Um novo projeto enviado pelo governo criando 20 cargos para unidades penais provocou a revolta dos deputados da oposição. A mensagem não informa para quais penitenciárias. Os deputados ressaltam que não são contra a melhoria do sistema prisional, com a contratação de profissionais especializados, mas não concordam com a utilização do mesmo sistema para acomodar apaniguados políticos. "A desfaçatez na criação de novos cargos é tamanha que o governo sequer se preocupa em formular um projeto correto. Mais uma vez o projeto veio incompleto. Não apresentaram os valores dos salários nem o impacto financeiro que isso vai causar às contas do Estado", relatou o deputado Valdir Rossoni (PSDB), líder da oposição na Assembléia. O deputado lembrou que recentemente foram criados cargos de coordenadores das regiões metropolitanas de Maringá, Londrina e Cascavel antes mesmo de aprovar a instalação das regiões. “A atitude do governo ao promover essa farra de cargos é temerária”, alerta Rossoni. O parlamentar diz que fundamenta sua preocupação em declarações de gente do próprio governo. Entre elas a afirmação do secretário da Fazenda, Heron Arzua, de que a porcentagem da folha de pagamento do Estado está chegando ao limite previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). "O limite prudencial da folha de pagamento é de 46,55% do orçamento e já estamos próximo desse índice. Em abril chegou a quase 42%, sendo que novos cargos foram criados nos meses seguintes. Se continuar criando cargos o governo não conseguirá cumprir o que determina a LRF", alertou Rossoni.O deputado Douglas Fabrício não concorda com o caráter de urgência em que o projeto tramitará na Assembléia. "Quando se trata de projeto para atender aliados políticos o governo aprova tudo no afogadilho. Agora se a questão é para liberar verba para a saúde e atender a população, o projeto demora e se bobear nem sai do papel", atestou Fabrício.O vice-líder da Oposição, deputado Élio Rusch, lembrou que a atitude do governador em criar inúmeros cargos em comissão vai contra a política que ele adotava no passado. "Quando o Requião era oposição ele questionava a criação de cargos. Agora ele não pára de criar cargos. Está na contramão de tudo aquilo que ele pregou um dia", criticou Rusch. Oposição aguarda julgamento da Adin dos cargos (Box) Os deputados de Oposição aguardam com ansiedade o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) pelo Tribunal de Justiça contra o projeto aprovado que permite que o governador crie, remaneje e transforme cargos em comissão. Ao todo foram 17 deputados que assinaram a ação, protocolada no dia 16 de abril.O líder da Oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), tem a expectativa de receber uma resposta rápida TJ. "Esperamos ter uma solução breve para essa questão. O governador está fazendo a festa na criação de cargos", alertou. “Caso seja necessário estamos preparados para ir a Brasília, para mostrar que estamos num estado democrático e que essa atitude do governador fere todo o processo de democracia", ressaltou.Os parlamentares acreditam que a demora em uma decisão é prejudicial ao Estado, pois permite que o governador faça o que bem entender. "Esperamos que a Justiça julgue a Adin o quanto antes. Não é possível deixar o governador agir por decreto", afirmou o vice-líder da Oposição, deputado Élio Rusch.O deputado Douglas Fabrício (PPS) considera uma afronta à democracia a atitude do governador de aprovar tal lei. "O governador quer mandar na Assembléia, no Ministério Público, no Judiciário. Isso é um desrespeito com a população. Já se passaram seis meses sem nenhuma resposta. O desembargador tem que agilizar esse parecer", observou.