30/05/2006 16h16 | por Ronildo Pimentel
LEGENDAFoto (dobrandino3005)Dobrandino da Silva é retratado como o “Trator do PMDB” em entrevista concedida à Revista IdéiasO líder do governo na Assembléia Legislativa e presidente do PMDB no Paraná, Dobrandino da Silva, é o entrevistado da edição de maio da Revista Idéia, da Travessa dos Editores. Em quatro páginas de bate-papo, Dobrandino traça um panorama do quadro político atual e das ações para reorganizar o partido no estado. Leia a seguir a íntegra da entrevista.O trator do PMDBZé Beto MacielO deputado estadual Dobrandino da Silva, presidente do PMDB do Paraná e líder do Governo na Assembléia Legislativa, é considerado por seus pares “o trator do PMDB” e um dos principais responsáveis pela vitória de Roberto Requião ao Palácio Iguaçu. Dobrandino é um articulador hábil, mas não afeito aos discursos, seu trabalho se trava nos bastidores do legislativo. Nos últimos meses, o líder do Governo anda bronqueado com os deputados da base aliada, que buscam a reeleição, mas invariavelmente escapam do plenário na hora da votação. “Não podemos vacilar e comprometer as conquistas do Governo Requião nesse período eleitoral. Temos que estar atentos”, disse Dobrandino que já puxou, em público, a orelha de alguns deputados.Dobrandino se diz o deputado que mais viaja pelo Paraná e que percorre a mais longa distância, entre sua base eleitoral (Foz do Iguaçu) e Curitiba. São 1.318 quilômetros percorridos a cada final de semana, além de outras viagens em todas as regiões do Estado. “É uma agenda cheia, atribulada e com muitas reuniões. Não há outra solução do que acordar cedo e dormir tarde. Conto com a ajuda dos companheiros no comando do partido e na Assembléia com apoio da maioria dos deputados, já que o PMDB tem 14 parlamentares e necessitamos sempre de 28 votos para aprovar ou rejeitar os projetos”.Nessa entrevista a Idéias, Dobrandino ressalta que as recentes filiações de prefeitos, deputados e vereadores “não se caracterizam como cooptações” ao projeto de reeleição do governador Roberto Requião e diz ainda que o Paraná “vive seu melhor momento dos últimos 12 anos”. “Tenho percorrido o Paraná e constato a presença do Estado nos setores onde ela é mais necessária. Requião também está no seu melhor momento”. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.Neste ano está difícil segurar no plenário os deputados da base aliada ao governador Roberto Requião?Estamos em ano eleitoral, a seis meses da eleição e maioria dos deputados estaduais busca a reeleição. Temos projetos importantes a ser votados ainda em 2006 - a compra da UEG pela Copel está entre eles -, só que precisamos garantir que todos os avanços conquistados pelos paranaenses não fiquem comprometidos por esse período eleitoral. A base aliada precisa estar unida neste sentindo. Eu continuo cobrando a presença, em plenário, nas votações e nas discussões, de todos os deputados que reconhecem a importância das mudanças provocadas pelo Governo Requião nos últimos três anos e quatro meses.Em período eleitoral, a oposição é mais barulhenta, provocativa, como o senhor lida com isso?A Assembléia Legislativa é e sempre será um espaço democrático onde se prática o contraditório. A oposição faz o seu papel de ser ponto crítico das ações do governo, apontando erros e equívocos. Isso está dentro das regras do debate democrático. Mas eu avalio que muitas vezes, sem muito critério, a oposição joga com a torcida e também procura os holofotes da mídia. E com isso eu não concordo.Agora, na Liderança do Governo, eu conto com apoio da maioria dos 54 deputados, já que o PMDB tem 14 parlamentares e necessitamos sempre de 28 votos para aprovar ou rejeitar os projetos. Na maioria das votações se procura e consegue o consenso, mas em algumas há preocupação demasiada em agradar a opinião pública sem se preocupar na legalidade, legitimidade da proposta.O senhor está falando da proposta antinepotismo?Esse é um exemplo. A proposta do deputado Tadeu Veneri (PT) estava incompleta e o governador Requião enviou uma mais ampla, que proíbe inclusive o nepotismo cruzado. Uma proposta podia ser anexada à outra, mas a oposição não concordou. Eu votei contra no primeiro turno e no segundo turno, os deputado entenderam – ela atingia apenas sete autoridades estaduais - os equívocos da proposta e a rejeitaram. Agora está em curso a proposta do governo e tem uma comissão avaliando se cabe apresenta-la nesse ano legislativo. O que os deputados