Veneri Revela Sua Paixão Pela Política e Descreve a Relação dos Partidos Pt e Pmdb

01/04/2005 17h13 | por Flávia Prazeres
Para Editoria de PolíticaDistribuído em 31/03/2005Jornalista: Flávia PrazeresVENERI REVELA SUA PAIXÃO PELA POLÍTICA E DESCREVE A RELAÇÃO DOS PARTIDOS PT E PMDBDurante entrevista o deputado Tadeu Veneri fala sobre o seu mandato parlamentar, que declara ser uma de suas paixões. Também fala de suas origens e do aprendizado conquistado ao ocupar uma cadeira no Poder Legislativo. Veneri iniciou sua trajetória política como vereador da cidade de Curitiba e pela primeira vez encara um mandato como deputado estadual, mas não fala de eleições 2006, prefere pensar no presente. Segundo o deputado, o Brasil é um país que necessita de educação para o seu desenvolvimento. Conta ainda sobre o trabalho que desenvolveu à frente da Comissão Permanente de Educação. Atualmente integra a Comissão de Saúde, Educação e Finanças. 1) – Qual foi o trabalho desenvolvido pelo deputado à frente da Comissão de Educação?Veneri – Nós fizemos uma série de questionamentos, primeiro ao governo do Estado com relação às universidades. Também tivemos um trabalho extremamente profícuo junto aos professores do ensino médio, obtendo a votação do plano de cargos e salários da classe. Hoje nós temos no Estado uma situação diferenciada dos demais estados, pois o Paraná mantém um fórum permanente de discussões a respeito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), realizado pela Comissão de Educação, pioneira neste processo. Realizamos em dois anos ao todo 26 audiências públicas que não debateram apenas questões ligadas à educação, mas também a outros setores.2) – Qual foi o resultado da audiência pública realizada nesta semana na Assembléia Legislativa?Veneri – Bem nesta semana nós fizemos uma audiência pública para debater a questão do Instituto de Previdência do Estado do Paraná, o extinto IPE, que existiu até o final da década de 90, extinto pelo então governador Jaime Lerner. A proposta do atual governo do Estado é retomar o IPE da forma como funcionava antes. Atualmente o atendimento é prestado pelo Sistema de Atendimento à Saúde - SAS, que é extremamente precário, pois não contempla os servidores públicos. Esta audiência foi realizada a pedido do Fórum de Servidores Públicos e contamos com 14 ou 16 sindicatos e mais o representante da Secretaria de Administração.Os resultados foram muito proveitosos, tivemos acesso a todos os contratos realizados e cópia da auditoria feita no SAS. Encaminhamos ao governador Requião um pedido para que ele envie a mensagem do IPE à Assembléia Legislativa.3) – Como o deputado definiria estes dois anos anteriores de mandato e o atual?Veneri – Pra mim os dois primeiros anos- eu estou no primeiro mandato- foram de aprendizado. No primeiro ano tomamos 80% do nosso tempo com a Comissão Parlamentar de Inquérito da Copel. No segundo ano tivemos uma presença maior na Comissão de Educação e agora no terceiro ano ocupando a liderança do PT e também as Comissões de Educação, da Saúde e das Finanças vamos desenvolver um trabalho mais voltado para o partido. Este é um ano de muitas expectativas, pois nós temos muitas questões pendentes, por exemplo, na questão da saúde, como é o caso das 30 horas dos servidores, que acredito que há um equívoco do governo do Estado, que restitui as 30 horas até para aqueles servidores que não têm a obrigação de faze-lo. Esta vai ser uma batalha bastante árdua, que exigirá muito de todos, mas acredito que vai ser um ano muito interessante, muito produtivo justamente porque há uma demanda muito grande.4) – O que o motivou a ingressar na política?Veneri – Bom eu venho do movimento sindical, fui diretor sindical dos Bancários de Curitiba durante três anos, estive na CUT, no debate do PT. A política é paixão, para fazer uma política bem feita, que não seja política do fisiologismo, que não seja política do empreguismo e da negociata, eu acho que você tem que fazer por paixão, e estas paixões a gente não explica a gente aceita e continua no caminho.5) – Como o deputado encara a relação dos partidos do PT e PMDB?Veneri – Uma relação de independência. Eu acho que a relação do PT e do PMDB ela teve um momento de muita proximidade logo após as eleições do governador Roberto Requião. Até porque nós entendemos que o governador foi eleito com uma boa base eleitoral do Partido dos Trabalhadores, particularmente do presidente Lula. Nós tivemos um período bastante conturbado nestes dois anos, uma porque o método que o governo opta por fazer os seus convites para as pessoas do PT para trabalharem