Saúde Pública Está Doente

13/03/2006 17h18 | por Marcia Godinho
Como se não bastasse a falta de leitos nas UTI’s dos hospitais públicos do estado a população também sofre com a falta até de medicamentos que controlam a pressão. O morador do bairro Novo Mundo, Mauro Lisboa, reclama da falta do remédio Capitropil no posto 24hs do bairro Fazendinha. O deputado Luiz Carlos Martins acompanha de perto as dificuldades que a população enfrenta para ter atendimento decente, faz um alerta: “Os problemas causados pela ineficiência do SUS são antigos e só pioram a cada dia. Como pode um órgão que representa uma das maiores verbas no orçamento do país apresentar tamanhas distorções? A saúde pública está doente, em estado terminal”. As reclamações contra o serviço público de saúde chegam diariamente ao parlamentar. Remédios essenciais não são encontrados nos postinhos, faltam vagas em hospitais, há fila de espera para consultas e cirurgias.Muitas pedras no caminhoA verba destinada ao Sistema Único de Saúde é repassada pelo governo federal aos estados, que se encarregam de liberar as verbas aos municípios, através das Secretarias Estaduais de Saúde e suas Regionais. No SUS todo cidadão cadastrado passa obrigatoriamente por uma consulta com o clínico geral, que avalia o quadro geral do paciente e determina, se necessário, o encaminhamento para o especialista. O município é o gerenciador do sistema. Responde, portanto, pela agenda dos atendimentos. Quando não existir na cidade o especialista pedido pelo clínico, a Regional de Saúde da área é acionada e fica encarregada de agendar a consulta. Isso significa que o usuário é encaminhado para onde existir vaga com o profissional solicitado.À grosso modo, é nesse ponto que começa o embate entre o sistema e os usuários. Entre outras coisas, a oferta de serviços é muito menor que a procura. Percebe-se que é cada vez menor o interesse dos médicos em atender os usuários do sistema já que o valor que recebem pelas consultas é de envergonhar. Por outro lado, o número reduzido de hospitais públicos faz com que o governo tenha uma rede de hospitais credenciados para suportar o número de atendimentos. A tabela de preços negociada pelo SUS com essas instituições está muito abaixo dos custos reais, o que acaba levando-as a disponibilizar o mínimo de leitos requeridos obrigatoriamente pelo sistema. É apenas uma questão de sobrevivência. O resultado é uma espera de meses por uma consulta ou uma cirurgia. Roseli Shirmer Rodrigues, moradora do Jardim Florença, em Colombo, conta que a filha de 8 anos espera por um cirurgia das amídalas há dezoitos meses. De acordo com Roseli, o pedido foi encaminhado pelo posto de saúde do centro de Colombo. Ela se diz desamparada e em tom de apelo a Luiz Carlos Martins, desabafa: “Minha filha está sofrendo porque nem dipirona faz efeito. Ela já não consegue se alimentar e nem dormir”.A busca por algumas especialidades pode representar a espera em uma fila de até 5 mil pessoas. O caso de Léa Macedo, moradora do bairro Seminário, chama a atenção, pois, a usuária aguarda uma consulta com ortopedista encaminhada pelo posto de saúde do bairro Campina do Siqueira. Segundo Léa, o pedido foi feito no dia 16 de junho do ano passado e até agora não foi chamada. “No posto eu fiquei sabendo que 400 pessoas estão na minha frente na fila de espera”, reclama a usuária. Situação parecida enfrenta a ouvinte Rosalina Siam, de Colombo, que sofre de hérnia umbilical e há um ano aguarda a cirurgia na fila de espera. Enquanto isso, Rosalina precisa tomar Tylex 300 a cada 6 horas, que está em falta no posto de saúde do Guaraituba, de Colombo. PerâmbulânciaNão raro, pacientes transitam de lá para cá em busca de tratamentos que não são oferecidos onde residem. É a chamada perambulância. Os centros maiores passam a absorver o atendimento, comprometendo a qualidade dos serviços prestados. Se a situação é ruim para a população local, que dizer das pessoas que vêm do interior. Júlio César Moura, morador de Piraquara, conta que sua irmã veio à Curitiba para o tratamento de eplepsia, trazida pela prefeitura de Santa Amélia. Agora, a prefeitura se recusa a vir buscar a irmã de Moura, que não tem condições de pagar a passagem para ela voltar para casa.“A estrutura é complicada, mas ainda dá para diagnosticar os pontos que não funcionam. Eu sei disso, o secretário de saúde sabe melhor ainda e o ministro nem se fala. No fundo é preciso humanizar o atendimento à saúde. Falta sensibilidade, o caos está banalizado, nos acostumamos a ele. Temos o direito de nos acostumar com erros que colocam em risco a vida das pessoas? Isso tem que parar”, afirma Luiz Carlos Martins.Para o deputado, a solução envolve não só dinheiro, mas gestão consciente. “É preciso construir mais hospitais. É preciso modernizar os já existem. É preciso incentivar os prestadores médicos, laboratórios e os hospitais privados. Mas, os recursos têm que estar nas mãos de gente preparada, altamente especializada para que dêem a eles o destino rápido, objetivo e que tragam o máximo de benefícios para a população”, finaliza o parlamentar.

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