Entre 2016 e 2020, 76% dos casos de ofensas políticas foram contra mulheres, apontam dados divulgados em audiência Evento remoto marcou a abertura das ações do Mês da Mulher no Paraná e o Dia Internacional, celebrado nesta terça-feira (08) e contou com palestras sobre o tema.

08/03/2022 14h33 | por Claudia Ribeiro
Evento remoto marcou a abertura das ações do Mês da Mulher no Paraná e o Dia Internacional, celebrado nesta terça-feira (08) e contou com palestras sobre o tema.

Evento remoto marcou a abertura das ações do Mês da Mulher no Paraná e o Dia Internacional, celebrado nesta terça-feira (08) e contou com palestras sobre o tema.Créditos: Thais Faccio/Alep

Evento remoto marcou a abertura das ações do Mês da Mulher no Paraná e o Dia Internacional, celebrado nesta terça-feira (08) e contou com palestras sobre o tema.

Enquanto se celebra em todo o mundo o Dia Internacional da Mulher, evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como data de avanços das mulheres em todas as áreas, inclusive na política, a audiência pública proposta pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná, teve como tema central o combate à violência política contra as mulheres. “Apesar da representatividade feminina na política ser de apenas 13% no Brasil, 31% das mulheres desta área foram ameaçadas entre 2016 e 2020, 18 foram agredidas e 76% ofendidas”, detalhou a desembargadora Lenice Bodstein, ao apresentar um levantamento feito pela ONG Terra de Direitos.

“Nossa luta não é fácil, mas seguimos firmes, inspiradas por nossas antecessoras e dispostas a construir um caminho cada vez menos tortuoso para as que virão”, disse a presidente do grupo, deputada Cantora Mara Lima (PSC), fazendo referência às conquistas femininas a partir do voto feminino, outro tema abordado ao longo da audiência.

Assim como a violência doméstica contra a mulher na vida privada, a violência política pode incluir violência psicológica, sexual, patrimonial, moral e até mesmo, o feminicídio. Tanto que virou lei em 2021. No mesmo levantamento da Terra de Direitos, de 125 assassinatos ocorridos no ambiente político nos quatro anos pesquisados, 7% foram de mulheres. “Este evento é importante para que as nossas jovens mulheres cresçam com outra mentalidade. Precisamos de uma sociedade feminina mais engajada para que esse tipo de situação não se perpetue. Para isso, o próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determina como perspectiva de gênero: a legitimidade das cotas, 30% de candidaturas femininas asseguradas por lei; a distribuição igualitária dos recursos e da propaganda. É o mínimo que se exige num eleitorado de maioria feminina”, ressaltou Lenice. “E com penalidades duras para quem descumprir: o mais severo é o indeferimento do registro de todo o partido”, acrescentou.

A desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/PR) também citou os caminhos para se identificar a violência política e de como denunciar. “É um caminho longo, mas que devemos percorrer, porque podemos sim, mudar a nosso favor. Porque somos extraordinárias e temos o dever de trazer as demais mulheres para o engajamento, para a sororidade”.

A audiência pública, cujo tema foi “Mulheres Extraordinárias – Vencendo Desafios em Tempos de Crise”, também chamou a atenção para o debate sobre as consequências da pandemia de covid-19 para o público feminino, afinal, boa parte das mulheres sofreu impacto direto no período. “Elas precisaram se desdobrar para conciliar vida familiar e trabalho em um momento único pelo qual passamos. Merecem nosso total respeito, porque certamente estão esgotadas”, refletiu Mara Lima.

A primeira mulher eleita presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná, (OAB/PR), Marilena Winter, disse que falar da representatividade feminina e da violência contra a mulher “é nossa obrigação”. Para ela, não se pode mais tolerar determinados comportamentos, quando a igualdade de gênero está presente nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) da ONU, e o Brasil faz parte desse contexto. “Não adianta falar que o machismo estrutural é cultural em nosso país se não tivermos ferramentas para punir. Enquanto instituição representativa da sociedade, reafirmo o nosso compromisso de combater qualquer forma de discriminação”, assegurou.

Marilena enxerga a Assembleia Legislativa como o foro principal para este tipo de debate. “O combate à violência política passa também pelo combate às notícias falsas e pelas falsas candidaturas femininas. Que as mulheres possam ter o direito de disputar as eleições”, afirmou.

Participações

A vice-presidente da Comissão da Mulher, deputada Luciana Rafagnin (PT) e a procuradora da Mulher da Assembleia, deputada Cristina Silvestri (CDN) comemoraram o Dia Internacional da Mulher exaltando as que abriram caminhos para o aumento na representatividade feminina em todos os setores, ainda que mais tímido em alguns deles.

“Apesar de tantos desafios enfrentados pelas mulheres, especialmente em relação à violência, é importante ver hoje muitas delas ocupando espaços antes masculinos, de igual para igual, mas precisamos lembrar que isso só ocorreu por causa da luta de outras mulheres no passado, inclusive a luta pela conquista do direito ao voto, que durou quase um século”, destacou Rafagnin.

“Se hoje ainda sofremos violência política, imagine as que vieram antes de nós?”, indagou Silvestri.

A deputada Mabel Canto (PSC), citou que entre as principais conquistas está o voto feminino, há 90 anos. Mas também avaliou que o dia é de luta. “Para nós, mulheres na política, também. Já sofri muito preconceito por ser mulher nesse universo e isso precisa ter fim. Precisamos de respeito”, finalizou.

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