O deputado Plauto Miró (DEM) manifestou preocupação em relação às denúncias formuladas pelo colunista Celso Nascimento, do jornal Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (03), a respeito da nova investida da Copel para comprar as ações da Sanepar em poder da multinacional francesa Vivendi/Sanedo.Plauto resumiu as dúvidas que o caso da compra da parte dos franceses da Sanepar pela Copel desperta nos deputados. “Por que esse negócio? A Sanedo tem 30% do capital no consórcio Dominó e agora o governador está usando a Copel para comprar a parte dos franceses”, alertou Plauto.Segundo o parlamentar, a Copel possui 15 % das ações que compõem o Consórcio Dominó. Com a aquisição chegará aos 45%, o que não permitirá que a empresa tome decisões dentro do conselho da Dominó.“É estranho que a Copel compre essas ações e continue na situação de minoritária. Ela não vai poder romper o acordo de acionistas que o governador insiste cancelar na justiça e que tantas vezes perdeu. Não será viável para a Copel empregar R$ 42 milhões de euros (R$ 110 milhões) na compra dessas ações”, afirmou.“O governo precisa de uma autorização dos deputados para realizar essa transação. Mas não entendemos o desejo de compra já que existe uma lei, proposta por esse governo, que proíbe a participação da Copel, de maneira minoritária, em qualquer sociedade”, lembrou Plauto.SuperfaturadoO deputado afirma ainda que o valor que se pretende pagar pela parte da Sanedo no Consórcio Dominó é muito maior do que foi pago pelos franceses.“A Sanedo pagou R$ 75 milhões. Agora a Copel quer pagar R$ 110 milhões. Eu não sei quem é que está comandando desta tramóia, mas dá a sensação de que alguém vai levar vantagem, e não será o povo do Paraná”, advertiu Plauto. Negociação obscura O deputado Durval Amaral (DEM) também estranha a forma como esse negócio vem sendo conduzido. “Se o valor subscrito no contrato social foi R$ 75 milhões, qual a razão para o governo pagar R$ 110 milhões? A Copel não poderia pagar mais que os R$ 75 milhões. Está se falando em uma gordura de R$ 35 milhões, o que é extremamente grave”, diz o deputado. “É uma questão de lógica. Se a Copel tinha 15% do negócio e vai comprar 30% da Sanedo dá 45%. Quem tem 45% no negócio não tem nada e quem não tem nada não pode jogar pelo ralo R$ 110 milhões. São 110 milhões para não ter nada de coisa alguma. Por mais vantajoso que possa ser, para o estado do Paraná e para os acionistas da Copel é um péssimo negócio”, prossegue Durval Amaral.CPI O deputado Élio Rusch acha que esse caso vai acabar resultando em uma CPI. “As coisas têm de ser esclarecidas. Se o governo vai bem os paranaenses vão melhor. Não é possível que o governador tenha conhecimento deste trambique envolvendo a Copel e a Sanepar. A Assembléia fez uma CPI da Copel que elaborou o esboço de uma lei (14286) aprovada por todos os parlamentares e sancionada pelo governador. A Copel só pode participar do consórcio mediante autorização legislativa, conforme a própria lei sancionada pelo governador”. Bancada analisa medidas judiciaisO líder da Oposição na Assembléia, deputado Valdir Rossoni (PSDB), anunciou nesta segunda-feira (3) que a bancada oposicionista vai se reunir para avaliar a denúncia. Serão discutidas a convocação do ex-procurador-geral Sérgio Botto de Lacerda e o convite do representante da Sanedo Marlik Bentabet para que venham explicar a negociação aos deputados. Também, segundo Rossoni, serão discutidas as medidas judiciais para impedir o negócio.Rossoni diz que o negócio é muito estranho, até porque foi detectado um inexplicável aumento de 500 mil euros no negócio (inicialmente orçado em 40 milhões de euros), que pode ser atribuído ao pagamento de intermediação. Além disso, segundo Rossoni, “o governo age sem lei. Para que um negócio desses seja realizado é preciso que a Assembléia aprove uma lei específica”.O líder da Oposição estranha também os antecedentes desse negócio que vinha sendo conduzido por Botto de lacerda. “Temos que chamar aqui o Botto e o francês para dizer o que estavam propondo a ele nesta negociação. Por que a pressa? O governador está achando que governar é como administrar um supermercado, que ele pode vender e comprar a hora que bem entender, pelo preço que lhe convier. Vamos entrar na justiça e ele terá que vir pedir autorização a esta casa para depois concretizar a negociação”, advertiu Rossoni. Liderança da OposiçãoAssessoria de Imprensa41-3350-4193Sonia Maschke/Jaime Santorsula Martins