03/04/2009 09h43 | por Ronildo Pimentel / ronipimentel@hotmail.com / (41) 3350-4156 e 9188-8956 / www.lideranca.pmdb-pr.org.br -www.waldyrpugliesi.com.br
Senhor presidente, demais parlamentares. Tinha um compromisso agora às 11h30 com o vice-governador Orlando Pessuti para fazermos uma caminhada política a partir de agora. Mas, estando aqui na Assembleia, presenciei o pronunciamento do deputado Tadeu Veneri, do deputado Durval Amaral, do pronunciamento agora do líder (licenciado da Oposição) Valdir Rossoni. Então, fiz uma ligação ao vice-governador dizendo que teria que ficar aqui. Até para ouvir. Inclusive, os que muitas vezes falam mais alto na tribuna do que nós que estamos na tribuna parlamentar. E não se tocam nunca. Então, veja bem, senhor presidente, estava olhando para o trabalho das taquígrafas, e me perguntei: será que são funcionárias minhas? Presenciei o jardineiro ali trabalhando e falei para mim mesmo: olha lá mais um funcionário meu. Está aqui, trabalham no meu gabinete. Poxa vida, mas para chegar nos 45 (funcionários) vou ter que ficar pensando e procurando. Olha, se tem alguém que pela vida inexpressiva que tive, mas de respeito, verdade, acho que fui eu. Então, vemos estampados: “cada deputado tem 45 empregados na Assembléia”. Já recebi dois telefonemas hoje. Acho o seguinte, temos que ter o compromisso de fazer as coisas da melhor maneira possível. O Rossoni falou agora a pouco, de uma jovem comunicadora que no entendimento dele fez comentários inapropriados. Talvez nem fosse assim. Mas, isso acontece todos os dias. Lembro aqui no Paraná, tinha um menino, barbudo, faz mais de 20 anos, também já usei barbas, sou um cara que na minha vida vibrei muito com a ascensão daqueles que fizeram a tomada do poder para o povo cubano, libertar Cuba. Aquilo era país que era uma verdadeira zona de meretriz do imperialismo norte-americano. Então, senhor presidente, até me desvio desta questão, devo falar ou não? Mas tudo bem, este jovem, ele daí há pouco, filho de uma família de gente letrada, capaz, gente honesta, ele acaba fazendo um concurso, ele bebia, provocou não sei quantos acidentes, e daí a pouco ele estava no Ministério Público. E daí raspou a barba, com uma canetona se transformou num grande acusador de todo mundo, com 21, 22 anos. Então, se nós políticos, olha o Rossoni falou que tem 30 anos de vida pública, sei lá o que é vida pública, fui um cara que fez política no diretório estudantil, fiz política no ginásio, no cientifico, na Universidade, era alguém aí, um rebelde que queria mudar este país pelas minhas convicções, pelos estudos que fiz. Então, a gente passa todo esse tempo e quero vir a Tribuna aqui para dizer o seguinte, que temos que garantir a todos os jornais, a todos os canais de televisão, a todos aqueles que estão nas rádios, total e absoluta independência para criticarem, cobrarem, agirem dentro da lei, da maneira que bem entender. Agora, logicamente que da mesma maneira que os Parlamentares cometem erros, equívocos, eles também não são deuses para não cometerem os equívocos, os erros que muitas vezes ferem, machucam, agridem. Tenho visto comentários de alguns ancoras nacionais que me façam o favor, heim? Olha, outro dia mesmo um deles chamou todos os Deputados de bando de vagabundos. Então, qual é o preço da democracia, quando se fala que aqui a Assembleia Legislativa, senhor presidente, tem necessidade desses funcionários que estão aqui. Então, na democracia, se pressupõe que você tenha Assembleias Legislativas, não é, Veneri?, abertas, Congresso Nacional funcionando, com todas as mazelas. Aí é que entra o papel da imprensa para cobrar, para corrigir, para encaminhar, para exigir. Agora, nós não podemos chegar ao ponto de vermos vozes saudosistas neste momento