Buscar no Portal ALEP
Filtrar resultados

Em Livro de Crônicas, o Deputado Eduardo Cheida Mostra Preocupação Com a Preservação Ambiental

05/11/2010 10h41 | por Marcelo Lancia

Créditos: Marcelo Lancia

Pacas reunidas em gabinete de deputado, negociação com gaviões e falta de vento para empinar pipa. Com exemplos assim, o deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB) lançou em outubro o seu primeiro livro de contos “Bichos, plantas e seus parentes”, pela Editora Aymará. Na obra o parlamentar procura mostrar e apontar soluções, de maneira didática, aos problemas acarretados pelas mudanças ambientais. Cheida, que também é médico e professor universitário, faz um alerta. “Ou mudamos nossa cultura, ou seremos extintos. Não há uma segunda opção. Esta é a lógica do mundo natural. Mesmo que alguns não queiram.” O livro traz o prefácio da senadora e ex-candidata à Presidência da República Marina Silva (PV). “A imaginação e o humor de Cheida podem conduzir cada um a relembrar suas próprias histórias, vividas ou contadas. É assim que elas se perpetuam e ensinam”, diz a senadora.A obra surgiu de crônicas enviadas pela internet a amigos e simpatizantes de Cheida, ainda quando o deputado era secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, no período de 2003 a 2006.Em entrevista o site da Assembleia, o deputado fala mais de sua nova obra e sobre meio ambiente, um tema que faz parte do cotidiano da população. ALEP – O que o senhor pode falar do conteúdo das crônicas. Qual a repercussão até agora? Cheida - Elas retratam meu dia a dia na lida ambiental. Assim, com o tempo, tornaram-se quase que uma pista sobre os principais problemas ambientais do Paraná e do país. Além disso, por apresentarem causa e solução à problemática ambiental acabou por ser uma espécie de contribuição na formação educacional do público leigo. Até o momento, a repercussão tem sido positiva. São crônicas rápidas, com informações pontuais, algumas delas com uma boa pitada de humor, outras, de emoção, outras mais, de ironia e uma boa dose de realismo fantástico. ALEP - No conto “Um Sábio Conselho” o senhor finaliza com a frase “Enquanto o leão não tiver seu historiador, a história será sempre a do caçador”. Nas crônicas ambientais, o senhor quis ser o historiador do leão, como grande parte da sociedade que também começa a se engajar em ser a historiadora dos ataques à fauna e à flora? Cheida - Isso mesmo. Em verdade, as crônicas historiam as amarguras do mundo natural frente a uma espécie que não se importa com ele. A espécie humana, em sua trajetória narcisista, importa-se apenas consigo mesma e, quando pára para perguntar sobre as demais espécies vivas, sempre indaga: para quê serve a cobra? Que função tem a vaca? Como se as demais criaturas só tivessem utilidade a partir da ótica humana. Somos de um utilitarismo extremo para com os demais seres. ALEP - Ao ler o livro, a imagem que passa é que o senhor é um pessimista, não sei se a palavra é forte, em relação ao futuro do planeta? Ou com relatos e as consequências desse ataque ao meio ambiente, ainda é possível acreditar em uma mudança de atitude? Cheida - Veja só: há um engano quando se diz que o homem ameaça a natureza ou que a humanidade pode destruir a Terra. Esta afirmação é de uma estupidez de dar dó. Nós não destruiremos a Terra porque, muito antes de conseguirmos fazê-lo, nós teremos destruído a nós mesmos! Em verdade, quem está sob ameaça é a própria espécie humana. Somos nós, e não o planeta, quem está na alça de tiro dessa escalada humana sem precedentes.  