de insumos para famílias de bebês prematuros.

“Trabalhamos com base em três pilares: prevenção, cuidado e garantia de direitos. É fundamental informar as mulheres de que qualquer gestante pode ter um parto prematuro, mesmo sem fatores de risco. A informação salva vidas. Além disso, lutamos pela ampliação das licenças maternidade e paternidade, pela inclusão de novas vacinas e pelo fortalecimento da rede de atenção neonatal no SUS”, explicou Denise.

O evento também contou com o depoimento da analista de RH Patrícia Batista, mãe da Camila, de oito anos, nascida com 28 semanas de gestação e 540 gramas. Patrícia não sabia que estava grávida e descobriu um mês após ter feito uma cirurgia bariátrica. Ela relatou as dificuldades vividas no período de internação e o apoio recebido da ONG. “É uma jornada longa, cheia de desafios e custos elevados. A ONG foi fundamental para mim e para muitas mães, oferecendo apoio psicológico, doações e orientação. Hoje participo das campanhas para ajudar outras famílias que enfrentam essa luta”, contou.

No fim do evento, foi realizada uma apresentação musical do projeto Dora e Bia, que estimula a doação de leite materno.

 

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