Alguns deputados consideraram mentirosa e demagógica a interpretação feita pela Força Sindical – e publicada em seu informativo – do posicionamento dos parlamentares que votaram contra ou se ausentaram durante a votação da PEC que obrigava as empresas que recebessem incentivos do governo a manter os empregos. O Jornal da Força convoca o trabalhador a anotar aqueles nomes e avisa que “ano que vem tem eleições”. O deputado Élio Rusch (DEM), líder da Oposição, rechaçou a manifestação e disse que os sindicalistas estão equivocados ao denominar de Lei do Emprego a Proposta de Emenda Constitucional derrubada na Assembléia e afirmou que os deputados já aprovaram na Assembléia leis de incentivo á produção e a criação de postos de trabalhos aos paranaenses Rusch lembrou da Lei do Bom Emprego, de autoria do deputado Anibal Curi, para contestar a afirmação do presidente da Força Sindical, Sérgio Butka, de que as empresas foram contempladas com isenção de impostos e, por isso, devem dar a contrapartida. “Estão querendo jogar os deputados contra a opinião pública, mas não vão conseguir. Essas pessoas não conhecem a história do Paraná. Nós aprovamos a Lei do Bom Emprego. Essa lei dá uma dilação de prazo ou diferimento de impostos, jamais isenta os impostos como dizem no informativo”, disse. Rusch voltou a defender a sintonia entre o poder público e privado para promover condições efetivas de gerar e manter os empregos no Paraná.“Não podemos aceitar que meias verdades sejam transmitidas. Queremos é gerar mais empregos, que as indústrias permaneçam em nosso estado e que outras venham a se instalar aqui. O governo estadual precisa ter essa consciência e ser parceiro da iniciativa privada e não espantar novos investimentos”. Lei existenteO deputado Valdir Rossoni (PSDB) ressaltou a existência de uma lei em vigor com os mesmos efeitos práticos da PEC que foi rejeitada pelos deputados.“Fomos contra a mudança na Constituição porque era uma jogada para a opinião pública, ao invés de propor ações eficazes, como baixar impostos”, argumentou. “Já existe uma lei, basta que o governador queira executá-la. A PEC não era necessária”.Rossoni criticou também a falta de incentivos, pelo governador Roberto Requião, para promover a manutenção do emprego dos paranaenses .“Qual foi a ação efetiva que o governador tomou para segurar o emprego?”, questionou. “Nenhuma. Temos que restabelecer a verdade. Alguém próximo do governo induziu a Força Sindical a este erro. Ninguém é a favor do desemprego. Somos a favor de leis claras e que o governo tenha atitudes para manter empregos”, defendeu.O deputado Reni Pereira (PSB), lamentou o desconhecimento de algumas pessoas e que com isso gerou a polêmica diante da não aprovação da PEC.“Infelizmente a falta de informação acarretou nessas manifestações contrárias aos deputados que não votaram favoráveis à PEC. Já tem uma lei que deve ser aplicada e isso não chegou ao conhecimento deles”. Redução de ImpostosO deputado Plauto Miró Guimarães (DEM) defendeu a posição clara e transparente na atuação dos deputados diante da votação. Segundo ele, a PEC teria sido “forçada por vontade do comandante do Palácio Iguaçu” quando na verdade não precisaria ser votada por haver uma lei semelhante.Guimarães acredita que o governo deveria ter adotado ações mais claras para combater a crise no estado.“O governo teria que ter diminuído impostos e ampliado o crédito para as empresas, e isso ele não fez”, apontou. “O presidente Lula teve a atitude de reduzir o IPI em alguns itens, enquanto que aqui no Paraná o governador aprova uma minirreforma que aumenta a alíquota em itens que pesam diretamente no bolso dos consumidores”, completou, se referindo ao aumento em dois pontos percentuais no ICMS da energia elétrica, telecomunicações e combustíveis que passa a valer a partir do próximo dia 1º. Sem garantiaO líder do PSDB na Assembleia, deputado Ademar Traiano, viu na PEC a possibilidade de espantar a instalação de novas empresas no Paraná.“O que nós empresários queremos é que o estado se desenvolva cada vez mais. Poderíamos estar inviabilizando a vinda de novos empregos, porque é uma medida apresentada de forma impositiva aos empresários”.Traiano foi um dos deputados que propôs que o governador Requião dilatasse o prazo para o pagamento dos tributos estaduais, para colaborar com o fluxo de caixa das empresas.“O governo deveria preocupar-se em buscar alternativas para dar sustentabilidade às empresas. Colocar empresário na ponta da faca não funciona. Ninguém demite a bel prazer”, declarou.O deputado Edson Strapasson (PMDB), deputado da base de apoio ao governo, acredita que a PEC não seria um instrumento eficaz para o combate às demissões no estado.“Esse projeto que leva o nove de PEC do Emprego não representaria nada em termos de garantia. Não teria atuação nenhuma sobre as empresas que firmaram contratos anteriores e tem seus contratos vigentes”. O deputado Stephanes Júnior (PMDB), criticou a atitude da Força Sindical em publicar o jornal e destacou que a PEC não seria o caminho viável para a manutenção do emprego.“Votei a favor da PEC, mas acho completamente desnecessária. Como o que abunda não prejudica, votamos a favor”, disse.