Deputado recordou na tribuna da Assembleia Legislativa as atrocidades contra a população brasileira nos 21 anos de chumbo da ditadura militar O deputado Waldyr Pugliesi, presidente estadual e líder do PMDB na Assembleia Legislativa, aproveitou a sessão desta terça-feira (31 de março), para recordar os 45 anos do golpe militar de 31 de março de 1964. “Naquela época aqui no Brasil, tínhamos um governo legítimo, que saiu das urnas, mas uma campanha das elites do Brasil, daqueles que não abriam mão de nada, fez com que tivéssemos aqui um golpe militar contra as instituições”, destacou Pugliesi. A ditadura militar no Brasil durou cerca de 21 anos (de 1964 a 1985). O líder do PMDB é um dos fundados do partido no Paraná, em março de 1966, e pautou sua vida pública em defesa da democracia e dos direitos dos cidadãos. Pugliesi destacou a presença, na Tribuna de Honra da Assembleia, do ex-dirigente estudantil Vitório Sorotiuk. “Lá, naquela época do Golpe Militar, Sorotiuk comandava o Diretório Central dos Estudantes (DCE) Hugo Simas (da Universidade Federal do Paraná) e por ir as ruas como eu fui e tantos outros fomos, ele foi preso e ficou dois anos e 10 meses na cadeia, porque se levantou contra a ditadura militar que estava se implantando”, relatou. O ex-líder estudantil, segundo Pugliesi, foi expulso do país e passou um longo período no Chile e na Europa. “Assim como ficou o José Serra que hoje está pretendendo ser presidente da República, o (Miguel) Araes, o (Leonel) Brizola e tantos outros companheiros tiveram que fugir do país, senão seriam assassinados como tantos outros foram assassinados”. Pugliesi lembrou que o regime militar acabou com as instituições de forma arbitrária e truculenta. “Logicamente que para destruir as instituições precisavam golpear as câmaras municipais de vereadores, as assembléias legislativas, o Senado, a Câmara Federal. Fizeram tudo isso por quê? Porque o povo brasileiro estava se organizando”. REVOLUÇÃO SOCIAL – “Os trabalhadores estavam sendo sindicalizados para defender os seus direitos, para alcançar neste país, o mínimo de dignidade. As mulheres se concentravam na Federação Nacional das Mulheres, os estudantes na União Nacional dos Estudantes”, relatou. O líder do PMDB recordou que todos os que se colocaram de forma contrária ao regime discricionário foram taxados de inimigos do país, subversivos que queriam destruir e entregar a nação a ex-União Soviética. “Até hoje, decorridos todos esses anos, eu não vejo acontecendo nada daquilo na prática eles diziam que iria acontecer”. Para Pugliesi, parte da verdade sobre o golpe e a ditadura militar só veio à tona com a abertura de documentos secretos do governo norte-americano, mostrando a participação da Embaixada Americana na contra-revolução promovida pelos militares na noite de 31 de março de 1964. Pugliesi recordou ainda de outros brasileiros, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil tiveram que abandonar o país. “E parece que tem gente que tem saudades destes tempos malditos da ditadura militar”, disse. O deputado alertou à sociedade sobre a necessidade de manter forte e respeitadas as instituições, caso contrário a democracia brasileira estará em risco novamente. NOJO DA DITADURA – O líder do PMDB lembrou da manifestação do ex-deputado federal Ulysses Guimarães, ao promulgar a Constituição Federal em 1988. “Ele falou mais ou menos isso: “nós temos ódio e nojo à ditadura! Nós queremos que das urnas nasça o verdadeiro poder, para que aqueles que estão legitimados pela democracia possam governar os municípios, o Estado e o País. Mas, não queremos a volta do regime discricionário. Nem aqui e nem em nenhum lugar do mundo. É isto o que nós pretendemos”, relatou. Pugliesi encerrou o pronunciamento relatando o assassinato do jornalista Wladimir Herzog em uma prisão em São Paulo. “Este caso só veio à tona porque o rabino Henry Sobel se negou a fazer o sepultamento dele no cemitério dos judeus, no espaço reservado para aqueles que se suicidam e afirmou que o Wladimir Herzog tinha sido assassinado pela ditadura militar”. “Dali alguns dias o mundo tomou conhecimento que aqui no país se matava aqueles brasileiros que discordavam do governo que estava implantado de maneira irregular e ilegal. E aí o Rabino e D. Paulo Evaristo Arns, lá na Catedral de São Paulo, fizeram um ato ecumênico e dali para frente a ditadura perdeu força, ela foi derrapando para a lata do lixo, que era o lugar onde ela deveria chegar”, encerrou Pugliesi.