A trajetória do movimento negro no estado do Paraná é tema do livro-reportagem “Paraná Preto”, lançado nesta quarta-feira (13), no Espaço Cultural da Assembleia Legislativa. As jornalistas Aline Reis e Maria Carolina Scherner, autoras da obra, afirmam que a publicação promove um resgate histórico e um registro atual da luta das organizações e lideranças contra o racismo e a invisibilidade social.

O deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), líder do Governo e propositor do lançamento, destacou a importância da obra que considera uma referência histórica. “Curitiba, que é tida como uma cidade de população branca, tem entre seus habitantes 22% de afrodescendentes”, frisou. Ao falar em Plenário sobre o livro, Romanelli lembrou que nesta data, há 127 anos, em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinava a Lei Áurea, que traria a liberdade aos negros no Brasil, abolindo a escravidão.

O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), cumprimentou as autoras, que participaram da sessão ordinária desta quarta-feira (13), pela iniciativa. Disse que o lançamento do livro representa um momento cultural importante para o Legislativo, que desta forma contribui para a reflexão sobre mais um tema fundamental, que deve ser debatido pela sociedade. Na opinião de Traiano, a Assembleia é um local de debates dos assuntos que estão presentes no dia a dia da sociedade. “E questões relacionadas ao racismo e à invisibilidade social, como as relatadas no livro, precisam ser conhecidas, combatidas e rejeitadas com toda a nossa força”, voltou a assinalar.

Pesquisa – “Trata-se de um documento inédito que traça perfis de pessoas afro-brasileiras que vivenciam ou militam no movimento negro paranaense. Figuras emblemáticas que contam suas histórias. Histórias que se entrelaçam formando um cenário que mostra a questão da negritude em todas as suas nuances”, descrevem as autoras. Elas citam que dados do censo do IBGE de 2010 mostram que três milhões de paranaenses são negros. “A história mostra que Curitiba foi a Capital mais negra da região Sul do país”, frisa Aline.

“Estamos retratando uma história que nunca foi mostrada e é muito importante para todos”, acrescenta Maria Carolina. “Desde o início do curso percebíamos a necessidade de discutir o tema. Tínhamos referências sobre o movimento negro no Brasil e em outros estados, mas há muito pouco sobre o Paraná. Por isso percorremos cidades fazendo grandes entrevistas. São histórias de vida e de luta que demonstram a relevância do tema, que ainda precisa ser muito debatido”, diz ela.

As autoras – Aline e Maria Carolina esperam que a publicação se torne uma fonte de consulta e de pesquisa para estudantes, professores e estudiosos das lutas sociais e militantes do movimento negro. O livro, publicado pela Editora Íthala, com 118 páginas, tem apresentação do professor e jornalista Emerson Castro, e é resultado de quase três anos de pesquisa. Foi finalizado em 2012 como trabalho de conclusão da graduação em Jornalismo. Aline é curitibana, jornalista formada pela Universidade Positivo e, atualmente, vive na cidade de Umuarama, Noroeste do estado. Maria Carolina também é de Curitiba, graduada em Jornalismo pela Positivo, e é pós-graduanda em Assessoria e Gestão da Comunicação pela mesma instituição.

Participaram do lançamento, que aconteceu no Espaço Cultural, deputados, lideranças sociais, estudantes. Inaugurado recentemente, o Espaço Cultural integra um projeto que tem a finalidade de incentivar e promover a arte e a cultura paranaense, abrindo as portas do Legislativo estadual para os artistas interessados em apresentar seus trabalhos à população do estado. Neste local podem ser realizadas exposições de pinturas, esculturas, desenhos, fotografias e lançamento de livros. No mês passado, o artista plástico Celso Coppio fez uma exposição de suas obras no local.