Audiência pública mostrou impacto da prematuridade na saúde e no sistema de atendimento Encontro apresentou cenário da prematuridade, experiências práticas, estrutura e programas disponíveis para atendimento, além de depoimento de quem tratou caso complexo.

21/11/2023 10h47 | por Assessoria Parlamentar
O encontro reuniu especialistas sobre o tema, que analisaram o cenário atual, o histórico da mortalidade infantil, apresentaram experiências práticas, além de estruturas e programas disponíveis para atendimento.

O encontro reuniu especialistas sobre o tema, que analisaram o cenário atual, o histórico da mortalidade infantil, apresentaram experiências práticas, além de estruturas e programas disponíveis para atendimento.Créditos: Orlando Kissner/Alep

O encontro reuniu especialistas sobre o tema, que analisaram o cenário atual, o histórico da mortalidade infantil, apresentaram experiências práticas, além de estruturas e programas disponíveis para atendimento.

Há seis anos, Patrícia Anny Baptista deu à luz Camila, sua bebê que nasceu prematura, com 29 semanas de gestação e 540 gramas de peso. O que a mãe achava inicialmente que seriam duas semanas na incubadora, foram 140 dias de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com uma série de intercorrências, 19 transfusões de sangue e quatro paradas cardíacas.

A menina saiu da UTI com 2,5 kg. Hoje leva uma vida praticamente normal, mas precisa fazer acompanhamento médico em oito especialidades (como neurologia e cardiologia) para tratar algumas sequelas. Novas intervenções corretivas serão necessárias nos próximos anos.

Pouco mais de um ano após o parto, Patrícia foi diagnosticada com estresse pós-traumático, problema ela trata até hoje.

“A Carolina é um pequeno milagre”, diz a mãe, que passou a fazer parte da ONG Prematuridade, onde ajuda outras famílias que precisam lidar com os partos prematuros (em alguns casos eles se desdobram para situações com a que ela vivenciou).

O caso de Patrícia e Camila serve de exemplo da complexidade que pode envolver um parto prematuro e foi apresentado nesta segunda-feira (20/11) na audiência pública “Prematuridade e os impactos na saúde materno-infantil”, realizada na Assembleia Legislativa do Paraná, em proposta da deputada Márcia Huçulak (PSD), líder do Bloco da Saúde da Casa.

“Temos meios de reduzir a prematuridade e dar mais qualidade de vida para a mãe e para o bebê”, disse a deputada, que participou da implantação do programa Mãe Paranaense, de assistência ao longo da gestação, e incrementou o programa Mãe Curitibana quando foi secretária de saúde da capital. “O debate qualificado é uma das formas de melhorarmos os indicadores”, afirmou.

Encontro amplo

Além do depoimento, o encontro reuniu especialistas sobre o tema, que analisaram o cenário atual, o histórico da mortalidade infantil, apresentaram experiências práticas, além de estruturas e programas disponíveis para atendimento.

A prematuridade é a principal causa de morte de crianças até cinco anos e está associada a maior incidência posterior de doenças como diabetes e cardiovasculares.

“A prematuridade impacta muito na morbidade [incidência de doenças] e também na mortalidade infantil”, disse o médico neonatologista Carlos Frederico Oldeburg Neto, membro da Sociedade Paranaense de Pediatria.

De acordo com dados apresentados pelo médico, mais da metade (54%) da mortalidade de crianças até um ano ocorre nos primeiros sete dias após o nascimento.

“Para diminuir a mortalidade infantil é preciso diminuir a mortalidade neonatal”, diz ele, ponderando que a prematuridade está entre as principais causas da mortalidade de crianças.

Ele ponderou que a queda da mortalidade infantil avançou significativamente a partir dos anos 1990, o que se deveu basicamente às melhorias pós-natais, que ocorreram entre o primeiro mês até o primeiro ano de vida. Incrementos, por exemplo, nas condições de vida e alimentação, campanhas de vacinação, saneamento básico, maior aleitamento materno e acesso à saúde.

“De 2015 para cá temos caminhado a passos bem mais lentos ou nem caminhado”, destacou.

 

Dá pra evitar

A secretária municipal de Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella, destacou que metade dos óbitos da prematuridade pode ser evitada por meio da assistência adequada e informação.

Vem daí a importância de programas como o Mãe Curitibana Vale a Vida, um dos responsáveis por fazer de Curitiba um exemplo nacional em assistência materno-infantil, com acompanhamento integral da gestação.

Custo-benefício

O médico Renato Lima apontou que em locais mais carentes de estrutura capacitação do pessoal e equipamentos de baixo custo fazem grande diferença na redução na mortalidade de recém-nascidos.

Consultor de neonatologia da Opas (Organização Pan-americana de Saúde) e membro do grupo executivo de reanimação do estado de São Paulo, ele fez seu doutorado (pela Unicamp) em reanimação em regiões com péssimos índices de mortalidade infantil (interior da Bahia, Maranhão e Piauí).

Fez mais de 700 treinamentos na região, com acompanhamento posterior por meio de telemedicina.

Com capacitação do pessoal e 11 equipamentos batizados de fundamentais (como ventilador e material para intubação, que não havia nessas regiões) ele conta que conseguiu reduzir em até 72,6% a mortalidade em sala de parto. Foram 479 bebês salvos ao longo de um ano, 65 deles prematuros, contou ele.

Além da questão de saúde e vida propriamente dita, o aspecto econômico se revela amplamente positivo. Os equipamentos custam em torno de R$ 6 mil, ao passo que uma internação em UTI neonatal a diária é de R$ 3 mil.

O programa de que participa em São Paulo já fez mais de 140 mil capacitações na área.

Segundo ele, 10% dos recém-nascidos precisam de alguma ajuda para respirar, sem a qual podem morrer ou ficar com sequelas neurológicas.

Participantes

Também participaram da audiência pública, o presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Victor Horácio de Souza Costa Júnior; a médica pediatra e intensivista pediátrica da Divisão de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) e a Gisella Sanches Henle Piasseta; além de gestores de saúde e representantes da sociedade civil.

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