Buscar no Portal ALEP
Filtrar resultados

TV Assembleia: grafiteiro GardPam relembra trajetória e reflete sobre a arte como terapia e transformação social

Artista paranaense, com obras espalhadas por 29 países, fala ao programa Arte & Cultura sobre o poder do grafite, sua relação com Curitiba e os desafios da intervenção urbana.

Créditos: Arte: Anne Botero

A arte como terapia ao outro e retribuição à Curitiba, cidade em que vive há mais de três décadas, são alguns dos motores que movem o grafiteiro GardPam. Na edição desta sexta-feira (10) do programa Arte & Cultura, da TV Assembleia, o icônico artista urbano paranaense conta detalhes sobre seu percurso no mundo artístico e reflete sobre o seu trabalho, estampado em 29 países distribuídos por quatro continentes. De relevância nacional, GardPam tem obras em todas as capitais brasileiras. A conversa entre ele e o jornalista Adriano Gomes vai ao ar às 13h, com reprise às 18h. O conteúdo também pode ser conferido no canal do YouTube da emissora.

Dentre os destaques da conversa, está a origem do nome GardPam, um apelido dado por amigos que funde “Gardenal”, nome de medicamento que se tornou uma alcunha que o acompanha desde jovem, com “Pâmela”, nome da sua esposa, companheira do seu trabalho. Quando se aproximou do grafite, há 17 anos, cursava Terapia Ocupacional na UFPR (Universidade Federal do Paraná). Foi na faculdade que soube de uma oficina de intervenção urbana.

Segundo ele, mesmo não tendo concluído a graduação, a Terapia Ocupacional se tornou parte intrínseca do seu projeto artístico. “A terapia ocupacional trata através da prescrição de atividades, não de remédios. É comum todo ser humano ter algum tipo de dificuldade, na área física, social ou psíquica. A arte faz um trabalho gigantesco para prevenir você chegar até o ponto de precisar de um atendimento”, reflete GardPam. “Ela traz paz, reflexão, e sentimento de comunidade”.

A estreia de GardPam ocorreu em 2012, quando grafitou no muro da Capela do Atuba, em Colombo, município da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Desde então, sua obra percorre os mais diversos temas, como religião, política, arte e futebol. A escolha é definida principalmente pelo contexto. “Quero algo que vá juntar”, destaca. “Faço uma separação bem grande da minha arte, sei separar para poder atingir o objetivo que eu tenho naquele lugar".

Uma viagem realizada em 2015 representou uma “virada de chave” na dimensão que a arte ocupava na sua vida, conta GardPam. Ao longo de sete meses, morou no porta-malas de um veículo com a família e rodou o Brasil. “Eu conheci muitos artistas pelo Brasil que são amigos meus até hoje. Fiz muita amizade, pintei e tive a expansão de visão da arte. Eu vi que eu poderia trabalhar com isso, que dá para ganhar dinheiro e o quanto isso pode influenciar na vida de uma cidade inteira”, conta.

A escolha desafiou concepções pessoais. “Meu pai é pedreiro e minha mãe é faxineira. Cresci com a ideia de que eu tinha que trabalhar. Só isso. Me formar, fazer curso e trabalhar. Jamais que o desenho poderia ser uma fonte de trabalho”, relembra. Com uma filha de 11 meses, o desafio era maior ainda. O apoio da família, tanto da esposa como dos pais, foi crucial. “Consegui conciliar de uma forma que acredito ser mágica”, revela. “Acho que é o mais importante, porque se as pessoas da tua casa não concordam com o que você faz, é quase impossível realizar aquilo”.

O bate-papo também permite ao telespectador conhecer melhor as diferentes influências do artista urbano, como o cartoon e o digital. Ao abordar sua experimentação, GardPam considera que inventou um estilo sem nome, que mescla traços de Oscar Niemeyer e Poty Lazzarotto. “Estou usando um estilo que junta os dois para esses grandes murais”, conta. “Tem um traço um pouco mais livre e artístico, pensando no futuro, se precisar refazê-lo. Porque eles acabam se tornando ícones”.

Os planos futuros de GardPam, como seu “sonho maluco” de pintar em todos os países do mundo, e os desafios contemporâneos aos grafiteiros também são tópicos do programa. “Temos agora algumas ondas de pessoas que estão indo contra a intervenção urbana. Eles estão vendo o poder que tem a intervenção urbana de mandar mensagem, de comunicação. Então, ela é muito perigosa”.

Onde assistir

O programa é exibido às sextas-feiras, às 13h, na TV Assembleia, no Canal 10.2. A entrevista com GardPam também pode ser conferida no canal do Youtube TV Assembleia do Paraná, a partir do mesmo horário.

Gravado no Salão Nobre da Assembleia Legislativa, o Arte & Cultura traz artistas, músicos, cineastas e comunicadores paranaenses e brasileiros para debater a produção cultural e histórica do Paraná e do Brasil.

A cada semana, atração recebe grupos folclóricos, coreógrafos, maestros, diretores de museus, artistas plásticos, diretores e produtores de teatro, escritores e poetas para um papo descontraído sobre o mundo das artes.

Assembleia Legislativa do Estado do Paraná © 2019 | Desenvolvido pela Diretoria de Comunicação