31/05/2007 10h43 | por Jornalista responsável: Maria de Lourdes da Conceição / (41) 3352-3338 - 9991-6862
A Comissão Especial de Investigação (CEI) que está investigando o apagão aéreo no Paraná apresentará na próxima semana o relatório final das investigações feitas através de informações obtidas no Cindacta II, Infraero e ANAC de Curitiba. A CEI é representada pelos deputados estaduais, Cleiton Kielse (PMDB), Marcelo Rangel (PPS) e Antonio Belinatti (PP).No mês de abril os deputados da CEI estiveram reunidos com o superintendente da Infraero, Antonio Felipe Bergman Barcelos e no mesmo dia no Cindacta II, com o comandante, Cel. Aviador Eduardo Jean Kiame.Durante visita as instalações do Escritório de Aviação Civil de Curitiba (EAC-CT), no dia 10 de abril, o deputado estadual, Cleiton Kielse conversou com o chefe do Escritório de Aviação Civil de Curitiba (ANAC), tenente coronel aviador, Valdemar Gomes de Paiva Junior para obter algumas informações oficiais.Durante entrevista ao Jornal do Estado o parlamentar disse que o Cindacta II precisa de pelo menos mais 197 controladoresA Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Federal que investiga a crise aérea desembarca, hoje, em Curitiba. Deputados federais e senadores visitam o Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 2), na base aérea do Bacacheri, a convite da Aeronáutica. Os parlamentares vêm ao Paraná para conhecer o funcionamento do sistema de tráfego aéreo na região. O Cindacta 2 é responsável pelo controle do espaço aéreo de toda a região Sul, mais uma parte do Mato Grosso do Sul e São Paulo.Mas, antes mesmo da visita, marcada para as 11 horas, alguns dados já podem contribuir para o trabalho da CPI. A Comissão Especial de Investigação (CEI) criada na Assembléia Legislativa do Paraná, em abril, para avaliar a situação do apagão aéreo no Estado e no Cindacta 2, está concluindo o seu relatório. Números importantes, como a necessidade de contratação de novos profissionais, fazem parte do relatório, que será encaminhado também para as autoridades da Aeronáutica e a presidêcia da República, além da própria CPI. O relatório final será apresentado na Assembléia na segunda-feira."É necessário a contratação de pelo menos mais 197 controladores de vôo para o Cindacta 2", alerta o presidente da CEI, deputado Cleiton Kielse (PMDB). Atualmente 224 controladores cuidam do espaço aéreo de todo o Paraná e dos estados vizinhos. Destes, 109 estão baseados no controle aéreo em Curitiba, 13 especificamente no aeródromo do Bacacheri, 26 no Centro de Controle de Aproximação - responsável por todos os vôos a partir de um raio de 100 quilômetros da Capital -, 20 na torre de controle, além de outros em atividades correlatas e controles em aeroportos do interior.Os parlamentares paranaenses conseguiram esses dados depois de várias consultas ao Cindacta, Ministério da Aeronáutica e outros órgãos do governo, além de pesquisas entre os controladores. São números importantes que mostram a fragilidade do controle aéreo brasileiro. "Segundo as normas internacionais, precisaríamos alcançar no Brasil a proporção de um controlador para cada 12 aeronaves por horário. Com isso, são necessários 800 funcionários diretos a mais no controle do tráfego aéreo em todo o País", continua Kielse.Recursos foram mal contigenciadosApesar de ser apenas um convidado, os membros da CPI do Apagão Aéreo da Câmara Federal e do Senado, e outros deputados da bancada do Sul que visitam o Cindacta 2, querem aproveitar a oportunidade. "Queremos dados do setor de infra-estrutura. Sabemos que o contigenciamento de recursos prejudicou a modernização dos equipamentos", diz o deputado federal paranaense Gustavo Fruet (PSDB), titular da Comissão Parlamentar de Inquérito.A CPI atua em três frentes de investigação. O acidente com o avião da Gol em setembro de 2006. O gerenciamento do setor de infra estrutura, que teve aumento de demanda sem a devida oferta de estrutura para suportar o crescimento da frota. Na terceira frente, investigar a aplicação dos recursos da Aeronáutica e da Infraero, inclusive se houve desvios. A CPI já entrou com pedido oficial sobre a aplicação dos recursos e uma auditoria pelo Tribunal de Contas da União (TCU).A visita ao Cindacta 2 está marcada para as 11 horas. Antes, os deputados vão para Santa Catarina. Quatro parlamentares da CPI, entre eles Gustavo Fruet, estarão em Urubici, onde está o Destacamento de Proteção ao Vôo do Morro da Igreja, equipado com um radar que fornece informações para os controladores do Cindacta 2. De tarde o deputado petista André Vargas também se junta à comitiva em Curitiba."A CPI já cumpriu um papel. Obrigou que o governo se mexesse", aponta Fruet. "Nosso desafio agora é apontar soluções".Já a CEI da Assembléia Legislativa deve encerrar as atividades com a entrega do relatório, que conseguiu antecipar os trabalho das CPIs da Câmara e do Senado. "Não queremos apontar culpados", diz Kielse. Lula foi informado sobre relatório paranaenseMuito do que foi encontrado pela CEI foi levada para o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Kielse disse que manteve pelo menos dois encontros com o presidente há cerca de 30 dias, quando ele adiantou muito do relatório. Os encontros aconteceram com a presença do Ministro do Planejamento e Gestão, Paulo Bernardo e do presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi. "Só não apresentamos os resultados antes porque quando estávamos colhendo os dados, alguns militares da Aeronáutica foram cerceados"."Me comprometi com o presidente Lula enviar o relatório da CEI com informações do Paraná sobre o apagão aéreo em nosso Estado", afirma Kielse. As informações da CEI foram obtidas com a Infraero, Cindacta 2 e Anac em Curitiba.Frota aérea cresceu quase sem controle em 37 anos.Os dados obtidos com a investigação e a pesquisa mostram uma das facetas de como começou o caos do espaço aéreo brasileiro. Na década de 1970, o País tinha registrados 3.700 aeronaves. Hoje são mais de 11.500. No mesmo período, o número de controladores aptos cresceu apenas 20%. Até o final do ano, mais 150 aviões devem compor a frota nacional, adquirida por apenas quatro das maiores empresas aqui instaladas."A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) delibera e libera o registro de aeronaves sem critério do número de controladores e da estrutura possível. Tem que ter um controle e um entendimento entre a agência e a Aeronáutica", opina o presidente da CEI estadual, Cleiton Kielse. "Temos um projeto pronto sobre o que seria necessário para os próximos dez anos para não corrermos um risco de um apagão aéreo.À flor da pele - Durante as investigações da CEI, os deputados tiveram acesso às instalações do Cindacta 2. "Vimos gente estressada, com tiques nervosos. Isso é sinal de sobrecarga de trabalho". Como os controladores no Cindacta 2 são na maioria militares, os deputados ouviram poucas reclamações abertamente.