Senhor presidente. Antes de mais nada quero pedir a compreensão do deputado (Ademir) Bier, porque como o debate está essencialmente politizado no dia de hoje, me parece que como organizador deste encontro nacional que nós tivemos, e como presidente do PMDB, possa eu falar a respeito destas questões políticas no dia de hoje, e vossa excelência, caro deputado Ademir Bier, certamente terá todo o espaço do partido para se pronunciar amanhã a respeito deste problema das estradas que vossa excelência pretende trazer aqui à Casa. Olha, até pensando comigo mesmo, e me lembrando do dramaturgo Luigi Pirandello, estava pensando em falar no dia de amanhã alguma coisa a respeito deste encontro. Pirandello diz o seguinte: “assim é se lhe parece”. Então, cada um tem em relação a estas questões, uma visão muitas vezes singular, individual. Gostaria de dizer o seguinte, falo como fundador, como falou há pouco o deputado Caíto Quintana. Falo como fundador do MDB, do PMDB, partidos que presidi. O PMDB sucessor das histórias, das lutas que nós do MDB travamos. Aprendi, ao longo da minha vida, que na democracia se não houver discussão e a preponderância da maioria sobre a minoria, esse resultado legitimamente colhido através de votos, as coisas não são normais. O deputado Caíto Quintana falou há pouco, ele faz parte da Executiva Nacional do PMDB. Outros tantos, inclusive alguns que ele citou, e todos nós, poderemos dizer, dirigentes nacionais do PMDB, através dos jornais, tomamos conhecimento que alguns membros que estão dirigindo o partido, ou ocupando cargos no governo do presidente Lula, tinham feito um movimento na direção de termos, no ano que vem, o PMDB com alguém compondo a chapa da ministra Dilma (Rousseff). Isto não é legítimo. Não se pode tomar uma decisão dessa maneira. Então, o que nós do Paraná fizemos? Trocamos opiniões com a companheirada Brasil afora. E notamos que os companheiros não estavam satisfeitos com o encaminhamento da questão neste momento. Podemos perguntar para o Brasil todo, qual é o maior partido que temos no Brasil? É o PMDB, ele tem o maior número de governadores, de senadores, de deputados federais e estaduais, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Então, por que aqueles que detém a maioria em todas essas instâncias vão, pela vontade de alguns, desempenhar um papel acessório em relação aquilo que está sendo discutido. Defendemos a candidatura própria a presidência da República. Como defendemos também aqui no Paraná a candidatura própria do PMDB ao governo do Estado. Agora, se as coisas em outra direção, com a presença da maioria, de maneira democrática, é outra estória. Porque nós do PMDB, não falei disso ainda com nenhum companheiro, mas é uma reflexão que temos que fazer. O que fazer no pós-Lula? Lembro que comandei, vamos dizer assim, lá na década de (19)80, o movimento na direção da candidatura do presidente Lula, quando muitos vacilavam ou tinham mesmo outra posição. Mas hoje as coisas são diferentes. Não se trata mais do Lula e não se trata mais do PMDB, companheiro, ter alguém numa chapa que será composta pela Dilma Rousseff e por alguém do PMDB, mas fazer parte da chapa para quê e com quem? Quais são as instâncias apropriadas para tomarmos estas decisões? Queremos discutir, como falei ontem, até pela premência do tempo, não seria nem a hora apropriada, mas nós do PMDB, pelo menos aquele PMDB que eu rotulo de PMDB verdadeiro, aquele que não se volta contra as origens que temos. Questionamos muito o papel do Banco Central. O Banco Central está aí para quê? Para fazer a alegria da banqueirada? Fortalecendo aquilo que convencionamos chamar de capital vadio, que não produz nada para a população brasileira? Certamente, não queremos a volta daqueles que desmontaram o patrimônio nacional. O que é que fizeram com a Vale do Rio Doce? Como irão tratar os recursos que advirão da extração do petróleo da camada do Pré-Sal? Queremos ter claramente estas posições. Companheiros do PMDB e excelências deputados que estão nesta Casa, não adianta falar assim: “olha, vamos colocar alguém para ser vice da Dilma Rousseff e, depois, teremos mais uma diretoria do Banco do Brasil”. Para quê? Para trair os anseios legítimos do povo brasileiro? Não. Nós do PMDB queremos a defesa da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica. Queremos que esta juventude que está aqui, através de uma parcela, tenha amanhã, possa olhar lá para a frente com segurança e não ficarmos aqui construindo um país que só se preocupa, muitas vezes, com coisas que não são fundamentais nas vidas dos seres humanos. Quem é Dilma Rousseff? Um quadro qualificado, uma brasileira que considero patriota, mas me perdoem, acho que o (Roberto) Requião presidente da República faria o encaminhamento das questões brasileiras com maior competência, como já demonstrou aqui no Paraná, aplicando na prática, de maneira definitiva, políticas públicas que não serão encaminhadas de volta, por quem quer que seja que chegar ao Palácio Iguaçu. Então, não se trata simplesmente: “olha, é um candidato do PMDB”. Acima do Requião existe uma proposta, um programa de desenvolvimento nacional, a construção de um Brasil independente com respeito no mundo todo. Vez por outra, tomamos conhecimento de entrevistas de algumas lideranças do PT menosprezando a sigla que esteve nas ruas lutando pela Justiça, pela democracia e dando fundamental apoio para a derrocada da ditadura militar. Portanto, temos história, temos um acervo que nenhum partido tem neste país e queremos participar sim da uma proposta. Temos uma pré-candidatura que deverá ser levada em conta sim, porque, ontem, por meio dos companheiros e companheiras que estiveram aqui no Paraná, sinalizamos para a direção nacional, para aqueles que querem decidir em salas fechadas com meia dúzia, aquilo que vai acontecer no ano que vem. Nada disso. Somos construtores do caminho que abriremos para caminharmos no ano que vem. Muito obrigado!