A Reforma Política ainda não começou a ser votada pelo Congresso Federal, mas sempre que se inicia o processo dois pontos geram mais discussão: lista fechada e financiamento público. No Paraná não é diferente o assunto também rende muita polêmica, tendo um lado a favor e outro contra, porém num ponto todos os deputados estaduais concordam, a necessidade de mudanças no processo eleitoral.Na avaliação do deputado Elton Welter (PT) o atual modelo político eleitoral está falido, “porque não serve a visão coletiva partidária, apenas à visão individual”, justificou. Dessa forma, ele entende que o financiamento público é fundamental: “O fim do financiamento privado é uma boa saída para a sociedade, pois representa o fortalecimento dos partidos e ainda eleições mais igualitárias”, completou.Neste ponto, o líder do PMDB na Assembleia, Waldyr Pugliesi, também concorda, o de que o financiamento público possa trazer eleições mais justas, onde todos possam participar com os mesmos recursos, mas na opinião dele o debate deve ser mais aprofundado. O deputado acredita que a lista fechada possa representar a defesa do partido e o comprometimento dos filiados “é claro que a sigla partidária irá colocar na lista os mais capazes, os mais qualificados, evitando assim a participação de pessoas que não têm conhecimento do que é partido, programa de partido e ideologia”, destacou.Para o deputado Élio Rusch (DEM) há outros pontos que devem ser discutidos, entre eles a unificação das eleições “a votação para todos os cargos eletivos deveria acontecer num único dia para agilizar o processo eleitoral”, argumentou. O deputado defende ainda um mandato de cinco anos e a proibição de coligações proporcionais num primeiro momento, mas a permissão para a majoritária, assim como a chamada cláusula de barreira, que exige do partido um número mínimo de votos.Na opinião do deputado Tadeu Veneri (PT) as coligações proporcionais não deveriam existir, enquanto que a cláusula de barreira sim, pois seria uma forma de diminuir o número de partidos no País. A fidelidade partidária e o voto distrital misto são outros pontos defendidos pelo petista. “A moralidade na política passa pela fidelidade partidária”. A afirmação é do deputado estadual e líder do Democratas na Assembleia Legislativa, Plauto Miró Guimarães. Tendo como única filiação o Democratas (ex-PFL), o parlamentar explica que tem respeito por pessoas que se posicionam partidariamente e defendem uma posição, uma linha ideológica e programática, sem ter a necessidade de estar pulando de partido, como ‘pipoca na panela’. “A proposta de reforma política, hoje, contempla a infidelidade partidária, mesmo depois de toda a cobrança da sociedade para que os candidatos eleitos pelo voto popular não possam trocar de partido. O Supremo Tribunal Federal (STF), com seu colegiado, também já se posicionou pela fidelidade partidária e exige que isso seja cumprido”, diz. O deputado criticou outras propostas para a ‘nova’ regra eleitoral. Entre elas, a alteração que visa dar fim ao voto do eleitor no seu candidato. “A população passaria a votar em chapas de partidos e não em seus candidatos, com os quais simpatiza e apóia pela proximidade das convicções”, disse, manifestando também sua posição contrária ao financiamento público de campanhas.Plauto Miró defende ainda a validade da cláusula de barreiras, impedindo que partidos sem expressão sejam utilizados como moeda de troca nas alianças políticas. “Eu saliento, não são todos, mas boa parte dos partidos se comporta desta maneira, servindo como instrumento de negociação para interesses pessoais”, ressalta o deputado, acrescentando: “O Congresso Nacional deve ser prudente na discussão da reforma eleitoral”.Já o deputado Pastor Edson Praczyk (PRB) acredita que o voto facultativo possa representar um avanço “assim o político terá que apresentar um diferencial muito grande para fazer o eleitor sair de casa e ir votar”, enfatiza. Quanto ao financiamento público e a lista fechada ele é categoricamente contra, pois no entendimento dele as duas alterações não seriam benéficas ao processo eleitoral. “O financiamento público de campanha não extinguirá a corrupção e nem o caixa dois, como tem sido alardeado. Pois, aqueles que predominantemente não possuem uma índole exemplar criarão seus mecanismos e seus meios”, ponderou. O deputado disse ainda que antes de ser estabelecido o financiamento público deva ser feito um plebiscito popular para consultar a opinião da população.Quanto à lista fechada ele acredita que ela possa dificultar o ingresso de alguns “aquelas pessoas que fazem uma política que foge à regra do tradicional jamais ocupariam os primeiros lugares da lista, especialmente os grupos com menor representatividade, os marginalizados ou postos às margens da sociedade”, advertiu.O deputado Péricles de Mello (PT) afirmou que numa disputa eleitoral as pessoas com mais recursos têm vantagens e melhores condições para se reelegerem, o que com o financiamento público poderia acabar. A lista fechada para ele também seria um recurso positivo e de mudança. “Nos países mais civilizados do planeta há a lista fechada, o que valoriza o partido eleitoral, diminui o clientelismo, a troca de favores. Vai mudar completamente a lógica da política brasileira”, concluiu.FEDERAL – Os congressistas não avaliam apenas a criação da chamada lista fechada ou do financiamento público, mas outros temas, entre eles, o voto distrital e a lista flexível com voto proporcional. A discussão é histórica no plano federal e votou à pauta nesta semana, mas acabou perdendo a agilidade quando líderes partidários decidiram voltar atrás com os pedidos de urgência para que fossem votados rapidamente projetos que tratam da lista fechada e do financiamento público. Mas, os deputados federais acreditam que algumas mudanças possam ser votadas antes das eleições de 2010, contudo uma reforma política mais ampla só deverá ser retomada em 2014.