Deputados Reforçam Mudanças Pretendidas Por Requião

26/10/2005 15h24 | por Zé Beto Maciel
DEPUTADOS REFORÇAM MUDANÇAS PRETENDIDAS POR REQUIÃOOs deputados estaduais Antonio Anibelli e Dobrandino da Silva, que participaram nesta segunda-feira (24) no Rio de Janeiro da quinta plenária do PMDB nas capitais brasileiras, reforçaram o discurso do governador Roberto Requião que atacou as taxas de juros, o superávit primário, o déficit zero, o banco central independente e as reforma da previdência e trabalhista.“Requião defende mudanças radicais na política econômica e um novo conceito de Brasil, um país independente que não é subserviente ao capital estrangeiro, aos interesses da dominação dos mais ricos sobre os pobres”, observou Dobrandino da Silva, presidente do PMDB do Paraná.No seu pronunciamento (leia a íntegra no final desta matéria) no Clube Monte Líbano, Requião explicitou a uma plenária de mais de três mil pessoas - entre militantes, governadores, deputados estaduais e federais, prefeitos, vices e vereadores - a confusão entre “o conceito de nação e o conceito globalizado de mercado”. Nação x mercado - “O mercado não respeita as pessoas. Age como têm agido os últimos governos, valorizando os bancos, o capital estrangeiro e o capital nacional. E passando por cima de toda uma história nacional como quem não acredita no povo, na sua criatividade, e na sua possibilidade de construir no presente e no futuro, uma nação forte”, apontou Requião.O deputado Anibelli afirma que Requião tem um discurso forte e esclarecedor sobre como funciona a economia nacional. “O governador diz que essa contradição entre nação e mercado tem que ser superada pelos brasileiros”. A contradição, segundo o deputado, é aviltante quando se coloca o lucro dos bancos em 2004 – R$ 145 bilhões – e os investimentos do país em políticas sociais – R$ 7 bilhões. “O mais aviltante, como esclarece Requião, é que a maior parte desse lucro é resultado da especulação dos títulos da dívida interna. O governo lança os títulos e paga os maiores juros do planeta que atendem 20 mil famílias num país de 170 milhões de habitantes”.Superávit primário - Outro ponto esclarecedor no discurso do governador, na opinião dos deputados, se faz na relação da constituição do superávit primário com a especulação financeira. “O superávit só existe para pagar os juros desses títulos. Requião lembrou que o Brasil teve R$ 80 bilhões de superávit primário em 2004, e investimentos pífios em infraestrutura, estradas, portos e ferrovias”, apontou Dobrandino. Os R$ 80 bilhões, conforme Requião e os deputados, foram carreados para o pagamento de dívidas “São dívidas que talvez no passado recente tenham financiado um grande banquete para o qual o povo não foi convidado, mas é chamado agora a participar, pagando o que não deve”, discursou Requião.Déficit zero – Deputados e governador também apontam um novo engodo do neoliberalismo na economia brasileira “Chama-se déficit zero. O que significa isso? Significa afastar as dotações constitucionais, da educação e da saúde, da obrigação do governo e estabelecer como verdade constitucional e prioridade absoluta, o pagamento dos juros da dívida interna e da dívida externa”.Para os peemedebistas, o projeto “das forças conservadoras” é um Brasil sem defesa, sem cidadania, sem sentimento de nacionalidade, “que se transforme num campo raso para a exploração das multinacionais”. “Esse é o Brasil deles, aonde a renda da população não ultrapassa, para 95% dos brasileiros, R$ 800,00 por mês”. “Não há salário, não há renda, não há capacidade de consumo, não há coragem. A coragem que o Nestor Kichner teve cortando 75% da dívida externa e apresentando hoje o índice risco Argentina no mesmo nível do Brasil que paga tudo de forma subserviente, covarde, e do interesse de grupos econômicos que nada tem a ver com a população”, esbravejou Requião.Forças populares - O projeto que está sendo elaborado pelo PMDB, segundo os deputados, é o projeto das classes populares. “Vamos oferecer ao Brasil uma proposta de governo clara, nacionalista sem ser xenófoba, moderna sem aberta de forma covarde e vil ao capital estrangeiro”.Para eles, os quatro últimos governos brasileiros proclamaram o liberalismo econômico “que defende os interesses de estados mais desenvolvidos que pretendem a mais absoluta dominação do mundo”. “Espírito de dominação que levou a guerra ao Iraque, espírito de dominação que leva o exército americano ao Paraguai, espírito de dominação que quer a internacionalização da Amazônia, espírito de dominação que desconsidera os brasileiros, cidadãos nacionais desse país maravilhoso”, completou Requião.Íntegra do discurso do governadorRoberto Requião no Rio de JaneiroEu começaria esta intervenção como tenho feito outras, com uma paráfrase, uma interpretação livre do pessimismo de Carlos Drumond de Andrade: este é um tempo de partido/um tempo de homens e de partido/em vão percorremos volumes/viajamos e nos colorimos/os homens pedem carne, fogo, sapatos/as leis não bastam/ os lírios não nascem das leis/a idéia pressentida esmigalhe-se em pó nas ruas/meu nome é tumulto e se escreve na pedra.Hoje não vivemos ainda o desespero absoluto que leva ao tumulto, mas a desesperança é a véspera do tumulto. A decepção constrói a oposição por parte das classes populares. O velho PMDB de guerra se prepara para disputar a presidência da república, se prepara para mudar.Mas, afinal mudar o que? Não dizia o PT que era o instrumento da mudança? E de repente, ao invés da mudança, o continuísmo, a exacerbação da política econômica. O que