não permitiram é a tentativa de instrumentalizar a proposta do Veneri para atingir uma só pessoa, o Maurício Requião – irmão do governador – e o melhor secretário de Educação do País. Isso eu também não concordo. Os avanços na educação, reconhecidas até por deputados da oposição, é uma das marcas do Governo Requião.Agora também tivemos bons exemplos, com apoio unânime dos deputados, na anulação do pacto de acionista da Sanepar, na votação do salário mínimo regional e de outras mensagens do Governo do Estado. A indefinição da oposição parece jogar em favor da reeleição de Requião. Vai ser uma campanha fácil, reeleição já no primeiro turno?O PMDB se rearticulou nesses últimos três anos em todos os 399 municípios paranaenses. Estamos preparados para mais uma eleição e o que população vai julgar é o programa de governo, cumprindo na íntegra, e os avanços conquistados em todas as áreas. Agora não esperamos uma reeleição fácil, muito menos uma campanha limpa, sem ataques. O governador Requião contrariou interesses de poderosos para fazer um governo que atendesse os mais pobres. A oposição terá candidato, aliás, procura viabilizar um candidato com potencial de enfrentamento com Requião. O que o PMDB vai mostrar como pegou o Estado em 2003 e como está entregando em 2006. Tenho certeza que a população vai saber julgar essa diferença.Há restrições para alianças ou o PMDB pretende agrupar os partidos que o apoiaram no segundo turno em 2002?Em absoluto, não fazemos restrições, mas também não vamos nos aliar aos partidos conservadores. Estamos conversando com a maioria dos partidos com representação na Assembléia Legislativa. É claro que alguns partidos, como é o caso do PPS e do PT, já anunciaram a disposição de disputar a eleição estadual. Mas muito do que está sendo discutido depende da conjuntura nacional, do que se dará pelas candidaturas à presidência, que pela verticalização, definirá as alianças nos estados. O PMDB terá candidato à presidência?Fizemos uma prévia que indicou o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, como candidato do partido. Agora o ex-presidente Itamar Franco também postulou a vaga. Eu defendo a candidatura própria à presidência, mas sei que há disputas internas que vão tentar inviabiliza-la. O PMDB do Paraná vai se concentrar na reeleição do governador Roberto Requião. Isto, no atual momento, é mais importante para os paranaenses.Por que isso é mais importante agora? O que motiva o PMDB deixar a eleição nacional em segundo plano?O PMDB do Paraná, em especial o Governo Requião, se tornou uma frente de resistência às políticas neoliberais e ao desmonte do Estado, ao sucateamento de setores vitais como a Educação. E isso tem que ser consagrado nas urnas, completar o seu período e se consolidar no Paraná. Recuperamos as empresas públicas – a Copel, a Sanepar – e lutamos contra a tentativa de privatizar o maior porto graneleiro do mundo, o Porto de Paranaguá. Temos políticas sociais fortes. As exportações aumentaram e os negócios com outros países aumentaram – só na última missão com a Venezuela os acordos ultrapassaram a R$ 1 bilhão. O emprego cresceu. O Paraná criou 300 mil empregos com carteira assinadas nos últimos três anos e quatro meses. E pavimentamos mais de cinco mil quilômetros de rodovias sem pedágio. Essa brava luta dos paranaenses é exemplo para o Brasil e precisa se consolidar. Por isso o nosso foco principal é a eleição estadual.O que o PMDB tem de diferente para mostrar dos outros partidos que vão disputar a eleição de outubro, já que todos parecem defender as mesmas propostas – mais emprego, mais segurança, mais saúde?Diferente da maioria dos partidos, o PMDB é um partido de história política muito rica e no Paraná teve um papel fundamental no enfrentamento com a ditadura militar. E esse MDB velho de guerra, como nós chamamos aqui no Paraná, não se esgarçou, não perdeu seu rumo. Ainda mantém suas bandeiras históricas: a defesa do patrimônio público e a imperiosa necessidade de governar aos mais carentes, aos que realmente necessitam da presença do governo em suas vidas. Essa postura e esse projeto político têm no governador Roberto Requião o seu principal condutor. É por isso que o povo gosta dele. Essa é a nossa diferença. Esse é o nosso patrimônio político.O senhor falou que o PMDB se rearticulou no Estado, mas a oposição chegou acusar a cooptação de vereadores, prefeitos e até de deputados. A filiação de lideranças fez parte dessa rearticulação