Pesquisas com temas que afetam o dia a dia da população marcam o segundo dia da III Semana Acadêmica Gestão urbana, mudanças climáticas e políticas públicas foram os assuntos abordados pelos acadêmicos.

30/08/2023 18h11 | por Jaime S. Martins
O segundo dia da III Semana Acadêmica da Escola do Legislativo ocorreu ao longo de toda esta quarta-feira (30).

O segundo dia da III Semana Acadêmica da Escola do Legislativo ocorreu ao longo de toda esta quarta-feira (30).Créditos: Valdir Amaral/Alep

O segundo dia da III Semana Acadêmica da Escola do Legislativo ocorreu ao longo de toda esta quarta-feira (30).

O segundo dia da III Semana Acadêmica da Escola do Legislativo, da Assembleia Legislativa do Paraná, foi marcado pelo debate de temas que envolvem o dia a dia da população. Durante todo o dia, gestão urbana, mudanças climáticas e política públicas foram os assuntos abordados pelos acadêmicos.

Na parte da manhã, as mudanças climáticas dominaram os trabalhos. A preocupação trazida pelos acadêmicos envolvia a preocupação com os alagamentos em Curitiba, áreas em que vivem pessoas com maior vulnerabilidade. A estudante Mayara Bormann Azzulin abordou a ciência cidadã, com foco na tentativa de minimizar os eventos, no que tange as mudanças climáticas, e levou em consideração quem realmente presencia e vivencia os impactos com o objetivo de entender como essas pessoas entendem as mudanças no clima. A autora comparou o plano de mitigação com a realidade dessas pessoas e comprovou que existem novas áreas de risco na cidade, em relação ao que é apresentado no plano.

Também nessa seara, o trabalho apresentado por Murilo Noli da Fonseca, trouxe a preocupação em avisar essas pessoas das ocorrências climáticas de maior gravidade. Ele fez um estudo comparado com o CEP das áreas de risco com os telefones celulares cadastrados na Defesa Civil para receber alertas de incidências meteorológicas.

Segundo o estudo, apenas 8% da população da cidade de Curitiba está cadastrada para receber esse alerta, mas a preocupação aumenta quando se percebe que nas áreas de maior risco esse percentual cai para 3,3%. Seriam dois fatores para essa incidência, áreas em que as ruas não são devidamente regulamentadas e, por isso, não possuem CEP, e também pessoas com menor poder aquisitivo que não possuem celular para receber os alertas.

Segundo o autor, é preciso criar um sistema multicanal para que esse comunicado chegue, de fato, às pessoas que correm maior risco com esses desastres naturais.

Também envolvendo enchentes e alagamentos, o estudo apresentado por Gabriel Troyan Rodrigues focou em mecanismos para prever inundações, focando além da quantidade de chuva prevista pelos institutos oficiais e, sim, na condição de solo e outras características da região. Ele usou como exemplo a área do Ribeirão dos Padilhas, em Curitiba.

Outra preocupação apresentada, no trabalho desenvolvido por Demian da Silveira Barcellos, que afeta o meio ambiente e também a saúde, foi em relação à qualidade da água em razão do despejo inadequado e involuntário de fármacos. De acordo com o estudo, o descarte irregular pelas pessoas de remédios vencidos e até mesmo expelidos pelo organismo tem afetado a qualidade da água, pois os “compostos não serão removidos nem no ciclo do esgoto nem no tratamento”.

Mobilidade urbana

A preocupação com a logística e mobilidade urbana foi apresentada por Rafaela de Almeida, que mostrou como o avanço das compras on-line (e-commerce) tem afetado diretamente na logística urbana, em razão da distribuição e entrega dessas cargas.

Segundo a pesquisa, os gestores se preocupam com a mobilidade urbana (o deslocamento diário das pessoas) e não com a logística. Os pontos cruciais são a inexistência de vagas suficientes para carga e descarga; a falta de incentivo para a instalação de Centros de Distribuição Urbano; o uso de veículos elétricos e a inexistência de vias exclusivas para o transporte de cargas. “Há uma maior restrição para a circulação de veículos maiores, mas acaba tendo uma maior circulação de veículos menores para fazer esse transporte. Os gestores priorizam os passageiros e é preciso dividir esse espaço”, sinalizou.

Encerrando as atividades da manhã, Marina Quirino Luxi de Paula apresentou um estudo mostrando que projetos de habitação do primeiro ciclo do programa federal Minha Casa Minha Vida concentrou as habitações na faixa 2 do projeto, onde as incorporadoras têm condições de obter mais lucros, e em áreas de baixa inserção urbana, ou seja, mais afastadas do centro das grandes cidades. No período analisado, somente 20% dos empreendimentos estavam na região central.

