Tantas foram as histórias contadas pelo convidado do “Fala Deputado” desta semana, Tadeu Veneri (PT), que a gravação do programa da Rádio Assembleia, que costuma durar, em média, quinze minutos, ultrapassou fácil os quarenta. Mas valeu a pena! A cada nova resposta, vinha um desdobramento. Sobre a entrada para a política, contou toda a trajetória da família, de União da Vitória, para depois chegar ao real motivo. “Sou de uma família de ferroviários por parte de pai. Já minha mãe, uma mulher generosa, me ensinou a gostar de leitura, de música clássica, artes...  E me lembro de estar junto dela na época em que a população brasileira deveria escolher entre os regimes Presidencialista e Parlamentarista. Mas a primeira lembrança de política que me vem à cabeça foi a renúncia do Jânio Quadros”, lembrou.  

Mas foram as injustiças sociais, observadas desde menino, no tratamento dos mais ricos para com as pessoas mais pobres, que fizeram Veneri se definir politicamente. Essa tendência socialista se confirmou quando passou a militar ativamente no movimento sindical, entre os bancários, onde lutava pelos direitos dos funcionários liderando greves e, mais tarde, quando se filiou ao Partido dos Trabalhadores (de onde nunca mais saiu).  

Em 1996, inicialmente como suplente, acabou se tornando vereador em Curitiba. Dois mandatos depois, em 2002 foi eleito deputado estadual. Mesmo sendo da base de apoio ao Governo do Estado na época, votou mais de uma vez contra projetos do próprio Governo. “Eu sou coerente e sempre tentei agir de maneira que as pessoas não se decepcionassem comigo”, argumentou.

De um simples nome para completar a chapa do partido para a primeira eleição na Câmara Municipal, para se tornar umas das referências na Assembleia Legislativa do Paraná, não levou muito tempo. E, ao longo da entrevista, o parlamentar contou que, com o tempo, foi tomando cada vez mais gosto pela política. E a família acompanhou. “Tenho muita sorte de ter a família que eu tenho, porque já sofreram em função das minhas escolhas, mas entenderam. E lá em casa todo mundo é filiado ao PT. Até os genros”, brinca.

Citou frases como “Os filhos são sempre melhores que a gente”, em referência ao que os pais estão deixando para as novas gerações. “Sou muito chato”, para falar da marcação cerrada que faz com os filhos ainda hoje. E aproveitou para declamar versos de Carlos Drummond de Andrade, para fazer uma reflexão sobre o período de intolerância pelo qual passa o país: “As leis não bastam. Os lírios não nascem das leis”.

Das muitas e boas histórias que Veneri contou durante o programa, o destaque ficou por conta da paixão pela leitura (ele até deu dicas de livros) e pelo Paraná Clube. Tricolor de coração, esse quase psicólogo (ouvindo o programa, você vai descobrir porque ele não concluiu o curso) garantiu que, mesmo o time estando na segunda divisão do Campeonato Brasileiro há alguns anos, ele não desanima. “Frequento estádios, brinco, canto. Sou torcedor de carteirinha”.  

E se você é como Tadeu Veneri, que acredita que as coisas estão ruins, mas que vão passar, que acredita no afeto entre as pessoas e que prega a tolerância, não deixe de ouvir o programa numa estação de rádio aí da sua região ou aqui mesmo, no site da Assembleia.