do partido no Estado?Não teve nada disso. Os vereadores, prefeitos e deputados que se filiaram ao PMDB porque se identificaram com o projeto de governo, com os programas e ações que o governador Roberto Requião está levando em todo o Paraná. Vou citar um exemplo, as nove maiores cidades do Paraná não são governadas pelo PMDB, mas receberam mais de R$ 5,3 bilhões em investimentos estaduais em todas as áreas – saúde, educação, saneamento, pavimentação, obras de infra-estrutura. O governador não faz discriminação partidária. Os prefeitos, vereadores e deputados procuraram o PMDB porque reconhecem no partido um ideário de proposta bem ao gosto do povo paranaense. O senhor disse que há uma identificação entre os prefeitos, vereadores e deputados que ingressaram no PMDB e as ações, programas e projetos levados pelo governador em todo o Paraná. Quais são os projetos que estão dando certo e atraindo os prefeitos?O Governo do Estado tem três programas sociais que eu considero fantásticos. O Leite da Criança, a Tarifa Social da Sanepar e a Luz Fraterna formam o eixo das políticas compensatórias do governo às populações mais necessitadas. Por dia, 160 mil crianças paranaenses recebem um litro de leite. O programa além de combater a desnutrição, apóia a produção leiteira no Paraná. Na Tarifa Social da Sanepar já foram cadastradas mais de 350 mil famílias. O programa Luz Fraterna já quitou 4,4 milhões de contas de luz e atende 225 mil famílias carentes a cada mês, o que representa uma população de cerca de um milhão de paranaenses das camadas mais pobres, justamente os que mais precisam.Além dos programas sociais, em quais áreas o governo vem acertando?Eu destaco cinco áreas: educação, segurança, infra-estrutura, saúde e a agricultura. O Paraná está pavimentando cinco mil quilômetros de rodovias num investimento de R$ 1,2 bilhão. São rodovias estaduais sem pedágio. Na educação, além da qualificação dos professores, o governo está reformando a maioria das escolas estaduais e construindo 63 novas unidades. Só neste ano, a Fundepar destinou R$ 144 milhões.Na segurança, além da construção de mais cinco novos presídios, o governador autorizou a contratação de mais mil policiais militares, o que totaliza a incorporação de dois mil novos policiais militares nos últimos dois anos. Na saúde, o governo está construindo e reformando 20 hospitais prioritários em todo o Estado num investimento de mais de R$ 100 milhões. Cidades como Londrina, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Campo Largo, Francisco Beltrão, entre outras, terão estruturas de atendimento à saúde.Faltam desenvolvimento urbano e agricultura...Vale lembrar ainda a isenção de imposto para microempresas e a diminuição do ICMS para as pequenas empresas, além da dilação do recolhimento do imposto para novos investimentos industriais. O governo do Estado alcançou em abril a marca de R$ 2,8 bilhões em incentivos para empresas que se instalaram ou que ampliaram suas atividades no Paraná. O Programa Bom Emprego - um dos principais decretos estimuladores da atividade econômica industrial e comercial no Estado - já beneficiou 93 empreendimentos nos últimos três anos. Atualmente, das 217 mil empresas ativas no Estado e cadastradas pela Receita Estadual, 150 mil estão totalmente isentas do imposto.O que mais vale destacar é que através da ação de diversas secretarias estaduais, as prefeituras por todo estado estão fazendo obras de infra-estrutura nos municípios. Novos terminais urbanos, praças, postos de saúde, hospitais, pavimentações de ruas, enfim é um conjunto de obras, ações e programas que qualificam a vida do paranaense. Esse é o melhor momento do governador Roberto Requião e o melhor momento que o Paraná está vivendo nos últimos 12 anos.FRASES:“Continuo cobrando a presença, em plenário, nas votações e nas discussões, de todos os deputados que reconhecem a importância das mudanças provocadas pelo Governo Requião nos últimos três anos e quatro meses”“O governador não faz discriminação partidária. Os prefeitos, vereadores e deputados procuraram o PMDB porque reconhecem no partido um ideário de proposta bem ao gosto do povo paranaense”“O PMDB do Paraná, em especial o Governo Requião, se tornou uma frente de resistência às políticas neoliberais e ao desmonte do Estado, ao sucateamento de setores vitais como a Educação”Liderança do GovernoAssembléia Legislativa do ParanáRonildo Pimentel(41) 3350-4191 (45) 9104-3038ronipimentel@hotmail.com