De acordo com a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Uninter e mestra e doutora em Gestão Urbana, Manoela Jazar, os trabalhos apresentados nessa manhã se dividiram em duas esferas. O olhar para a contribuição da sociedade e o agente protagonista, voltado para o legislador e uma participação significativa da iniciativa privada. “Todas as apresentações foram ricas. Muitas com temas correlacionados e fundamentais para a discussão”, disse.

A coordenadora Pedagógica da Escola do Legislativo, Roberta Picussa, classificou o segundo dia da Semana Acadêmica como muito produtivo para o debate entre a universidade e o Poder Legislativo, pelos temas de grande relevância apresentados. “Foi importante porque todo o pesquisador tem essa vontade de se ‘traduzir’ foi o que ocorreu, os trabalhos mostraram o que está sendo feito na Academia e que envolve diretamente as pessoas e o ambiente onde vivem”.

Pessoas e cidades

No período da tarde, três trabalhos envolveram, além da mobilidade, a preocupação com as pessoas. Como um estudo que analisou o deslocamento dos estudantes para a escola e como isso afeta a saúde mental deles. De acordo com a pesquisa, realizada por Gesse Ferreira Lima, que foi realizada em dois períodos (durante e pós pandemia da covid-19), foi constatado um impacto significativo na condição de bem-estar mental dos respondentes em razão do isolamento social, e apresentou informações relevantes para futuras análises sobre saúde mental, meio de transportes, tempo de deslocamento, renda e outros fatores relacionados.

Já a ciclomobilidade com foco no gênero feminino foi abordada pela acadêmica Yenifer Segovia que fez um comparativo entre as cidades de Curitiba e Barcelona visando à atividade cotidiana. Ela apontou a necessidade de um planejamento responsável e que a troca constante de gestão, no caso de Curitiba, afeta uma maior política urbana sobre o tema, ao contrário de Barcelona, onde existe uma verba constante para investimento e renovação do plano de mobilidade. Ainda assim, as duas cidades apresentam algumas similitudes, como a falta de ciclovias, ciclovias que não são continuadas e outras que não há razão para existir, além da falta de manutenção.

O uso de drogas no contexto urbano foi a abordagem apresentada por Fabiana Silveira com o foco na saúde e segurança pública. Ela apontou como o aumento do uso de drogas e a ocupação dos espaços públicos afetam o cotidiano das pessoas e destacou que “o uso de drogas é uma ação individual, mas quando passa a ocupar o espaço urbano afeta a coletividade”.

Um dado apresentado chamou a atenção. 62% das mulheres entrevistadas defendem a regulamentação do comércio de drogas, enquanto que entre os homens o número é de 45% e salta para 64% quando considerados os jovens, entre 20 e 25 anos.

Uma análise comparativa entre as feiras urbanas de Curitiba e Varsóvia, na Polônia, apresentou como esse comércio tem resistido ao longo dos anos e, principalmente, o seu vínculo com a comunidade próxima e o impulsionamento da economia local. A autora da pesquisa apontou que hoje, muitos feirantes deixaram de ser produtores, revendem os produtos, mas que o vínculo permanece. Ela agradeceu ao espaço dado pela Escola do Legislativo. “A gente percorre um caminho tão solitário e é um momento de alegria poder compartilhar esse nosso momento, a nossa pesquisa”.

Tecnologia

Como deixar uma cidade digital, foi a base do trabalho de Danieli Aparecida From, que analisou os serviços prestados pelo município de São José dos Pinhais e as opções que o Poder Público teria de oferecer serviços conectados para a população por meio da IOT. Ela apontou que aplicativos de estacionamentos, semáforos inteligentes são opções dessa conectividade.

Assim como o acadêmico Robert Chede Neto que abordou a requalificação de bairros e centros das cidades através do Business Improvement District, um mecanismo em que os comerciantes de determinada área, através da arrecadação de impostos, são os responsáveis por definir a forma como esses recursos serão investidos. Esse mecanismo difundido em várias partes do mundo foi um meio encontrado para que o comércio de rua não perdesse espaço diante da concentração de shoppings nas cidades, que oferecem mais segurança e conforto à população. Citou como exemplo a Times Square, cidade de Nova York nos Estados Unidos, que na década de 1980 era um reduto de prostituição e consumo de drogas, e hoje é um dos locais mais visitados e fotografados do mundo.

Também na área tecnológica, Augusto Pimentel Pereira, fez uma abordagem com o intuito de mostrar a realidade das cidades com o uso da tecnologia, o que contribui para a gestão pública, com o uso de ecossistema BIM, CIM e GIS de Curitiba.

Finalizando as apresentações da tarde, que tiveram como debatedora a doutora e mestre em Gestão Urbana Rosana Martinez, o planejamento urbano nos municípios brasileiros de pequeno porte foi o tema da pesquisa de Aline Galinari Santoro.

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