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Centenário de acordo que pôs fim à guerra é tema de palestras na Escola do Legislativo

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(Descrição do áudio))

O  centenário  do acordo que pôs fim à  guerra do Contestado foi tema de duas palestras na manhã desta quarta-feira (26), no Plenarinho da Assembleia.  O evento, promovido pela Escola do Legislativo, serviu para marcar a data, celebrada no dia 20 de outubro. Segundo a diretora pedagógica da Escola,  Roberta Picussa, o tema foi escolhido para ampliar as áreas de atuação dos cursos oferecidos aos convidados e aos servidores.

(Sonora)

 No dia 20 de outubro de 1916, há cem anos, era assinado o Acordo de Limites entre o Paraná e Santa Catarina, colocando fim  ao conflito de divisas territoriais em um dos mais violentos  conflitos desse tipo registrados no país e que chegou a ser comparado, por suas características, à também terrível Guerra de Canudos, ocorrida anos antes na Bahia.  

  A Guerra do Contestado durou quatro anos: de 1912 a 1916. O professor e historiador  Renato Mocellin, falou sobre o tema “Para compreender a guerra dos pelados X peludos”, tratando do conflito em si, travado entre os sertanejos (Pelados) liderados no início pelo monge  José Maria  e as tropas de  João Gualberto (Peludos) que terminaram com mais de seis mil mortos e geraram um grande dano ambiental, conta Mocellin.

(Sonora)  

Para Mocelin, a guerra foi um conflito social,  em decorrência das injustiças sociais, onde a estrutura coronelística e a exploração por parte dos madeireiros expulsando os sertanejos de sua terra, demonstraram o quanto os governantes tanto  da esfera estadual quanto da federal, tomaram o  lado dos poderosos da época, na opinião do historiador.   E os sertanejos  arcaram com as consequências, porque foram expulsos da terra contestada, nesse conflito, que ele considera também religioso. E essa expulsão foi a causa da guerra, com a solução só vindo  muito tempo  depois.

  E para falar do lado mais jurídico e administrativo do conflito, palestrou o  presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e desembargador aposentado do Tribunal de Justiça, Paulo Roberto Hapner. “Centenário do Acordo de Limites” foi o tema abordado por ele, que explicou, por exemplo, que  a guerra não foi entre o Paraná e Santa Catarina, mas por uma revolta, que o Exército se viu obrigado a combater. Hapner lembrou que o presidente Hermes da Fonseca temia uma nova guerra parecida com a de Canudos. E por isso determinou que o general Setembrino, recém promovido ao posto,  assumisse o comando da região militar e combatesse os rebeldes que viviam na região do Contestado: um enorme pedaço de terra, entre PR e SC, disputado pelos dois estados,  depois do rio de Peixe, entre o rio Iguaçu e o rio Uruguai, uma área de cerca de 48 mil km quadrados. Toda a fronteira Sudoeste com  o território argentino de  Missiones.

  Depois que ficou decidido, em 1895, que o território era brasileiro,  SC entendeu que a região pertencia a eles, já que a cidade de Lages era jurisdição catarinense. Quando o Paraná se tornou independente,  entrou com um processo pela região. Porém foi derrotado no STF. Mesmo assim, não houve a demarcação. Veio então uma nova proposta de acordo, com um capitão da marinha, intermediando as conversas com os governadores dos dois estados que levaram o termo  às  assembleias legislativas de Paraná e SC, que finalmente firmaram um acordo. E em 1917, o Congresso Nacional aprovou as novas fronteiras,  que são as existentes até hoje.

 Mas Paulo Habner diz que o Paraná lamentou o acordo, porque perdeu território.

(Sonora)

Com as duas palestras, sempre gratuitas, mais uma vez a Assembleia, que lá no passado teve papel fundamental na solução do conflito,  abriu  as portas para a sociedade, ao mesmo tempo que qualifica seus servidores, desta vez, com um tema voltado para a área de história,  afirma o diretor legislativo e diretor da Escola, Dylliardi Alessi.

(Sonora)

Da Assembleia Legislativa do Paraná, repórter Cláudia Ribeiro. 

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