falando o que “ai que saudades da ditadura militar”. Eles ficaram 20 anos. Primeira coisa, rasgaram as leis, jogaram todas as leis na lata do lixo, fizeram obras materiais? Fizeram. Inclusive Itaipu que está aí, mas, gente, não tem preço a liberdade para o funcionamento de uma casa parlamentar é preciso que o povo todo seja informa que gastos precisam ser feitos, se não, tenho que ser ascensorista, tenho que ser jardineiro, não sei trocar nenhum fio de nada. Não é minha atividade, minha praia, mas tenho que me tornar eletricista. Não é assim. Qual o preço da democracia para você ter a Câmara Federal aberta, o Senado aberto, as Câmaras, a discussão, o contraditório? Isso tem um preço. Na Grécia antiga o governante chegava numa praça pública, subia em alguma coisa e falava “olha, pretendo fazer aqui em Atenas determinada coisa”. Os populares ali aprovavam ouvindo aquilo, que ele estava falando. Hoje é diferente, as pessoas se reúnem nos dias das eleições, que nós queremos cada vez mais limpas, reais, para darem uma delegação para o vereador, para o prefeito, para os parlamentares votarem, trabalhar no sentido daquela esperança que foi votada, que foi depositada na urna votando nesse Parlamentar, para que ele aqui seja fiel, inclusive, ao partido que deve ficar acima do militante. Então é o preço da democracia. Outro dia o senador Osmar Dias, respondendo a uma repórter, que questionava ele de maneira agressiva em relação à verba de indenização que eles têm de R$ 15 mil, no Senado. Ele falou: “Escuta, mas o senador não vale R$ 15 mil para desenvolver o seu trabalho, lá no Estado que ele representa?” Eles querem talvez, que com o salário, que o nosso aqui é de R$ 12.384. Esse é o salário. Daqui a pouco eu iria para o interior com o vice-governador para fazer uma corrida em determinados municípios. Outro dia eu sai daqui e fui discutir problema com os pescadores da região do Centenário do Sul. Fui me reunir com a APAE de outro município, que tinha reivindicações. Fui falar com os moradores do meu município que estão abrigados nas associações de bairros. Viajei para o Vale do Ivaí e faço isso com gosto, fiz isso durante toda a minha vida. Agora é impossível que a gente consiga fazer tudo isso pagando o condomínio aonde a gente mora. Pagando as coisas que a gente tem que pagar no dia a dia e, depois viajar, viajar, viajar e viajar, para defender os interesses daqueles que têm esperança no trabalho que nós possamos desenvolver. Aqueles que não gostam do regime democrático talvez estejam com saudades dos tempos em que você pegava o Estadão, o Jornal Estado de São Paulo e você lia as poesias um dia de Camões, ou receitas de bolos, no outro dia, porque havia proibição de se falar em determinados temas que eram proibitivos de serem levantados, questionados ou informados ao publico durante o regime militar. Ontem me perguntaram, senhor presidente: “Mas essa lista, ela é verdadeira?” Olha me aponte uma razão para o presidente da Assembleia fornecer uma lista quer não seja real. Isso é uma competência da Mesa Diretora fazer esse trabalho. Mas eu quero acreditar sim, que ela seja real. Eu não tenho uma razão, nenhuma, nem no pensamento de achar que alguém depois de atravessar toda essa área que foi atravessada venha com alguma coisa racionalmente colocada como não verdadeira. Então é o descrédito que nós políticos temos praticamente em todo o mundo. Isso parece que é assim, mas na realidade não é. Lá na terra do (Antonio) Belinati, onde ele ganhou as eleições e houve uma serie de problemas que é do conhecimento de todo mundo, se falava que 80%, 50% dos eleitores não compareceriam. O que nós vimos aquela porcentagem histórica de ausentes e de pessoas que muitas vezes, até pela incompetência, vamos dizer assim, de