Artigo: Etanol, Euforia e Precaução (ii)

25/06/2007 14h40 | por
Elton Carlos Welter *Dar o salto que o Brasil pretende, assumindo a liderança mundial na produção de combustíveis alternativos, como vimos no artigo anterior, exige uma série de cuidados, incluindo mecanismos institucionais de regulação, uma mentalidade empresarial mais arejada, respeito ao meio ambiente, compromisso com a qualidade e com os avanços tecnológicos. O etanol produzido a partir da cana de açúcar é um combustível limpo, com zero de carbono. Por isso, somado ao fato de ser uma energia renovável e com todas as condições favoráveis que temos para produzi-la, estamos no centro das atenções do mundo, que procura uma alternativa para substituir o petróleo. Atento à tendência mundial, o mercado começa a investir pesado na construção de novas usinas no Brasil, inclusive com expressiva presença de capital estrangeiro. Sobre esta questão, além de proteger o interesse nacional, devemos avaliar não apenas as grandes plantas industriais, que exigem vastas áreas de plantio contínuo, mas também pensar outro modelo com mini plantas, com abrangência microrregional e que fariam apenas a primeira parte do processo, em uma cadeia de produção onde várias mini plantas alimentam uma planta industrial maior. Isso é possível e necessário. O avanço da cultura da cana já é inevitável, mas podemos evitar em grande parte os seus efeitos danosos. Precisamos, por exemplo, dentro de um programa de segurança alimentar, garantir que os alimentos sejam competitivos em relação à cana, porque a chamada "mão invisível" do mercado vai sempre orientar os produtores para aquilo que dá mais lucro. Ainda sobre o avanço da cultura da cana, é preciso evitar que esta expansão atinja a totalidade ou mesmo a maior parte das áreas agricultáveis nos municípios. Tanto porque a monocultura é ruim para o solo e para a atividade agrícola em longo prazo, como também porque a cana de açúcar ocupa mão de obra intensiva apenas na safra, gerando nos municípios o drama da instabilidade do emprego. A mão de obra local não pode estar sujeita apenas ao emprego sazonal. Isso gera problemas sociais enormes para os municípios, prejudicando sua economia. Por isso defendo o zoneamento, para que a áreas agricultáveis não se prestem exclusivamente ao cultivo de cana, viabilizando a necessária diversificação da atividade agropecuária nas propriedades rurais. Temos muita área apropriada para o plantio de cana e o aumento da produção deve ser buscado através de novas tecnologias. Inclusive, grandes empresas que atuam no setor estão associadas na busca de inovações, envolvendo o desenvolvimento de variedades mais produtivas e também sistemas de produção. E por aí vai... Recentemente também se noticiou que um grupo de pesquisadores de várias universidades e instituições brasileiras trabalha em um projeto para retirar etanol do bagaço da cana, que hoje é utilizado nas caldeiras e na adubação das plantações de cana. O combustível será obtido a partir da quebra do açúcar da celulose presente no bagaço, e que corresponde a 2/3 da biomassa da planta, apresentando um potencial fantástico. No próximo artigo vamos tratar da necessidade do zoneamento do ponto de vista ambiental, da situação do Paraná frente à expansão da cultura da cana de açúcar, finalizando com os cuidados que precisamos tomar para que o ciclo que se anuncia não se transforme em catástrofe. Elton Carlos Welter É deputado estadual. Líder da Bancada do PT e presidente do Bloco Agropecuário na Assembléia Legislativa do Paraná

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