Profissionais ressaltam a importância de apoio psicológico e financeiro a familiares de pessoas atípicas e com deficiência Audiência realizada nesta quarta-feira (27) na Assembleia Legislativa debateu a necessidade de políticas públicas de acolhimento a pais e cuidadores.

27/09/2023 18h01 | por Thiago Alonso
Encontro aconteceu no Plenário da Assembleia Legislativa durante toda a tarde desta quarta-feira (27).

Encontro aconteceu no Plenário da Assembleia Legislativa durante toda a tarde desta quarta-feira (27).Créditos: Valdir Amaral/Alep

Encontro aconteceu no Plenário da Assembleia Legislativa durante toda a tarde desta quarta-feira (27).

A falta de apoio psicológico e financeiro às famílias de pessoas atípicas ou com deficiência foi tema de uma audiência pública realizada nesta quarta-feira (27) na Assembleia Legislativa do Paraná. O encontro promovido pela Frente Parlamentar de Proteção à Saúde Mental debateu a demanda de criação de políticas públicas efetivas para o acolhimento de pais e cuidadores. Os participantes reforçam a necessidade de se oferecer dignidade e empregos aos pais e atendimento a saúde e inclusão escolar às pessoas atípicas ou deficientes.

Proposta pela deputada Ana Julia Ribeiro (PT), coordenadora da Frente, a audiência “Saúde Mental das Mães e Pais de Pessoas com Deficiência: Quem Cuida de Quem Cuida?”, contou com a participação de familiares e profissionais que se destacam na atuação e na defesa de direitos e inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), neurodivergentes ou com deficiências. O objetivo é aprofundar o debate na sociedade sobre as questões envolvendo a saúde mental.

A deputada Ana Julia Ribeiro (PT) salientou o trabalho fundamental dos cuidadores e reforçou a necessidade de se discutir dificuldades e problemas. “Temos debatido muito sobre a promoção da saúde mental de toda a população. Neste sentido, a Assembleia tem se debruçado para ampliar os direitos das pessoas com deficiência. No entanto, reparemos que ninguém trata de como proteger quem cuida, ou seja, os pais, os responsáveis, aqueles que estão no cotidiano dedicando a vida a essas crianças, adolescentes e adultos. Entendemos então a necessidade de debater a saúde mental dos pais e mães de pessoas com deficiência e necessidades especiais. Estamos trazendo isso para o âmbito público. Este é um debate amplo para a criação de políticas públicas, dando visibilidade e melhorando estas políticas em torno da saúde mental”, explicou.

 

A deputada Flávia Francischini (União) lembrou que o trabalho da Frente Parlamentar pode contribuir com a instituição de políticas que ofereçam tratamento às famílias de pessoas com TEA. "Vejo esta audiência como um cuidado com a família, por isso é importantíssima. Dessa forma, a Frente pode ajudar as pessoas a conhecer e cobrar os direitos que já têm. Hoje, não só os autistas precisam ser tratados. Sabemos que as famílias também precisam disso". Já o deputado Professor Lemos (PT) reforçou a relevância inédita do debate. "A saúde mental é tema importantíssimo. Precisamos dedicar parte do nosso tempo como legisladores para esta causa. A saúde mental tem de ser pautada nesta Casa. Neste sentido, é importante cuidar de quem cuida, com a preocupação com as famílias de pessoas atípicas".

Inclusão

Leandro Aguiar, presidente da Associação Teamo Autista, de Campina Grande Do Sul lembrou a importância feminina para as pessoas atípicas. "As mulheres é que estão na frente dessas famílias. Esta luta vem pela bagagem das mães. Temos poucos dados sobre essas famílias, mas os que existem são alarmantes. Um estudo aponta que o cansaço físico de mães atípicas é como a de um soldado em guerra. Outro estudo mostra que 78% dos pais abandonam a família antes dos cinco anos do filho atípico. Recebemos relatos constantes das mães na Associação. Isso deve ser tratado como um problema social, com a necessidade de tratamento psicológico e apoio financeiro. Precisamos de um programa de renda, isenção e capacitação para auxiliar os filhos em terapias", relatou. 

A enfermeira Ivony Da Costa Rosa, presidente da Associação Teatecendo Redes Para Neurodiversidade (Aterne), foi categórica: o acolhimento a estas mães precisa ser prioridade. "De que tipo de saúde mental estamos falando quando uma mãe escuta o filho contar que foi trancando no banheiro da escola por ser autista e negro? Conheço mães que não tem nem o que colocar no prato dos seus filhos. Qual a saúde mental dela? Como falar de auto-cuidado com essas mães? A estabilidade mental dessas mães está abalada. A ajuda para elas é para agora. Estamos colapsadas. Não temos nenhum tipo de apoio. Nossa pergunta é: e o futuro, como será? Precisamos de políticas públicas e ações concretas", salientou.

Andrelina Aparecida Gonzaga Oliveira, professora de Sociologia na rede estadual e ativista pela educação inclusiva, também frisou a necessidade de cuidado as famílias. "Para nós, pais de crianças atípicas, é um privilégio dormir, comer sentados ou usar o banheiro. Além disso, enfrentamos todas as barreiras que a sociedade impõe. Precisamos falar de políticas públicas efetivas, pois como a saúde mental dessas famílias vai resistir frente a todas essas adversidades? Precisamos pensar coletivamente em saídas. Não aceitamos mais sermos desumanizados", afirmou.

Já a presidente da União de Pais Pelo Autismo (UPPA), professora Amabile Marchi, chamou a atenção para o fato de que, ao se pensar em qualquer tipo de psicoterapia para as mães, é necessário garantir cuidados aos filhos. "A saúde mental está ligada com a qualidade de vida das pessoas. E isso significa ter comida no prato, uma casa para morar, ter emprego, ter dignidade. Não podemos falar de saúde mental sem falar o que causa o desgaste mental dessa família. Temos de lutar por inclusão e isso começa com o diagnóstico. Sem ele, não conseguimos acesso a terapias. Sem diagnostico e terapia, essa criança está fadada à exclusão social. Além disso, essas mulheres estão sobrecarregadas", contou.

A diretora Hospitalar do Hospital e Maternidade Itaipulândia, Camila Fernanda de Souza, lembrou que as políticas públicas também devem abranger os municípios do interior do Paraná. “Olhem pelas pequenas cidades. Elas estão desamparadas. Também precisamos de investimentos no profissional das áreas da saúde”, ressaltou.

A mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rita Maestri, é surda e, por meio da linguagem de sinais, lembrou a necessidade de políticas públicas para famílias com casos de surdez. “Em relação a essas famílias, é importante pensar no discurso da língua de sinais. Ele fundamental para o desenvolvimento cognitivo das crianças. A língua de sinais permite autonomia. Por isso, precisamos de políticas de linguagem para os pais. As famílias precisam dessa base para as crianças crescerem e se desenvolverem”, avaliou.

Presenças

Também participaram do debate o deputado Doutor Antenor (PT), por meio de vídeo, a assessora Gabriela Martins, do vereador de Curitiba Angelo Vanhoni, o vereador de Colombo Anderson Prego, a presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas de Excepcionalidade (IEPE), Lucymara Chistoforo, a vice-presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB-PR, Adriana Denise Teixeira Bezerra, a coordenadora de Saúde da Apae Curitiba, Laura Ribas Tilly Cutrim, e a psicóloga Claudia Mazziotti Pereira. 

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