A facilidade de acesso aos remédios de uso controlado no Brasil e a falta de informações disponíveis aos pacientes, principalmente no caso dos medicamentos manipulados, estão entre as principais causas do mau uso destes produtos por uma parcela significativa da população. “É preciso que todos os pacientes tenham acesso às informações exatas daquilo que estão tomando”, defende a Deputada Rosane Ferreira (PV), que esta semana apresentou um Projeto de Lei na Assembléia Legislativa do Paraná exigindo bula também para os remédios comercializados por farmácias de manipulação e ervanários. “A dependência química de medicamentos é muito séria e têm sintomas muito parecidos com o vício causado pelas drogas ilegais como maconha e cocaína”, afirma a deputada Rosane, destacando que muitas vezes o paciente pega a receita de um remédio com seu médico, leva à farmácia ou ervanário para manipulação e recebe o medicamento sem qualquer informação que alerte para os perigos dos efeitos colaterais, ou mesmo que revele que o princípio ativo do medicamento pode causar dependência química.No Paraná, de acordo com o último levantamento feito pelo Sistema Nacional de Informações Toxicológicas (Sinitox) em 2007, foram registrados mais de 9,2 mil casos de intoxicação por medicamentos, das quais 65% eram mulheres das classes média e alta. O perfil foi traçado com base nas receitas retidas pelas próprias farmácias. Os medicamentos campeões em mau uso eram os inibidores de apetite, a maioria com anfetaminas em sua composição. Bulas – A proposta da deputada Rosane Ferreira é que os medicamentos manipulados tragam bulas com as mesmas informações que os medicamentos comercializados pelos grandes laboratórios, com dados sobre composição química, prazo de validade, prescrição e reações adversas, dentre outras. “Como há menos controle sobre os remédios manipulados, os médicos que agem de má fé preferem estas farmácias para indicar a manipulação de medicamentos que podem causar dependência química e os pacientes nem sabem bem aquilo que estão tomando”, afirma. O PL aguarda análise da Comissão de Constituição e Justiça.