não é o método que nós temos por hábito trabalhar, nós não gostaríamos que este método fosse pessoal, particularizado, se é pra ser um método político tem que ser entre partidos e não entre pessoas. Na seqüência disso as eleições municipais me parecem que deixaram um saldo positivo para o PT e PMDB e também um saldo negativo para os dois partidos, com ganhos e perdas. E hoje nós temos uma posição de independência, nós temos a intenção de lançar a candidatura própria ao Governo do Estado. Respeitamos o PMDB e entendemos que há uma parceria em alguns princípios dentro dessa aliança que se fez há dois anos atrás. Agora é óbvio que nós temos divergências também, e essas divergências ficam explicitadas não por nós, mas pelo governador Requião e pelos peemedebistas que a cada dois passos fazem três críticas ao governo Lula e as pessoas que compõem o governo. Nós não temos tido nenhum problema com o governador Requião e nem com as pessoas do secretariado, nós temos tido obviamente compreensões diferentes. Eu mesmo tive três projetos aprovados e três vetos do governador. Um deles depois de negociado o projeto, que é o 30 horas, nós fomos surpreendidos com o veto, e mais surpresos ficamos ainda com a orientação para a manutenção do veto, mas isso faz parte de todo processo político. Esses são dois grandes partidos aqui de esquerda e que em alguns momentos vão continuar caminhando juntos e em outros não fazendo esta caminhada tão próximos.6) – Para o deputado o que representou a escolha do deputado federal Paulo Bernardo para o Ministério do Planejamento?Veneri – Eu acho que um ganho para o Paraná. No dia 30 de março, o deputado Paulo Bernardo fez um anúncio de verbas para o Estado do Paraná de cerca de R$ 1 bilhão. Eu acho que esta relação, este reconhecimento para o Paraná fará com que nós tenhamos condições de fazer um trabalho melhor em nível estadual e principalmente em nível federal.7) – O que o deputado teria para comentar a respeito do governo de Lula?Veneri – O governo de Lula tem erros e acertos, alguns erros que nós entendemos que não deveriam ter acontecido, como por exemplo, a forma como foi conduzida a reforma da previdência, a forma como foram tratadas algumas alianças e algumas parcerias dentro do governo, que nós entendíamos desde o inicio que não eram necessárias. A maneira como o governo intervem em outros partidos e dentro do espaço do Congresso Federal é que às vezes me parece fora daquela previsibilidade que nós tínhamos como proposta ou como projeto. A nossa pouca inserção nas questões sociais, que isso aí é um problema que nós temos que resolver. Nós temos também uma divergência com relação à condução da política econômica no que tange as questões vinculadas à divida externa, aos pagamentos, aos juros, e a opção pelo agro-negócio e não pela agricultura familiar.8) – O deputado acredita que o fato do PT ser agora de situação houve uma ruptura ideológica no partido?Veneri – Não, em absoluto. O Partido dos Trabalhadores já foi situação em vários estados, como Mato Grosso, Rio Grande do Sul, à frente da prefeitura de Porto Alegre, São Paulo, é situação na prefeitura de Fortaleza, de Recife, de Aracaju, é governo federal, nem por isso há uma ruptura ideológica, eu acho que há uma condição ideológica diferenciada. Mas aqui nós lembramos sempre que nós não somos governo, nós somos aliados do governo. Nós temos um secretário, que é o Padre Roque, mas não foi indicado pelo PT, foi convidado pelo governador Requião. Então nós poderíamos falar em uma ruptura ideológica se nós estivéssemos no governo exercendo uma política diferente daquilo que propúnhamos antes de sermos governo, não me parece que seja esse o caso.9) – Qual é a opinião do deputado sobre os produtos transgênicos?Veneri – Os transgênicos têm pontos que são discutíveis do ponto de vista da sua migração para outras áreas não transgênicas. Existem divergências quanto a sua aplicabilidade, o seu controle efetivo por parte de uma grande multinacional que é a Monsanto, me parece, aliás, que esta é a principal disputa mundial que se tem hoje. Para nós o produto transgênico traz problemas quando ele elimina a possibilidade de nós termos sementes naturais, denominadas criolas. Não vejo assim nem como um processo que nós devamos abraçar, mas também não vou fazer o processo de queimar livros em fogueira, porque são coisas novas. Nós temos que ter o controle técnico, biológico e esse controle tem que vir em beneficio da população brasileira.10) – Como o deputado encara o esquema de rodízio adotado pelo PT, mudando sempre a liderança de seu partido?Veneri – Eu