O deputado estadual e presidente do PPS de Curitiba, Marcos Isfer, disse nesta sexta-feira, 2, que a retirada da pré-candidatura presidencial de Roberto Freire e o indicativo de apoio ao PSDB é uma decisão precipitada e precisa ser reavaliada pelo partido.O deputado do PPS pretende levantar a discussão sobre a decisão da Executiva Estadual na reunião desta segunda-feira, 5, na sede do diretório estadual. “Divergimos da opinião pessoal do presidente Roberto Freire sobre o indicativo de apoio já no primeiro turno ao candidato do PSDB a presidente da República”, disse Isfer.Segundo o deputado, o partido ainda tem muito tempo para buscar uma outra opção de alianças. “Ainda existe possibilidade de construção de alternativa capaz de arejar e dar seriedade ao debate político, como é o caso das pré-candidaturas de Pedro Simon (PMDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristóvam Buarque (PDT)”, disse.Isfer disse que o PPS não está fazendo uma leitura política mais ampla do processo eleitoral, que pode ter um segundo turno, quando as alianças ficam bem mais próximas daquilo que pensa e deseja a população. “Consideramos um equívoco aceitarmos, antes do segundo turno, o jogo da polarização artificial entre os candidatos do PT e do PSDB, duas faces do mesmo projeto que busca asfixiar as forças políticas que não cedem aos encantos do poder e do dinheiro, como é o caso do nosso valente PPS”, disse Isfer.Marcos Isfer entende que o PPS, caso não lance candidato a presidente, pode dar prioridade ao fortalecimento das candidaturas dos governadores e dos deputados federais e estaduais, para superar com tranqüilidade a cláusula de barreira. “Diante do quadro de dificuldade em viabilizar nosso próprio candidato a presidente, a prioridade do PPS passa a ser o fortalecimento de nossos candidatos a governador e a conquista de uma sólida base parlamentar, trincheiras de onde avançaremos rumo à consolidação de um novo e consistente projeto político para o Brasil”, afirma.A proposta do deputado encontra eco nas bases do PPS. A sindicalista Iara Freire, da Coordenação de Mulheres do partido e integrante da Executiva Nacional, alega que uma aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, tem fortes resistências dentro do movimento sindical. “Os trabalhadores ainda têm em mente os efeitos negativos dos oito anos de governo FHC para os assalariados e uma aliança do PPS com o ex-governador de São Paulo não é bem vista pelos sindicalistas”, disse Iara.Iara Freire disse que a candidatura própria de Roberto Freire era uma esperança de mudança para os sindicalistas ligados ao PPS e a desistência do presidente do partido frustrou muita gente. “O PPS estava sendo visto como a alternativa que os trabalhadores esperavam para as eleições deste ano e a desistência de Roberto Freire não pegou bem”, disse.No Oeste do estado, a desistência de Freire também não foi bem vista pelo presidente do diretório municipal do PPS de Cascavel, Vilson de Oliveira. Segundo ele, está sendo difícil para os dirigentes e filiados do partido explicarem essa aliança com o PSDB. “Nós temos uma imagem de partido da mudança e as pessoas não entendem o porquê de uma aliança com o PSDB de FHC, que seria uma volta no tempo”, disse Oliveira.Ele defende a candidatura própria, com Roberto Freire na cabeça de chapa. Segundo Oliveira, o fortalecimento do PPS em todo o país depende de candidatura própria. “Independente do resultado, é uma semente que estamos plantando e as alianças podem ser feitas no segundo turno, quando os programas de governo dos dois candidatos que ficarem na disputa serão mais claros à população”, disse.Vilson Oliveira acredita que a desistência de Roberto Freire vai provocar uma reação nas bases do PPS, que deseja uma candidatura comprometida com uma nova política econômica, que fomente a geração de empregos, diminua os juros e incentive a produção industrial.