Com a intenção de propor políticas públicas para ajudar na sucessão rural em pequenas propriedades, foi realizada nesta sexta-feira (15) audiência pública com a participação de deputados e autoridades ligadas ao setor. O evento foi realizado on-line e teve transmissão ao vivo pela TV Assembleia. A Agricultura Familiar é a principal responsável pela produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo da população brasileira.

“É fundamental o debate e a discussão deste tema que leva o alimento para a mesa da população de todo Brasil. É preciso olhar para agricultura familiar não só como a geração de alimento, mas principalmente como uma oportunidade para geração de emprego e renda”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Astorga, Claudinei de Carli.

Atualmente o Paraná conta com cerca de 300 mil pequenas propriedades, e cerca de 40% delas não possuem uma sucessão para os próximos anos. Os dados foram apresentados pelo secretário de juventude da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (FETAEP), Alexandre Leal dos Santos, que comentou sobre a criação de um plano de sucessão rural. “É preciso que o Governo possa olhar com atenção para este setor, principalmente em relação a liberação de crédito para os mais jovens. Queremos chegar no próximo ano com um plano pronto e comemorando as conquistas que estão para acontecer”, disse ele lembrando que em 15 de julho é comemorado o Dia da Juventude Rural.

O agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia. Sandra Paula Bonetti, secretaria de meio ambiente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), disse que é preciso pensar em reformas para que a sucessão rural se torne realidade. “Necessitamos de acesso ao crédito especial, reforma agrária, educação e muitas outras coisas para que possamos incentivar nossos jovens a ficar no campo. Hoje mais de 33 milhões de brasileiros estão passando por algum tipo de insegurança alimentar”.

Mônica Buffon, Secretária de Juventude da Contag também participou da audiência, e lembrou que a sucessão rural faz parte e um processo que passa desde o cuidado com o meio ambiente, a manutenção das culturas feitas pelos pais e avós, e também o cuidado com as plantas. “Sem a sucessão não haverá alimentação, é preciso prestar muita atenção nisso”, afirmou Mônica.

Atualmente existem cerca de 6,7 mil jovens morando no campo, e os dois últimos anos, marcados pela pandemia da covid-19, foram desafiadores para cada um deles. Josenilda da Cruz Ferreira, secretária de juventude da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (FETRAF-PR), também falou sobre a importância da valorização dos jovens que vivem no campo. “É preciso urgentemente de uma atenção, precisamos dos jovens para produzir alimentos, e acima de tudo é preciso que eles tenham condições para continuar morando no campo. A juventude precisa lutar para que juntos possamos construir nossas políticas públicas”.

Durante a audiência foi montado um grupo de trabalho que irá acompanhar, a partir de agora, todas as propostas de projetos e proposições voltadas ao setor que tramitam na Assembleia Legislativa do Paraná. A audiência na integra está disponível no YouTube, no canal oficial da Assembleia.