Seminário “Emergência Climática - Ecologia Curativa: uma perspectiva budista sobre a crise ecológica” debate mudanças no clima A iniciativa foi do 3º secretário da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Goura (PDT), em conjunto com Centro de Estudos Budistas Bodisatva Curitiba (CEEB-Curitiba). 

22/05/2024 22h14 | por Antônio Dilay
Palestra ocorreu na noite desta quarta-feira (22), no Plenário da Casa.

Palestra ocorreu na noite desta quarta-feira (22), no Plenário da Casa.Créditos: Valdir Amaral/Alep

Palestra ocorreu na noite desta quarta-feira (22), no Plenário da Casa.

O Seminário “Emergência Climática - Ecologia Curativa: Uma perspectiva budista sobre a crise ecológica” aconteceu nesta quarta-feira (22), no Plenário Deputado Waldemar Daros por iniciativa do 3º secretário da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Goura (PDT), em conjunto com Centro de Estudos Budistas Bodisatva Curitiba (CEEB-Curitiba). 

O evento contou com a palestra e reflexões do sociólogo norte-americano e mestre zen, ativista e fundador do Centro de EcoDarma das Montanhas Rochosas (Rocky Mountain EcoDharma Center), no Colorado, EUA, David Loy que no seu trabalho, tem empregado conceitos budistas para analisar a história do ocidente e os problemas globais contemporâneos.

Para o proponente e coordenador do seminário, deputado Goura (PDT), “o Budismo tem uma perspectiva também compartilhada, na minha opinião, por muitas religiões, pelo cerne de todas as religiões, de que o ser humano tem que estar em harmonia com a Natureza. E hoje em dia, o que estamos vivenciando com esses eventos climáticos extremos, com as mudanças climáticas, é um momento de profunda reflexão que temos que fazer sobre a maneira como nós estamos tratando a Terra, como nós estamos tratando os rios, as florestas, como nós estamos tratando os nossos corpos e as relações entre os seres humanos como um todo”. 

“Eu acho que é um momento diferente hoje aqui na Assembleia, de trazermos a espiritualidade, trazer a perspectiva da espiritualidade para um tema extremamente contemporâneo que são as mudanças climáticas. É preciso rever os nossos hábitos, os nossos comportamentos, o nosso estilo de vida como um todo. Atualmente vivemos de uma forma que a gente preda a Natureza, preda o meio ambiente, não reconhecemos que existe uma relação de tudo o que fazemos com a Natureza, estamos fazendo com nós mesmos também. Existe uma frase famosa de Mahatma Gandhi que fala que “você tem que ser a mudança que você quer ver no mundo”. Então, se a gente quer um mundo diferente, a gente tem que olhar as nossas atitudes, as nossas ações e vermos o que podemos fazer para contribuir com essa mudança”, completou o deputado Goura. 

Mudança de comportamento x mudanças climáticas

O seminário propôs a perspectiva de que catástrofes como a ocorrida no Rio Grande do Sul são evidências contundentes que o atual cenário é de emergência climática, com as ocorrências cada vez mais frequentes de eventos extremos, não só no Brasil, mas por todo planeta. Por que estão acontecendo tantas inundações, secas e temperaturas extremas? Como chegamos a essa situação? Como vamos responder a esses desafios? Esta foi a reflexão oferecida pelo convidado ao seminário, mestre David Loy.

“A primeira coisa a dizer é nos lembrarmos que o único problema não é a mudança climática. A mudança climática é apenas parte de uma crise ecológica muito maior. Isso inclui eventos de extinção, muitos tipos de poluições tóxicas no ar, na Terra e nos nossos corpos. Então, é uma crise muito maior, por isso que é espiritual. Quando pensamos em mudança climática, pensamos em tecnologia, economia ou política, mas também é sobre nossa relação com a Terra. O que é a nossa relação fundamental com a Terra? Você sente que nós somos separados da Terra, que nós podemos usar ela de qualquer maneira que queremos? Não é o caso, nós somos parte da Terra e nós temos uma responsabilidade sobre isso”, explicou o palestrante David Loy.

