O esforço de médicos, jornalistas, entre outras personalidades na promoção da medicina integrativa pelas redes sociais foi reconhecido na noite desta terça-feira (9) pela Assembleia Legislativa do Paraná. “[Os homenageados] trazem o debate para a telinha do celular. É onde esses influencers com milhões de seguidores conseguem fazer com que a pessoa se lembre que é importante cuidar da saúde dela”, elogiou o proponente deputado Márcio Pacheco (PP), membro da Comissão de Saúde Pública. A audiência pública ocorreu no Plenário.
De acordo com o Ministério da Saúde, a abordagem se diferencia por promover uma visão ampliada do processo saúde e doença, assim como a promoção do cuidado integral do ser humano, especialmente do autocuidado. “As indicações às práticas se baseiam no indivíduo como um todo, levando em conta seus aspectos físicos, emocionais, mentais e sociais”, destaca a pasta.
Ao todo, 11 influenciadores foram condecorados por sua atuação em prol da saúde integrativa e falaram sobre seus trabalhos e a importância da medicina integrativa. Eles falaram sobre o diferencial dos seus trabalhos, na associação dos cuidados odontológicos com os impactos no estômago, na influência do emocional nas doenças físicas, na associação entre alimentação e o autismo, entre outros temas.
“São tratamentos alternativos que trazem resultados efetivos com base em evidências científicas”, complementou Pacheco. “Seja a fitoterapia, a acupuntura, a yoga, ou outras terapias, elas existem sem jamais substituir a medicina convencional. Mas se somam a ela para acompanhamentos que também são importantes e que acabam sugerindo que a pessoa previna a sua saúde. Isso é bom para todo mundo”, complementou.
O foco dado pela abordagem ao ser humano como um todo é importante para responder questões como o aumento da incidência de câncer entre pessoas mais jovens ou o fato de algumas doenças curarem em alguns corpos, e em outros persistirem, destacou o gastroenterologista Eduardo José Brommelstroet Ramos. "Estar num corpo inflamado, numa rotina bagunçada e desconectada do autocuidado, entendemos a importância do olhar integrativo. É sair da lógica do sintoma isolado e enxergar o ser humano como inteiro, com emoções e história. A alimentação, o sono, o movimento, o vínculo e os propósitos fazem parte de uma mesma emoção", complementou a nutricionista Juliana Ditzel Melo.
Por meio de publicações e stories, Amanda Medeiros Dias, uma das homenageadas, difunde conhecimento sobre alimentação e suplementação da pessoa com autismo, dentre outros temas. Seus vídeos alcançam hoje cerca de 30 mil seguidores. "As pessoas, principalmente as crianças, precisam muito dessa visão de aspectos físicos, mentais, emocionais e sociais de indivíduos”, destacou.
Foi diante das limitações impostas pela pandemia do covid-19 que a propagação de conhecimento pelas redes sociais se tornou parte do cotidiano do fitoterapeuta clínico Julio Cesar Luchmann, que atua na área há 15 anos. Com vídeos diários que tratam de temas como os benefícios da amora, armazenamento e cozimento de alimentos, probióticos, entre outros, Luchmann alcança hoje 2,4 milhões de seguidores. “No momento em que nós passamos a ter essa divulgação em massa de conhecimentos que até então ficavam muito restritos às salas de aula, a cursos ou mesmo a consultórios, passamos a também empoderar as pessoas em relação à fitoterapia e outras formas de tratamento dentro da saúde integrativa”.
A medicina integrativa foca na saúde e não na doença, destacou o psiquiatra Felipe Batistela de Oliveira. "Gosto de chamar de saúde do Éden. Quando a gente foca nos princípios ativos que vêm da natureza, isso muda o desfecho na nossa história. Em vez de ficar atrás da medicação, começamos a investir num bom fitoterápico, num bom suplemento. A consequência não é só viver mais, é viver mais e viver bem". "Integrar corpo, mente e espírito; as especialidades e diferentes visões e começar a colocar o indivíduo na sua função de autocuidado. Essa é a função da verdadeira medicina, que previne o dano e a doença; e trata a saúde", complementou Endrigo Monte Serrat Prevedello, que difunde nutrologia e acupuntura.
Encaminhamento
Pacheco encaminhou pela criação de uma data dedicada à promoção de eventos e debates sobre a saúde integrativa no Paraná, visando ampliar ainda mais a discussão sobre o tema no Estado. Ela deve ser prevista em um projeto de lei ainda a ser protocolado pelo parlamentar.
Saúde integrativa no Brasil
Hoje o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece 29 procedimentos de Práticas Integrativas e Complementares (PICS) à população. Elas são ofertadas de forma integral e gratuita institucionalizadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (PNPIC).
Hoje, os serviços são disponibilizados em 54% dos municípios brasileiros - incluindo todas as capitais brasileiras, onde 8.239 estabelecimentos de saúde as ofertam. A população as encontra principalmente na atenção básica, que concentra 78% dos serviços. Os níveis de atenção de médica e alta complexidade concentram 18% e 4% de PICS, respectivamente. Os dados são do Ministério da Saúde.
O uso das PICS no Brasil tem crescido desde a década de 1990, de acordo com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2002, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou um documento normativo sobre o tema. Quatro anos mais tarde, o Ministério da Saúde publicou o PNPIC, legitimando práticas como a fitoterapia, a homeopatia e a acupuntura no SUS.
Entre as modalidades reconhecidas estão: acupuntura; homeopatia; plantas medicinais e fitoterapia; termalismo social/crenoterapia; arteterapia; ayurveda; biodança; dança circular; meditação; musicoterapia; naturopatia; osteopatia; quiropraxia; reflexoterapia; reiki; shantala; terapia comunitária integrativa; yoga; apiterapia; aromaterapia; bioenergética; constelação familiar; cromoterapia; geoterapia; hipnoterapia; imposição de mãos; medicina antroposófica; ozonioterapia e terapia de florais.
Homenagens
Foram homenageados a nutróloga e pediatra Amanda Medeiros Dias, o médico e mestre em odontologia Cristiano Zortea, o cirurgião-dentista Diego Lopes Tareszkiewicz, o gastroenterologista e cirurgião Eduardo José Brommelstroet Ramos, o acupunturista e nutrólogo Endrigo Monte Serrat Prevedello, o psiquiatra Felipe Batistela de Oliveira, o especialista em nutrição esportiva Guilherme R. Monteiro de Carvalho, a nutricionista Juliana Ditzel Melo, o repórter e escritor especializado em saúde, Fernando Betet; fisioterapeuta clínico Julio Cesar Luchmann, e o nutricionista e pesquisador Rodrigo Otávio Chybior Granzot.
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