manipular uma urna eletrônica, aparecem na lista dos votos nulos e brancos. Então, o povo acredita, ele quer democracia, ele quer liberdade, ele quer que as coisas aconteçam. Estou vendo o deputado Élio Rusch, valente deputado de Oposição nesta Casa, estou vendo que tem um mundo de anúncios dizendo que os preços estão baixando em relação à reforma tributária feita pelo governo Roberto Requião. Então, logicamente que as pessoas podem acreditar ou não. Então, vamos aguardar mais um pouco. Tem gente que fala “não cairão os preços”. E eu estou achando que cairão. Então, toda esta fala de nós todos, aqui, nesta quinta-feira de manhã é no sentido de fazermos da maneira mais cruel possível uma autocrítica. Temos que bater em nós mesmos para nos questionar, o que é que estamos fazendo de errado? Agora, muitas vezes se colabora para que os erros sejam aumentados e aquilo que possa ser, vamos dizer, alguma qualificação seja diminuída ou desaparece. Então, senhor presidente, acho que Vossa Excelência está caminhando na direção correta. Nesta caminhada, fui três vezes prefeito, diretor do Porto de Paranaguá, Secretário dos Transportes, nove anos vereador; nunca tive uma conta até hoje, de Tribunal de Contas, de Tribunal de Contas da União, estas coisas, rejeitadas. Logicamente que tem gente que por serem inimigos, muitas vezes movem ações contra os Parlamentares. Eu vim aqui à Tribuna um dia, senhor presidente, para dizer que o presidente do Supremo (Tribunal Federal), Gilmar Mendes, estava falando “olha, estamos caminhando na direção de um regime policial”. E tem gente que tem saudades disto. Não avaliam com propriedade, por exemplo, a inserção do problema das drogas na sociedade. Aí eles querem o que? Querem que o Governo do Estado coloque um soldado em cada esquina. Aí, alguém, dentro de casa, bêbado, está abusando de uma criança. E o soldado, na esquina, nem vai saber disso. Então, somos seres humanos. Cheios de defeitos. Me coloco dentro da minha realidade. Tentei fazer, acho que até fiz, até, minha cidade, uma pequena cidade, hoje tem um dos maiores parques industriais do Paraná, sei pelo testemunho dos outros, que tive papel preponderante nestas coisas. Nós temos universidade com cursos, lá. Quando estava na prefeitura, fiz um trabalho no sentido da redução da mortalidade das mães e das crianças. Já naquele tempo e os dados da época já levavam a situação da minha cidade a coisa parecida até com a Suécia. Você vai falar isso, eles vão dar risada, acham que é mentira, todo político é mentiroso, não sei o que. Organizei o povo, senhor presidente. Não acredito em solução com o povo desorganizado. Fazia com que todos os bairros e nas cidades onde tive alguma influência, que as populações se organizassem, para ter força para reivindicar, para exigir no orçamento aquilo que era sonho deles e não determinação do governante. Nós estamos aqui e quase todos ouviram o discurso do Veneri, quase todos ouviram o discurso do Rossoni, quase todos ouviram o pronunciamento do Durval Amaral e quase todos deram atenção a este pronunciamento. Acho que esta é uma casa política e nós devemos, sim, seja na quinta-feira ou em qualquer dia, fazer a discussão política. É aquilo que se falou aqui: qual é a essência do problema? Onde está o tutano da questão? Não vamos ficar de maneira postiça arranhando a pele. É preciso que façamos a caminhada na direção das nossas vísceras para sabermos onde erramos, o que estamos fazendo de errado. Não vejo na ação, na atuação de ninguém nesta Casa a vontade de não caminhar na direção dessa tão ansiada transparência que é exigida. Agora, gostaria que todos pudéssemos fazer uma discussão aprofundada de todas essas questões, porque senão não iremos encontrar solução para os problemas que existem dentro