Audiência pública debate prós e contras da "pílula do câncer" na Assembleia Legislativa Cientistas ouvidos durante o evento discorreram sobre os efeitos da fosfoetanolamina no combate a vários tipos de câncer.

13/04/2016 17h12 | por Sandra C. Pacheco
Audiência Pública 13/04/2016 sobre a Fosfoetanolamina.

Audiência Pública 13/04/2016 sobre a Fosfoetanolamina.Créditos: Pedro de Oliveira/Alep

Audiência Pública 13/04/2016 sobre a Fosfoetanolamina.


Dois dos principais pesquisadores dos efeitos do composto sintético fosfoetanolamina – a chamada “pílula do câncer” – para combate à doença, participaram na manhã desta quarta-feira (13) de audiência pública convocada pela Frente Parlamentar de Fiscalização do SUS, na Assembleia Legislativa do Paraná, para debater o assunto que vem provocando intensa polêmica no País, além de intervenções judiciais visando suspender a produção e distribuição do composto.

Renato Meneguelo e Durvanei Augusto Maria, ambos integrantes do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, de São Paulo, se incumbiram de esclarecer o estágio dos estudos efetuados até agora. Descrevendo vários casos em que a ingestão do produto teve efeitos claramente benéficos, e exibindo slides e laudos assinados por cientistas abalizados, Meneguelo traçou um panorama eloquente das dificuldades encontradas para desenvolver as investigações iniciadas ainda nos anos 90, de forma independente, pelo professor do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), Gilberto Orivaldo Chierice.

E Durvanei Maria, que é chefe do Laboratório de Imunologia do Instituto Butantan, elencou os resultados de pesquisas já realizadas e externou sua confiança na segurança e nos efeitos benéficos da substância, apesar de ainda não ter sido testada de forma controlada em seres humanos, conforme as normas praticadas pela Anvisa.

Novos caminhos – Os estudos evidenciariam que a fosfoetanolamina induz a morte de células tumorais, estimulando a apoptose, processo de morte celular programada, além de inibir a formação de metástase, situação em que as células doentes se espalham por outras partes do corpo. O cientista reafirmou que não está prometendo a cura do câncer e nem defende a supressão de radioterapia ou quimioterapia, métodos convencionais de tratamento da doença. A fosfoetanolamina, a seu ver, pode ser usada como um importante adjuvante aos tratamentos que já são aplicados hoje com a finalidade de, no mínimo, melhorar a qualidade de vida do paciente ou dar-lhe uma sobrevida mais longa e em condições dignas.

A deputada federal  Leandre Dal Ponte (PV-PR), que foi relatora do projeto de lei nº 4639/2016, de autoria coletiva do Grupo de Trabalho criado na Câmara Federal para acompanhar a investigação cientifica sobre a fosfoetanolamina e que garante a produção do composto em larga escala por parte de laboratórios credenciados pelas autoridades sanitárias do país, destacou a importância do evento realizado na Assembleia paranaense justamente no dia em que se espera uma posição oficial da presidente da República à respeito da proposta.

Leandre enfatizou que o que se busca, fundamentalmente, é assegurar o prosseguimento de pesquisa tão importante e o direito das pessoas terem acesso a um tratamento alternativo quando as demais terapias já não funcionam mais. Ela, assim como Meneguelo, o deputado Leonaldo Paranhos (PSC) que presidiu o encontro, e representantes de instituições ligadas ao combate ao câncer, lamentou a ausência do doutor Marcos Vinicius de Almeida, pesquisador e professor da USP e de representantes da Anvisa, convidados a participar da audiência.

Renato Meneguelo que, decepcionado com o desinteresse das autoridades sanitárias e a indiferença do meio universitário, optou por morar no interior do Ceará, onde atua numa UPA, foi mais longe. Disse que o governo não está preocupado em saber onde o composto funciona, apenas onde ele não funciona. Criticou a falta de apoio às pesquisas científicas e aqueles que criticam ou desvalorizam novos métodos de tratamento sem sequer conhecê-los. Disse que vários testes comprovaram que o composto não é tóxico, como argumentam seus detratores, e observou que a fosfoetanolamina se inclui numa classe nova de tratamentos bioimunomoduladores, “começo de vários outros medicamentos que virão a existir”.

Paranhos disse que o objetivo do evento era justamente abrir e ampliar o debate em busca de uma solução para o impasse hoje estabelecido, “já que as pessoas doentes têm pressa e não podem esperar pela burocracia dos órgãos oficiais de regulação e controle”.

Também participaram da audiência, entre várias personalidades ligadas ao setor, os deputados Evandro Araújo (PSC), Chico Brasileiro (PSD), Rasca Rodrigues (PV) e Claudia Pereira (PSC), o deputado estadual do Rio Grande do Sul Marlon Santos, o presidente da Câmara Municipal de Cascavel, vereador Gugu Bueno, os vereadores daquele município Jaime Vasatta e João Paulo de Lima, e Deise Pontarolli, representando o secretário estadual de Saúde, Michele Caputo Neto.



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