Especialistas alertam para a responsabilidade humana nos desastres climáticos Audiência pública realizada na Assembleia Legislativa debate o enfrentamento a fenômenos climáticos extremos.

22/05/2024 14h11 | por Thiago Alonso
Encontro ocorreu na manhã desta quarta-feira (22), no Auditório Legislativo.

Encontro ocorreu na manhã desta quarta-feira (22), no Auditório Legislativo.Créditos: Valdir Amaral/Alep

Encontro ocorreu na manhã desta quarta-feira (22), no Auditório Legislativo.

As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul causando destruição não é apenas ação da natureza. É resultado de uma série de fatores que tem um agente no centro da questão: o modo como o ser humano explora o planeta. Este foi o alerta dos especialistas participantes de um debate realizado nesta quarta-feira (22) na Assembleia Legislativa do Paraná. A audiência pública “Enfrentamento aos fenômenos climáticos extremos e prevenção de desastres ambientais em Curitiba” discutiu estratégias e ações para lidar com fenômenos climáticos como tempestades, enchentes e ondas de calor, além de discutir formas de prevenção de desastres ambientais em Curitiba.

O evento contou com a participação de especialistas, gestores públicos e parlamentares, além de representantes da Defesa Civil. A reunião foi proposta pelo deputado Ney Leprevost (União Brasil). De acordo o parlamentar, a audiência permitiu que técnicos e população contribuíssem com ideias e sugestões para a construção de soluções efetivas e duradouras para os desafios relacionados às mudanças climáticas e aos desastres ambientais.

Ele lembrou que as grandes cidades do mundo já estão se preocupando com muito mais ênfase com a questão ambiental. “A tendência, segundo os cientistas, é que daqui para frente, quando chover, chova muito mais. Quando fizer calor, os dias serão mais quentes; quando ventar, vai ventar mais forte. Isso traz novos desafios, novos problemas e a necessidade da apresentação de soluções inovadoras. Queremos ouvir especialistas e promover um diálogo com a população. A preocupação com o aquecimento global deve ser uma preocupação de todas as autoridades. Nós precisamos prevenir os desastres ambientais antes que eles aconteçam”, comentou.

A doutora em Ciências Florestais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mariana Schuchovski, demonstrou como a emissão de gases de efeito estufa estão prejudicando o planeta. Ela foi categórica ao afirmar que o ser humano é responsável por isso. "No Brasil, já estamos vivenciando a temperatura com 1,5 grau Celsius acima da era pré-industrial. Conseguimos suportar isso, mas estamos mexendo em um elemento importante, que é uma engrenagem de funcionamento e capacidade de produção da natureza. O que precisamos entender é o efeito causado por gases poluentes que se prendem na atmosfera e aquecem o nosso planeta. Com isso, estamos esticando os extremos climáticos. Isso tem reflexos nas atividades agropecuárias e industriais", alertou.

O pesquisador público, professor doutor e mestre em gestão urbana Eduardo Gomes Pinheiro também advertiu que alterações climáticas extremas existem e vão acontecer. Para ele, é necessário tratar o assunto com prioridade. “Muito do que não se fez se deve ao fato da crença de que os desastres não acontecem conosco. E o que se observa na cidade, sobretudo no aspecto da gestão, é que ela fica relegada a planos inferiores. Não faz parte da pauta, apesar de existirem políticas públicas, apesar de existir uma legislação bastante importante sobre isso. Lembramos disso quando acontecem eventos como esse que assola o Rio Grande do Sul, com impactos que não atingem somente a população, mas também se sobrepõem à parte econômica. Nós temos esse grande desafio”.

Carlos Luiz Strapazzon, doutor em Direito Constitucional pela Universidade Federal de Santa Catarina e líder do Grupo de Pesquisa Regulação do Desenvolvimento Social Sustentável (Redess), lembrou que a realização do debate proposto pela Assembleia Legislativa traz duas importâncias notáveis. “A primeira é a democracia se movimentando para lidar com o problema que é de todos. O segundo é uma prova da nossa resiliência. Se nós seremos capazes ou não de lidar com isso. Quanto antes começarmos, melhor. Então é muito bem-vinda qualquer iniciativa que movimente a sociedade civil, porque esse não é assunto apenas de técnicos, é um assunto de todos”.

O presidente da Associação dos Geólogos do Estado do Paraná, Abdel Hach, também participou do encontro e reforçou a necessidade de se olhar com profundidade sobre o tema. Ele lembrou que as chuvas não são responsáveis pelos problemas, como parece. “As chuvas não causam nada. O que causa são os momentos e condicionantes resultantes de ações antrópicas, ou seja, de responsabilidade do homem”, alertou.

O deputado Goura (PDT) lembrou que o planeta está vivenciando um momento muito grave, em que o enfrentamento climático não é mais uma profecia e sim um alerta do futuro. “As pessoas estão percebendo que a crise climática tem que ser objeto de políticas públicas efetivas. O poder público precisa ter o enfrentamento climático na ordem do dia e no orçamento. Precisamos falar duas coisas: uma é a resposta que vamos dar ao fortalecimento da Defesa Civil, o fortalecimento dos mecanismos de alerta e socorro. Do outro lado, é como estamos trabalhando para adaptar as nossas cidades, mapeando as áreas de vulnerabilidade. Tudo isso tem de estar no planejamento dos gestores públicos. Vivenciamos anos de negacionismo, onde falar de clima parecia que estar falando de uma pauta conspiratória. Os eventos climáticos extremos infelizmente vão ser mais recorrentes e teremos que se preparar para esse novo normal”, avisou.

 

Poder Público

As respostas do poder público sobre possíveis eventos climáticos extremos no Estado também foram debatidas durante o encontro. O secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), Everton Luiz da Costa Souza, destacou que o Paraná trabalha no apoio aos municípios na questão da macrodrenagem. “Os municípios são responsáveis pelas drenagens urbanas, mas temos de oferecer esse apoio do Estado para propor soluções, conduzindo as águas o mais rápido possível para que não haja o acúmulo, o alagamento e enchentes. Estamos preocupados em fazer a prevenção de modo a atender ao que se pode prever atualmente. Temos de tomar esse tipo de cuidado. Fazemos com que os investimentos sejam feitos dentro dos municípios para prevenir realmente esses eventos”, explicou.

O major Daniel Lorenzetto, chefe da Divisão de Gestão de Desastres da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil do Paraná, explicou como o órgão se prepara para a ocorrência de desastres climáticos extremos. “A Defesa Civil atua nas questões de prevenção, mitigação e preparação através da gestão de risco. Também atua com resposta e recuperação na gestão de desastres. Além do nosso Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres, que faz o monitoramento e emite alertas para a população, trabalhamos com assessoramento nas questões de captar recursos de documentação para dar amparo legal. Estamos preparados para esses eventos. Todos os municípios do Estado possuem um plano de contingência ligado à Defesa Civil. Assim, atuamos na parte de preparação, em que são realizadas simulações em conjunto com as forças de segurança. Temos dado uma resposta eficiente”, encerrou.

Participação

Também participaram do evento o presidente do Instituto Água e Terra (IAT), José Luiz Scroccaro, o diretor de Programas e Projetos da Cohapar, Luís Antônia Werlang, o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR), Daniel Pedro Lourenço, e o coordenador do Conselho Temático do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Sistema Fiep, Nilo Cini Júnior. 

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