24/03/2006 17h53 | por Jornalista Miguel de Andrade
Hipocrisia, manobra diversionista, sarcasmo foram alguns dos termos utilizados por deputados da bancada de Oposição da Assembléia Legislativa, quando foram convidados a opinar sobre a PEC (Proposta de Emenda à Constituição), de autoria do governador Requião para acabar com o emprego de parentes de políticos no setor público só a partir de 2007.“É a maior piada do ano. Ultrapassou o limite do sarcasmo e caiu no cômico. É menosprezar a inteligência do paranaense. Como alguém que tem 26 parentes empregados no primeiro escalão do governo tem autoridade para falar sobre nepotismo e ainda ousa atropelar uma lei que já está tramitando na Assembléia?”, disparou Barbosa Neto, da bancada do PDT.De acordo com informações, além de dar emprego para os irmãos, Maurício e Eduardo, na Educação e Porto de Paranaguá, respectivamente, o governador Requião emprega ainda outros 24 parentes, em cargos de primeiro escalão do governo, que são aqueles com as mais altas remunerações.Em cima da horaO líder da bancada de oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), criticou o casuísmo do governador, especialmente porque já está tramitando na assembléia, um projeto de autoria do deputado Tadeu Veneri (PT), sobre nepotismo. “Se fosse intenção do governador contribuir para esta lei, poderia acionar um representante da sua numerosa bancada aliada para emendar o projeto”, ensina Rossoni. Mas, ao que tudo indica, o governador tenta assumir a paternidade depois de ferir princípios éticos da função pública. “O governador está chovendo no molhado. Cabe perguntar porque está fazendo isso só final do mandato? Deixou seus 26 parentes em bons cargos em comissão pelos quatro anos e agora quer cortar a benesse para os próximos governantes. É muita hipocrisia”, criticou o deputado tucano.Para o deputado Plauto Miró Guimarães (PFL), o governador está vendo o cerco se fechar e agora busca uma saída. “O governador percebeu que a Assembléia vai aprovar uma lei proibindo o emprego de parentes no setor público e aí resolveu criar outra lei sobre o assunto para tentar evitar o desgaste político frente à opinião pública”, analisa o pefelista.IndicativoAlém de corroborar com a opinião de seus colegas, o deputado José Domingos Scarpellini (PSB) vai além e acredita que o prazo para que a lei vigore só em 2007 é emblemático para Requião. “É a prova de que ele vai não vai ganhar as eleições. Ele (Requião) está propondo para o ano que vem, para outros governantes, prova que enquanto Requião for governador não vai mexer no nepotismo”, provocou.O líder da bancada tucana, deputado Ademar Traiano, também é contra esta condição de prazo para vigorar: “eu acho que se as coisas forem para ser aplicadas devem ser de imediato. O Requião está postergando para proteger os irmãos e família. Se a lei é para um deve ser para todos. A Assembléia vai votar o projeto do deputado Tadeu Veneri, e na minha opinião a PEC do Requião é matéria vencida”, sentenciou.