ALEP – Como reverter essa situação?Cheida - Discutir o meio ambiente e a sustentabilidade, portanto, é absolutamente estratégico para a espécie humana. Ou mudamos nossa cultura ou seremos extintos. Não há uma segunda opção. Esta é a lógica do mundo natural e nós, mesmo que alguns não queiram, somos natureza também! Portanto, querendo ou não, estamos sujeitos às leis naturais. A humanidade jamais enfrentou desafio tão imenso: o de mudar a si mesma. Todavia, sou otimista, pois acredito que, uma vez identificado o problema, estamos bem próximos da solução. E o problema já foi identificado. Precisamos apenas fazer com que as pessoas também queiram vê-lo. Esta é a tarefa. ALEP - Com a boa votação de Marina Silva, os problemas ecológicos entraram na pauta nacional. Muitos dizem que é uma onda passageira. Como conseguir um engajamento definitivo na área. Mostrar que tudo está interligado. Acha que o livro pode ajudar como?Cheida - Faz pouco tempo que saímos do mato. Somos urbanos há poucas gerações. Ainda temos genes de matutos, a língua enrolada, a vontade de sentir o cheiro da chuva quando cai na terra ou da broa de fubá esfriando na janela da pequena casa de tábuas. Nós, humanos, somos natureza também! Por isso, as estórias ditas de maneira simples e direta, são mais assimiláveis. Ninguém gosta muito de coisa complicada.  ALEP - Outro dia um apresentar de uma rádio aqui de Curitiba disse que a política por ideologia foi deixada de lado. Mas vê o movimento por questões ecológicas, como uma retomada. Pode acontecer de esse tema entrar na pauta e levar a mudanças em diversas áreas? Ou ainda continuaremos focando na economia de mercado atual como transformadora do mundo? Cheida - Nada questiona mais o mercado, a sede do lucro e as tecnologias imprudentes quanto à ecologia. Porque nada se opõe mais ao individualismo, à cultura da competição, à exclusão, às guerras quanto ela. Definitivamente, estamos entrando em um novo período onde a finitude dos bens essenciais à nossa sobrevivência fará renascer uma nova ideologia: a ideologia da solidariedade, do cooperativismo, da paz, do respeito e da proteção à mulher, à criança, ao idoso e às chamadas minorias. Esta é a essência da ideologia ambientalista. Esta nova cultura, seguramente, nos remeterá a outro modelo transformador já que a economia de mercado não apresenta e nunca apresentou soluções para dilemas de tais dimensões. ALEP - O Paraná é um dos maiores produtores de grãos do Brasil. Como aliar esse crescimento com a preservação do ambiente?Cheida - Todo ambiente tem a sua capacidade de suporte, uma espécie de tolerância com o que se faz com ele. O Paraná é um ambiente. Eu quero o Paraná para hoje e para sempre, não só para a próxima safra. Para tê-lo dessa forma, é preciso abdicar de algumas práticas e reeditar outras delas. O que parece não ser possível é apostar em um crescimento sem limites em um ambiente finito e de recursos limitados. É sobre essas decisões que os governos, verdadeiramente comprometidos com o futuro, devem debruçar-se e desdobrar suas forças. ALEP - Acredita que só leis rígidas podem frear esses problemas ou é possível outra forma de conscientização? Cheida - Eu acredito que devemos incorporar a variável ambiental aos tributos. Com isso, da mesma forma que a lei de crimes ambientais pune quem faz o errado, iremos beneficiar quem faz o certo. Se estivermos em uma economia de mercado, enquanto não se muda a economia, o que funcionará serão as regras de mercado. A conscientização, que é uma parte fundamental e decisiva nas mudanças de comportamento, caminha paralelo a essas decisões. ALEP - Pedro Lupion, que se elegeu deputado estadual, pretende formar uma bancada ruralista na Assembleia. Sempre ocorre um confronto de ideias e projetos entre ruralistas e ecologista. Qual será o seu papel?Cheida - Uma futura e bem vinda bancada ruralista não deve se antagonizar com aqueles que lutam por um ambiente saudável e equilibrado. Pelo contrário, deve lutar junto àqueles que querem a sustentabilidade dos recursos naturais. Agora, estarei lá para aplaudir as boas propostas ambientais e venham de onde vierem. Da mesma forma que serei bem teimoso quando precisar denunciar o que julgar prejudicial. E nunca é demais lembrar a conhecida lei da física que diz: cada ação provoca uma reação, em sentido contrário, e com a mesma intensidade.

Leia os contos "Lições de etiqueta" e "Exótica paca"

Agenda

TRAMITAÇÃO DE PROJETOS

LEIS ESTADUAIS

PROJETOS PARA JOVENS

  • Visita Guiada
  • Geração Atitude
  • Parlamento Universitário
  • Escola do Legislativo
Assembleia Legislativa do Estado do Paraná © 2019 | Desenvolvido pela Diretoria de Comunicação