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CPI da Indústria do Atestado Médico ouve presidente da Associação Médica Brasileira

Os deputados que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Indústria do Atestado Médico na Assembleia Legislativa do Paraná ouviram na manhã desta terça-feira (26) o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Jurandir Marcondes Ribas; a superintendente de Gestão em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Tânia Pires; e o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Curitiba, Ariosvaldo Rocha.

Os depoentes ressaltaram a preocupação com o assunto, explicando aos parlamentares que existe muito mais um problema de fraudes e utilização por terceiros de carimbos de profissionais, criando um verdadeiro mercado paralelo da venda de atestados, do que necessariamente médicos que emitem o documento dolosamente. “Existe, claro, em parte, uma culpabilidade de médicos. E estes profissionais são advertidos, punidos pelos órgãos de classe. Buscamos sempre a orientação e trabalhamos no sentido de educar estes médicos. Mas, em grande parte, há os casos de pessoas que se apoderam do carimbo de um profissional num hospital, por exemplo, e emitem o ‘atestado’. São quadrilhas quem devem ser assunto para a polícia”, ressaltou Ribas.

Segundo a superintendente de Gestão em Saúde de Curitiba, como os dados profissionais do médico, a exemplo do número do registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), são públicos, muitas vezes se confeccionam carimbos em nome dos profissionais e os atestados são vendidos. Ela lembrou também que o chamado atestado gracioso, aquele assinado pelo profissional para ajudar o paciente, também deve ser combatido. “Esta conduta é uma falta ética, porque um atestado faz parte da consulta. É somente com a consulta que se deve emitir o atestado, por questões efetivamente de saúde, para a necessidade de ausência do trabalho ou de repouso. Acredito que essa emissão de carimbo por quem não é médico precisa ser apurada pela CPI”, afirmou.

Tânia Pires lembrou ainda que em Curitiba todos os procedimentos nas unidades de saúde são feitos eletronicamente. O atestado somente é liberado após a consulta e há também o preenchimento de um rigoroso relatório, pelo médico. “Não há como se emitir um atestado falso ou sem consulta. Os protocolos internos não permitem. Só após a consulta”.

Para evitar qualquer problema envolvendo empregados, empresas e atestados falsos, o presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Curitiba, Ariosvaldo Rocha, explicou que foi firmado um entendimento também com o sindicato patronal para que os trabalhadores utilizem os médicos e dentistas da entidade, além daqueles conveniados e dos profissionais da Previdência Social. “Temos 23 médicos e dentista à disposição dos trabalhadores. Então fechamos o cerco porque oferecemos estes profissionais para o atendimento. Mas gostaria de frisar que, ao menos no nosso campo de atuação, não detectamos esta indústria dos atestados”, disse Rocha.

Perícia – Os deputados Claudio Palozi (PSC) e Stephanes Júnior (PSB) participaram da reunião da CPI como membros titulares, assim como o relator Delegado Rubens Recalcatti (PSD). O deputado Professor Lemos (PT), embora não seja membro da comissão, esteve presente à reunião e sugeriu a possibilidade de verificação da situação das licenças médicas dos servidores. De acordo com ele, há casos em que mesmo com sérios problemas de saúde e a devida comprovação pelo médico da situação do funcionário, a perícia do Estado não autoriza o afastamento. “Temos casos de injustiças, de pessoas com problemas de saúde e que estão precisando se ausentar das suas funções para tratar da saúde e estão tendo dificuldades para este afastamento. Penso que a CPI pode averiguar estes fatos”.

O presidente da CPI, deputado Anibelli Neto (PMDB), considerou importantes os depoimentos desta reunião, lembrando que o objetivo da atividade parlamentar nesta fase é levantar dados e informações para subsidiar sugestões de melhorias e mecanismos que coíbam a prática de emissão de atestados irregulares, inclusive com uma legislação mais adequada sobre o assunto. “Não queremos generalizar, mas temos visto em outros depoimentos a existência de médicos que dão atestados em desconformidade com a saúde do paciente, assim como aqueles que vendem atestados ou mesmo utilizam as informações dos profissionais de maneira criminosa. Mas estamos avançando e toda a contribuição na CPI está sendo importante”.

A próxima reunião da CPI será no dia 10 de outubro, às 10 horas, no Auditório Legislativo da Assembleia, no terceiro andar do prédio do Plenário da Casa. 

Áudio não disponível no momento.

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