19/04/2006 10h12 | por Miguel Ângelo e Sonia Maschke
A Proposta de Emenda Constitucional 040/05, que prevê o fim da contratação de parentes de políticos no setor público, foi rejeitada nesta terça-feira, na Assembléia Legislativa. Dos 54 deputados, 29 votaram a favor da PEC. A emenda precisaria de 33 votos para ser aprovada. Duas propostas sobre o mesmo tema serão discutidas nas próximas sessões. A bancada da Oposição vai apresentar emendas tanto à mensagem do governador quanto à emenda apresentada hoje (18) pelos deputados do PMDB. Para o líder da Oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), as manobras do governo não vão impedir a aprovação de um projeto que seja condizente com o clamor da população. “Vamos propor que a PEC seja aplicada imediatamente após a aprovação, e não somente em 2007, como quer o governador. Também vamos tentar derrubar a proposta do PMDB, que prevê exceções, como em casos de nomeações de secretários estaduais”, disse Rossoni.AusentesO deputado Reni Pereira criticou a ausência de parlamentares durante a votação da PEC-40. “Pior do que aqueles que votaram a favor nepotismo são aqueles que escolheram não votar sem justificativa nenhuma com medo da opinião pública", afirmou o deputado, pertencente à bancada do PSB que votou em sua totalidade pela aprovação da emenda. LembrançasO esforço do governo em barrar a PEC anti nepotismo acabou suscitando lembranças sobre a postura política do governador, que mudou radicalmente nos últimos 20 anos. “Eu quero voltar no ano de 1982, quando o governador Roberto Requião, na época, eleito deputado estadual e na tribuna desta Casa, deixou claro a sua posição sobre o nepotismo”, disse o líder do PFL, deputado Plauto Miró Guimarães. Ele reproduziu a fala de Requião, da época: “...Detemos uma parcela do poder no Estado e temos que dar respostas aos anseios do nosso povo por melhores condições de vida. No entanto, fique claro, assumimos também que para pôr fim ao nepotismo, ao compadrio, aquilo que um dos companheiros de nossa bancada chama de mumunha, assumimos o poder para honrar os compromissos com o povo e para desalojar os barões da mumunha, que pensavam e pensam que a administração do Estado se dá ao redor do umbigo”..., teria dito o governador na época.Uma mudança tão radical, conforme Plauto, só pode ser por pressão da família. “O que mudou do deputado Roberto Requião de 1982 para o governador Roberto Requião de 2006? Lá atrás ele criticava os seus companheiros que tinham parentes no governo e hoje ele faz exatamente ao contrário: vem pressionar os seus deputados nesta Casa para votar contra a lei do deputado Tadeu Veneri que pretendia acabar com a folia de nomear parentes em cargos de comissão”, comparou o pefelista.Para Plauto, deve ser a pressão da família que fez o governador mudar de idéia. “Nós sabemos que o Ministério Público recebeu uma denúncia de que 26 parentes do governador têm cargos em comissão no Estado, o que não é pouco”, compara. * Em anexo quadro da votaçãoLiderança da OposiçãoFone: 3350-4193Miguel Ângelo e Sonia Maschke