*Marcos Valente IsferRecebemos esta semana no Paraná as visitas do deputado federal e membro da Comissão Parlamentar de Saúde Ismail Sukkariyyah, representante do parlamento libanês e sua Eminência Sayyed Bilal Wehbe.Uma visita de cortesia que possibilitou ao município de Curitiba e a capital do Líbano, Beirute, ampliarem seus laços de amizade e conhecimentos técnicos.As duas cidades em breve devem se tornar “cidades irmãs” o que irá proporcionar uma maior troca de informações e de experiências.O sistema político de nossos irmãos do Oriente é bem diferente do nosso e o próprio deputado Ismail explicou a particularidade. Lá não é necessária a filiação partidária para que um político exerça mandato popular, pois o sistema parlamentarista prevê a escolha dos candidatos através de uma lista. Além disso, os custos de uma campanha eleitoral também são reduzidos, a forma de se fazer campanha é que chama a atenção, vota-se pelo currículo do pretendente ao cargo público, por suas relações com a sociedade e principalmente por suas idéias.Ou seja, é pelas atitudes que se conhece o político.O Líbano é conhecido mundialmente como o “País do Cedro” e mais que importante eixo comercial entre Ocidente e Oriente, é um símbolo da reconstrução. A história nos revela que desde a Antiguidade, quando abrigou a civilização fenícia, o Líbano faz esta ligação em razão de sua localização, na costa leste do mar Mediterrâneo, onde ficam suas principais cidades, Beirute e Trípoli.Devastada por uma longa guerra civil que durou 15 anos (1975 a 1990), o trabalho de ressurgimento das cinzas é feito gradualmente, sem impactos profundos que agridam mais ainda sua população. A capital, Beirute, retomou o papel de importante centro turístico e financeiro no Oriente Médio, e o reflexo já pode ser sentido na economia. O PIB libanês cresceu, em média, 7,7% ao ano na última década, uma das maiores taxas do mundo que faz com que o país seja considerado a “Nova América do Oriente”.Hoje o país reúne 10 bilhões de dólares em financiamentos internacionais e locais, a custos subsidiados, aguardando empreendedores que os destinem a projetos de infra-estrutura turismo e entretenimento. A presença do Líbano no Brasil é muito marcante e teve inicio no final do século XIX, quando o Imperador do Brasil Dom Pedro II visitou o Líbano e atualmente, mais de 5% da nossa população é de origem libanesa, ou seja, são mais de 9 milhões de habitantes, sendo que 6.000 parlamentares brasileiros, ou 10% do total, têm origem libanesa. Os laços brasileiros no Líbano são extensos, tanto é que no Vale da Becaa no leste do país, grande parte da população fala o português e hoje a comunidade brasileira no país, chega a mais de 6.000 pessoas.Tenho uma história particular a contar a respeito da forte linha que nos une com a população libanesa.O país é o berço de minha família que ajudou a construir, na edificação da própria vida, a cidade de Curitiba.Construção essa que se iniciou em Isbail, quando meu bisavô Jorge Antonio se casou com Chaide Antonio, ela, a “vó Rosa”, então com 18 anos. Chegaram ao Brasil no final de 1895 e, em 10 de fevereiro de 1896, nasceu-lhes o primogênito Abib, meu avô, um carioca concebido no Líbano.A família fixou residência em Juiz de Fora nas Minas Gerais, mas por pouco tempo, retornando para o Líbano, onde, em 1899, nasceu o segundo filho, Manoel Antonio, um Libanês concebido em Minas Gerais.No mesmo ano a família voltou ao Brasil, a Campo do Tenente no nosso estado, mudando-se em seguida para Rio Negro. E os anos se passaram, e dos sete filhos do casal pioneiro, a Cidade de Curitiba foi o berço de aproximadamente 300 Isfer, brasileiros com seus corações também libaneses.E é por isso que rendo homenagens à comunidade libanesa, pelo exemplo a ser seguido no que diz respeito à persistência de seu povo, na firmeza de seus atos e na responsabilidade de seu governo.*Marcos Valente Isfer é deputado estadual (PPS-PR)Informações: 3350-4098