Sobre o futuro e como preparar a próxima geração para um problema como o caos climático, mestre David Loy afirmou que “isso é onde a sensibilidade do Budismo entra. A importância da transformação pessoal, que é possível quando aprendemos a fazer coisas como meditação. E também temos que perceber que o todo o foco das últimas gerações esteve no crescimento econômico, mais e mais e mais, nós realmente temos que questionar isso. E eu acho que os jovens hoje podem ver que isso não é um caminho para frente. Então, não é só uma crise climática, não é só uma mudança climática, a gente precisa mudar. E uma das coisas que a precisamos mudar é essa nossa visão de sempre produzir mais e mais e mais e mais. É preciso mudar este paradigma e nos transformar, para também transformar o planeta”. 

Loy atua em diversos grupos e movimentos, incluindo o Extinction Rebellion e os Zen Peacemakers e é o autor do livro “Ecodarma”, uma jornada impactante sobre a interseção entre práticas budistas e os desafios ambientais modernos diante da ecocrise atual. Neste livro, o autor apresenta o que denomina Ecosatva, uma aproximação entre os ensinamentos milenares do darma e o que eles têm a dizer sobre as urgências da crise ecológica atual e o desenvolvimento pessoal, espiritual e social não são realmente separados. Ele escreve: “O engajamento no mundo é como nosso despertar individual floresce, e práticas contemplativas como a meditação fundamentam nosso ativismo, transformando-o em um caminho espiritual”.

Uma nova atitude sobre a vida

A diretora da Escola Design Ao Vivo, coordenadora do programa de ecodesign, diretora do Instituto Nhandecy, coordenadora de projetos sociais na OSC Coletivo Inclusão e tutora do CEBB Sukhavati/Quatro Barras, senhora Bernadete Brandão participou do seminário e pontuou sobre as questões do design voltado para pessoas e como ferramenta de transformação. “Nessas situações de catástrofes, em primeiro lugar, deveríamos aprender a lidar com a emergência. Nos apercebemos como seres humanos incapazes de lidar com situações caóticas. Ou ficamos muito, muito nervosos e com uma compaixão aflorada quando vemos irmãos, primos, amigos em situações vulneráveis. Então esse é o primeiro ponto, precisamos aprender a lidar com isso. O segundo ponto, que eu acho que é anterior, deveria ter sido feito antes um trabalho de casa, a compreensão sobre a questão, nesse caso, do clima, sobre o que nós estamos passando hoje. O que tem sido construído durante esse século e o que é a nossa parte individual e coletiva nisso. É preciso um outro modo de fazer as coisas”. 

“Temos que trabalhar com esse nível de atitude, de consciência de um lado, e de ferramentas de outro lado. É aí que tem sido meu trabalho. Precisamos repensar a forma como estruturamos as nossas cidades. E não somente o urbano, as moradias, repensar as nossas roupas, a nossa alimentação, nossa saúde, enfim, é todo um modo de pensar o mundo que vivemos, mudar essa mentalidade. É um outro tipo de pensamento, é um outro tipo de escola, de ensino e de aprender sobre como nos relacionamos”, concluiu a professora Bernadete.

Para o professor e pesquisador em energia limpa e construções sustentáveis da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), doutor Eloy Casagrande Júnior, “nós estamos falando da maior ameaça à vida no planeta, não só à vida da espécie humana, mas de todas as espécies. Então, tem um sentido espiritual em tudo isso. Nós nunca enfrentamos uma situação como essa de agora, é tanta interferência que a espécie humana causou no meio ambiente que certamente precisamos rever a nossa própria existência. Não se pode mais negar dados científicos, o negacionismo não tem mais espaço. A realidade climática está aí escancarada na nossa frente, como o caso do Rio Grande do Sul. Precisamos urgentemente que medidas práticas sejam implementadas. E essas medidas passam por mudanças de hábito de consumo, mudanças de modelo de desenvolvimento, mudanças como a gente planeja nossas cidades, como nós nos preparamos para os problemas que vêm aí. Aliás, tem um novo termo que a gente está usando agora no meio científico, que nem é crise climática, nem é mudança climática e nem é emergência climática, é resistência climática”. 

No seminário a mesa de autoridades ficou composta pelo proponente e coordenador do evento, deputado Goura (PDT), o sociólogo e escritor, mestre zen David Loy; professor da UTFPR, Eloy Casagrande Jr.; doutora em Epistemologia Ambiental, doutora Yamina Micaela Sammarco; diretora do Instituto Nhandecy, professora Bernadete Brandão e fundadora do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Tecnologia e Meio Ambiente da UTFPR, professora Libia Patrícia.

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