Para: Editoria de PolíticaDivulgado em 11/03/05Jornalista: Carlos Souza“FAREI UMA OPOSIÇÃO DURA, MAS LEAL”, AFIRMA VALDIR ROSSONIConduzido ao cargo há pouco mais de 20 dias, o novo líder da oposição na Assembléia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), afirma não sentir nenhum prejuízo em contar com apenas oito parlamentares no grupo. “Somos a minoria, mas a coesão do nosso grupo permite a qualidade do trabalho apresentado. Além disso, o grupo está acima de qualquer interesse pessoal”. Como prova, Rossoni cita a eleição da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Nós soubemos nos articular”, ressalta o deputado.Rossoni assumiu a liderança no lugar do deputado Durval Amaral (PFL), após um acordo de revezamento. Atualmente, compõem o bloco de oposição, além do próprio Rossoni, os deputados Durval Amaral (PFL), Élio Rusch (PFL), Plauto Miró Guimarães (PFL), Ademar Traiano (PSDB), Luiz Carlos Martins (PSL), Barbosa Neto (PDT), Reni Pereira (PSB) e José Scarpellini (PSB).Rossoni, que cumpre seu quarto mandato, está definindo algumas diretrizes do trabalho a ser realizado pelos próximos dois anos em conjunto com os demais parlamentares. Mas adianta que a pauta da oposição será orientada pelo que chama de “erros e ações” do governo estadual. “Continuaremos nosso trabalho de fiscalização e mostrando as contradições do governo”, afirma o líder da oposição na entrevista a seguir.Qual é a avaliação que o Sr. faz do trabalho da oposição?Valdir Rossoni – Nós estamos no caminho certo. Basta lembrar que o próprio governador Roberto Requião, em recente discurso na abertura dos trabalhos legislativos, elogiou a atuação do deputado Durval Amaral frente à bancada. Também é importante ressaltar, que a bancada sempre agiu com correção, pois todas as nossas denúncias e reclamações eram respaldas por dados técnicos e embasadas nos estudos realizados pela nossa assessoria ou pelos próprios deputados.E quanto à atuação do governo estadual?Rossoni – Se eu falar que o governo não fez nada até agora, podem até falar que eu sou demagogo. No entanto, não sou apenas e a dizer isso. Se alguém for até o interior, verá que tenho razão. Não são poucos os prefeitos e até mesmo os deputados da base aliada que reclamam da falta de uma política de desenvolvimento para o Estado. Até agora, o único legado são as ações e recursos impetrados na Justiça. Em dois anos, o governo também não conseguiu entrosamento entre seus aliados na Assembléia. Tanto é que o governo está escolhendo o terceiro líder em pouco mais de dois anos de mandato. E o Sr. acredita que esse cenário pode mudar nos próximos dois anos? Rossoni – Pra ser sincero, não. Com a proximidade das eleições, acredito muito mais no reforço da oposição. Além disso, o governo está instituindo uma política de relacionamento forçada, quando ela deveria ser feita com parceria e apoio. A política de força à qual me refiro é o leilão de obras que governo tem realizado no interior em busca de apoio político. Mas isso não funciona na política. Não na urna, pelo menos.E qual a sua opinião sobre o trabalho dos deputados na Assembléia Legislativa? Rossoni – A Assembléia, com o presidente Hermas Brandão, tem passado por um processo de reformulação e transparência nunca visto anteriormente. Com a aprovação do novo Regimento Interno, a Casa e os parlamentares também saíram fortalecidos, pois conseguimos atualizar e melhorar o código de regras do Legislativo. Quanto ao trabalho parlamentar, estamos fazendo a nossa parte, propondo leis, corrigindo e melhorando as mensagens do Executivo. Os próprios colegas de parlamento afirmam que o Sr. tem um estilo mais “duro” na condução dos assuntos envolvendo o Executivo. Esse estilo vai continuar?Rossoni – O Durval (Amaral) é muito elogiado, e eu reconheço isso, por sua postura política e diplomática. No entanto, cada pessoa traz consigo um estilo. Eu estou me interando ainda mais da liderança, para obter o mesmo êxito do meu colegas, mas é natural que eu imprima uma linha mais dura. Apesar disso, tenho certeza, saberei reconhecer os acertos quando eles existirem.O Sr. já foi líder do governo Jaime Lerner e agora assume a oposição. Qual é a diferença?Rossoni – Ser líder do governo traz um ônus muito maior e pesado. É muito difícil ficar na trincheira defendendo o governo. Ainda mais quando os ataques desferidos trazem embasamento e mostram a incoerência e os erros do governo, como tem ocorrido até agora. Se o governo funcionasse, tenho certeza, nosso trabalho seria mais tranqüilo. No entanto, dia sim dia não, a oposição está na tribuna mostrando alguma contradição do governo.E como a oposição obtém tantas informações?Rossoni – O governo é a nossa fonte. Além disso, temos a contribuição relevante da própria população, que nos procura, liga ou escreve para mostrar como o governo é inoperante ou falho na condução do Estado. E, nós como deputados da oposição, temos a obrigação de ler e reler os relatórios e projetos do governo atrás de algum erro ou contradição.BOX (1): Perfil Valdir RossoniValdir Luiz Rossoni nasceu em Bituruna (PR), é casado e pai de dois filhos. Eleito deputado estadual pelo quarto mandato consecutivo, Rossoni foi um dos cinco deputados mais votados do Estado, com 110.430 votos, quase o dobro dos votos alcançados em 1998. Em sua primeira eleição para a Assembléia Legislativa, Rossoni obteve pouco mais de 17 mil votos. Formado em Matemática pela Faculdade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e empresário do ramo madeireiro, a base eleitoral do deputado está concentrada na região Sul do Estado. Rossoni também já foi secretário de Administração e prefeito de Bituruna, além de primeiro secretário da Assembléia Legislativa. BOX (2): Eleição no PSDBO deputado Valdir Rossoni disputa, no próximo dia 21 de março, a presidência do PSDB do Paraná. O deputado com o apoio do atual presidente do partido, o também presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão. Além disso, é apoiado pelo prefeito de Curitiba, Beto Richa, e por toda a bancada de deputados estaduais, nove ao todo. “Não abro mão da minha candidatura, mas espero contar com o apoio de todo o partido. Acredito que possa contribuir para o crescimento do PSDB. Vontade e experiência não me faltam”, garante Rossoni.