da nossa sociedade e aqui dentro temos um monte de problemas, nós temos que dedicar o melhor que temos na alma, no coração, nos nossos nervos, nas nossas musculaturas no sentido de alcançarmos isso. Sei lá, senhor presidente! Já excedi, por benevolência de Vossa Excelência, que age de maneira democrática e tolerante ouvindo pronunciamentos como este meu, desimportante, mas fiel, mas não posso terminar sem oferecer a possibilidade do Antonio Belinatti me apartear.ANTONIO BELINATTI (Aparte): Parabéns, nobre deputado Waldyr Pugliesi, que é o nosso grande líder, nosso chefe maior em todo o norte do Paraná! Vossa Excelência mencionou aqui o salário do parlamentar, mas apenas para ilustrar que Vossa Excelência mencionou o bruto e depois no líquido tem o desconto do INSS, o desconto da contribuição para o partido, há poucos dias morreu um parlamentar do nordeste e descontaram R$ 400 e poucos do nosso salário e tem o Imposto de Renda, que retira do salário de cada um mais de R$ 2.800,00. Só para ilustrar que aí vai passando a tesoura nos descontos. Então, é isso que queríamos ilustrar, mas dando os parabéns a Vossa Excelência, acima de tudo porque Vossa Excelência é um grande líder, um dos mais respeitados neste nosso Estado e tenho orgulho em poder ouvir Vossa Excelência da Tribuna.WALDYR PUGLIESI: Deputado, agradeço as referências e logicamente em relação àquilo que recebe o deputado, que são R$ 12.384,00, logicamente que tenho a minha contribuição, aquelas que são legais, também tenho o desconto da contribuição partidária, porque coloco o partido como um instrumento da população para alcançar os seus objetivos e não como ouvi, em Colorado, um deputado federal do meu partido dizendo o seguinte: “partido, para mim, nenhum presta; estou neste partido, porque tenho que estar em partido para ser candidato, porque estou com o povo”. É mentira. Mentira. Está com o povo uma banana! Não vamos entrar nessa discussão. Porque se alguém chegar nesta Casa e falar que precisa consertar o motor do avião “X”, certamente não temos competência para isso. Vejamos bem, somos políticos. A política, no meu entendimento, é uma invenção do ser humano para resolver seus problemas. É a via de encaminhamento dessa solução. Então, cada um na sua. Aí lá pelas tantas tem um empresário bem sucedido e, muitas vezes, está com muita grana porque sonegou, sonegou, sonegou e sonegou, aí ele tem grana, vai lá e tira um operário da disputa com o dinheiro que ele conseguiu. Quando chega às Assembleias ou ao Senado ou à Câmara Federal é o primeiro que vai denegrir a atuação política. “Não sou político, estou aqui!” O grande sonegador de imposto está ali tomando o lugar de alguém que poderia vir com a reclamação do bairro, do quarteirão, do sítio, da fazenda, daqueles que são maioria, mas chegam ali com a grana. Então, esses deveriam estar lá. Sei que falar essas coisas é complicado, mas se sairmos em determinadas ruas com os fiscais, ah meu Deus, não salva um. São esses que batem nos políticos, dia e noite sem parar. São esses que trabalham contra os sindicatos, contra a organização popular. Não querem Sindicato dos Jornalistas. Não querem sindicatos de trabalhadores sem-terra. Não querem sindicato de ninguém. Eles querem separar o povo. Povo desunido não tem força e nós vamos continuar mandando como estamos mandando, dizem eles, desde 1500, aqui nesta Casa de Santa Cruz. E de tantos outros não tão santos. Senhor presidente, agradeço pela tolerância que Vossa Excelência teve, mais uma vez, nesse pronunciamento que faço nesta quinta-feira que, não sei se é o caso, mas o poeta Tiago de Mello diz que, muitas vezes, podemos transformar uma terça-feira cinzenta, no caso aqui uma quinta-feira, numa radiante manhã ensolarada de domingo. Obrigado!