Acareação Na Cpi da Espionagem Confirma que Aparelho Era Grampo

19/05/2011 11h22 | por Nádia Fontana e Rodrigo Rossi / Foto: Maria de Freitas

Créditos: Nádia Fontana e Rodrigo Rossi / Foto: Maria de Freitas

A acareação entre o perito do Instituto de Criminalística do Paraná Rubens Alexandre de Faria e o perito Antônio Carlos Walger, da empresa Embrasil, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Espionagens, ontem (18), evidenciou que o equipamento encontrado na Assembleia Legislativa é um grampo clássico e poderia ser utilizado de maneira criminosa. O presidente da CPI, deputado Marcelo Rangel (PPS), afirmou que a Casa estava sendo espionada. “Houve crime na Assembleia Legislativa”, disse o parlamentar.
Segundo o perito Faria, que também é professor da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR), embora afirmando não ter acompanhado o levantamento de informações no local, onde o equipamento foi encontrado – na   sala de reuniões da Presidência, localizada ao lado do Plenário – em fevereiro, os testes em laboratório não reproduziram a situação de escuta, apesar do equipamento ter condições de captar conversas. “Teoricamente o equipamento localizado no PABX telefônico pode transmitir. É um grampo clássico. Porém, não consegui reproduzir essa situação em laboratório. Mas é um equipamento que poderia sim ser utilizado para o dolo”, afirmou.
Já Walger voltou a afirmar que “existia grampo na Assembleia”. Ao ser questionado pela imprensa sobre as conversas que teriam sido gravadas disse que “não foram localizadas”. De acordo com Walger, o transmissor podia alcançar uma distância de até 100 metros. “Provavelmente, as gravações aconteciam no estacionamento localizado nas proximidades da central telefônica”, sugeriu.
Revelações - O representante da Embrasil, empresa contratada pela Mesa Executiva para localizar as escutas telefônicas nesta Casa de Leis, citou em diversos momentos o relatório que entregou à CPI. Recordou, inclusive, que fez uma gravação usando o sistema de grampo, que está anexada ao relatório. “No local havia sinais evidentes de que outros grampos existiram ali e foram retirados”, frisou. Walger também citou o fato de ter encontrado um equipamento – que poderia ser usado como bloqueador e receptor – numa sala localizada no quarto andar, onde funcionava anteriormente a diretoria administrativa. “Encontrei esse equipamento junto com CDs e próximo de uma máquina que picotava papel. Num dos CDs estava escrito ‘senhas’. Tudo foi encaminhado para a polícia”, explicou. Neste momento, o perito do Instituto de Criminalística, aproveitou para reafirmar a importância da presença do especialista no local. “Desconhecia essa situação relatada agora por Walger”, declarou.
A informação surpreendeu o deputado Marcelo Rangel que decidiu, com a aprovação dos demais parlamentares que participaram da reunião, promover novas acareações. “Vamos convocar novamente os diretores e outras pessoas envolvidas. Precisamos aprofundar essa investigação”, afirmou o presidente da CPI. A agenda das próximas reuniões ainda não foi divulgada.
Bloqueadores – Faria e Walger falaram ainda sobre os bloqueadores. O perito do Instituto de Criminalística afirmou que os equipamentos que foram periciados em laboratório não tinham, em seu circuito eletrônico, nenhuma entrada permitindo a captação de qualquer tipo de conversa. Observou que são equipamentos ilegais no Brasil, antigos, feitos artesanalmente, e que podem ser comprados por valores que oscilam entre R$ 400 a U$S 400. Diante da informação Rangel lembrou que a CPI tem documentos que mostram que esses equipamentos teriam sido comprados pelo Legislativo por R$ 30 mil.
Para Walger, no mínimo, os bloqueadores eram irregulares e estranhos. “Nunca vi um bloqueador naquele formato. Ele permitiu uma transmissão de ondas que podem causar graves problemas de saúde. Ninguém conseguiria ficar no local onde ele estava funcionando por mais de 15 minutos sem sentir dor de cabeça”, advertiu. Na avaliação do representante da Embrasil, “a Assembleia no mínimo foi lesada porque comprou um equipamento sem função”.
Os trabalhos da CPI das Espionagens iniciaram logo após a posse da atual Mesa Executiva, quando equipamentos de escuta e bloqueadores foram localizados durante uma varredura eletrônica, e apreendidos pela Polícia Civil.  Integram a comissão os deputados Anibelli Neto (PMDB), Fernando Scanavaca (PDT), Gilberto Ribeiro (PSB), Mauro Moraes (PSDB) – que é o relator da CPI, Mara Lima (PSDB), Nereu Moura (PMDB), Pedro Lupion (DEM), Professor Lemos (PT), Roberto Aciolli (PV) e Teruo Kato (PMDB).

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