acredito que seja algo positivo, porque a liderança de um partido ela tem que significar o pensamento médio daquele partido. Eu acho que esse processo de nós fazermos rodízio permite um aprendizado a todos e também que nós exerçamos o processo de alternância que é uma das coisas que nós prezamos e pregamos muito.11) – E a respeito da mudança do Líder do Governo?Veneri – Extremamente necessária, eu acho que não haveria espaço pra nós continuarmos com a liderança do governo com todo o processo de desgaste que já se arrastava há mais de oito meses, ou seis meses pelo menos. Com as críticas feitas não só pelo governador Requião, pelos seus secretários, mas também pela forma como muitas vezes eram tratadas as pessoas dentro do próprio partido. Acredito que a liderança do governo estar com o partido aliado pode ser boa para o governo, mas para este partido que pretende inclusive ter candidatura própria obviamente que é absolutamente incompreensível para a maioria da população. O deputado Natalio Stica (ex-líder do governo) entendeu que não havia espaço para continuar à frente da liderança, mediante todos os problemas que aconteceram com o PMDB na indicação das comissões permanentes da Assembléia Legislativa.12) – A respeito da liderança do deputado no PT, há alguma mudança ao assumir esta liderança?Veneri – Houve por conta de uma proposta que eu fiz para que estivesse na liderança. Quando eu me propus a assumir a liderança da bancada conversei com oito ou nove deputados para que nós pudéssemos dar uma dinâmica diferente à liderança. A utilização do jornal para poder melhorar e ampliar o contato com os prefeitos, vereadores e diretórios do PT. Também a edição de um boletim quinzenal tanto no meio eletrônico, como também impresso, porque a agilidade destas informações pode nos ajudar muito. Nós entendemos que devemos caminhar para compor uma aliança estreita com o partido, com reuniões quinzenais, semanais. Esse ano nós teremos um ano muito positivo, e eu espero porque nós iremos fazer diversos seminários direcionados aos vereadores, prefeitos e a todos os componentes do partido. Espero que eu possa fazer desta liderança um marco favorável ao Partido dos Trabalhadores.13) – Quais são os projetos do deputado que merecem destaque? Fale sobre o projeto recente de sua autoria que causou repercussão, o que proíbe a contratação de parentes em órgãos públicos.Veneri – O projeto de 30 horas aos servidores que nós devemos voltar a discutir, por ser extremamente necessário, principalmente para que a população tenha um bom atendimento. O projeto que estabelece a gratuidade no transporte interestadual para os portadores de necessidades especiais que está tramitando. Nós tivemos um projeto de assédio moral que embora tenha sido vetado pelo governador Requião, mas o parecer da procuradoria entende que ele é necessário, então nós vamos aguardar que o governador mande uma mensagem neste sentido. Tivemos também durante o período que fizemos o regimento interno, a iniciativa de aprovarmos aqui a suspensão dos pagamentos das sessões extraordinárias proposto pela bancada do PT, acredito que este seja um marco porque sempre houve esta pratica. Então o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão entendeu que era o momento oportuno para realizar esta mudança em virtude da modificação do regimento interno. Apresentamos três ou quatro projetos nesta semana, mas o que me chama a atenção é que alguns projetos são mais polêmicos como este que proíbe a contratação de familiares, tanto no âmbito Executivo, quanto Legislativo e no Tribunal de Contas, é um projeto para ao seu tempo ser apreciado, e ao seu tempo será aprovado. Se nós queremos uma democracia moderna nós temos que buscar a contratação via concurso público, este é o entendimento que eu tenho.14 - Como o senhor definiria o deputado Tadeu Veneri?Veneri – Bom, eu acredito que as definições quem dá são as pessoas que me elegem. Eu sempre falo desde que eu concorri a vereador que as pessoas que me elegem sabem muito bem porque votam em mim. Desde que eu concorri pela primeira vez tive sempre a oportunidade de ser claro nas ações que empreenderia durante o mandato. Nós temos um mandato, respeitando todos os outros, que não faz concessões. Um mandato que não busca fazer do parlamento uma forma para obter troca de favores ou da troca da miséria pelo voto. Procuramos fazer prestação de contas porque antes de ser deputado eu sou um cidadão, e sendo assim eu acredito que tudo aquilo que eu gostaria de ver nos outros eu tenho a obrigação de faze-lo.

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