queremos mudar? Queremos mudar o próprio conceito de Brasil. O nosso grupo de trabalho que estuda a elaboração da proposta de governo, já desenvolve uma tese suportada na atitude do francês Charles De Gaulle depois da rendição da França aos nazistas. O marechal Pétain, herói da guerra anterior, havia aderido e capitulado. E o marechal De Gaulle vai a Inglaterra organizar a resistência e ouve os sarcásticos e incrédulos jornalistas ingleses: Mas De Gaulle, se o Pétain aderiu, se não existe resistência no seu país, suportado do que, veio você a Inglaterra organizar a resistência? E De Gaulle responde aos ingleses: Eu estou aqui porque tenho uma certa idéia de França. E essa idéia era a vibração do coração nacionalista do seu povo e a independência do seu país. Muito bem irmãos! Nós estamos aqui - a Rosinha e o Garotinho, o Temer e o Quércia, o Rigotto e o Roriz, presidentes de partido e deputados - porque temos uma certa idéia de Brasil que não corresponde à idéia subserviente que vem orientando os últimos governos. Que Brasil nós queremos? Muito diferente do Brasil que começou há 500 anos. Do Brasil que foi o produtor da primeira mercadoria globalizada no planeta, que era a cana de açúcar – produzida na nossa terra, com mão-de-obra escrava indigna e saquarema (saquarema eram os portugueses nascidos no nosso território) – aceita no mundo inteiro. Essa comodite de aceitação universal era produzida com sucesso na empresa Brasil. Não para nós, mas para os outros. E aí começa o drama de um povo inteligente, criativo e capaz, trabalhando para outros, sem ter um objetivo nacional de construção de um país pelo processo cultural e civilizatório de um extraordinário grupo de homens e de mulheres. Mais tarde após o grito da independência continua a submissão. A Inglaterra com seus navios ancorados no nosso litoral só aceita a independência nacional no momento em que as nossas autoridades, com o império então proclamado, reconhece como brasileira a dívida de Portugal com a Inglaterra. A nossa independência foi ancorada na dependência.E mais modernamente se confunde de forma absoluta o conceito de nação com o conceito globalizado de mercado. O que somos nós, afinal? Um mercado ou uma nação? O mercado não tem história. A nação tem uma história construída com o sangue dos nossos antepassados, da luta dura pela conquista e pela garantia do nosso território. A nação tem história presente e futura. O mercado não tem nada. Mobiliza-se com a velocidade da internet, movimentando somas monstruosas no desesperado trabalho das bolsas unicamente voltadas ao lucro. O mercado não tempo, o mercado não tem território, o mercado não tem processo cultural. A nação tem história, tem processo cultural e civilizatório. A diferença básica, no entanto, é que no mercado globalizado, no mercado do Fernando Collor, no mercado de Fernando Henrique, no mercado do Lula, nós não somos uma nação, nós não somos cidadãos, nós somos consumidores. E na visão brasileira, sobre o ponto de vista da nacionalidade, nós somos cidadãos.O mercado não respeita as pessoas. Age como têm agido os últimos governos da república, valorizando os bancos, o capital estrangeiro e o capital nacional. E passando por cima de toda uma história nacional como quem não acredita no povo, na sua criatividade, e na sua possibilidade de construir no presente e no futuro, uma nação forte.Essa contradição entre nação e mercado tem que ser superada. No país submetido aos mercados, os bancos lucraram em 2004, R$ 145 bilhões. E esse mesmo país em 2004, investiu R$ 7 bilhões nas políticas sociais. Cento e quarenta e cinco bilhões de reais transferidos aos bancos e aos rentistas – os que vivem da especulação dos títulos da dívida interna. Quem são eles? Como são eles? São representantes de 20 mil famílias num país de 170 milhões de habitantes.E daí, inventaram a história do superávit primário. Era como se cada um de vocês resolvesse fazer uma poupança doméstica com o salário que recebe, com a renda que tem. Suprimisse o café da manhã dos seus filhos e logo mais o jantar. Não contribuísse para planos de saúde ou para previdência, e chegasse ao fim do mês, dizendo temos aqui um superávit de 40% do nosso salário. Mas vocês não teriam investido na família, na saúde, na educação e na alimentação dos filhos. O Brasil teve R$ 80 bilhões de superávit primário em 2004, mas não investiu em infraestrutura, estradas, portos e ferrovias. O dinheiro foi todo carreado para o pagamento de dívidas que nós sequer sabemos realmente se existem. São dívidas que talvez no passado recente tenham financiado um grande banquete para o qual o povo não foi convidado, mas é chamado agora a participar, pagando o que não deve.Hoje, a fantástica contradição, a extraordinária e denunciada corrupção no Congresso Nacional: os mensalinhos, os mensalões, a compra de parlamentares. E o país inteiro espera - mobilizado pela mídia que tem interesse em ocultar a verdade dos fatos e fraudar a história - a condenação de 12, 13 ou um pouco mais de deputados e senadores. Mas a pergunta não respondida é a pergunta feita por qualquer jurista competente, o velho jargão latino, do qui prodest – a que aproveita? Um empresário corrupto não compra um parlamentar para colocar a sua fotografia na mesa de cabeceira e dizer: minha mulher olha aqui do lado tem o nosso corrupto. Não compra uma peia de parlamentares para expô-los na sala de espera de suas empresas, constituindo uma galeria de bandidos e picaretas da república.Quando os parlamentares são comprados, são comprados para alguma coisa. E a compra dos parlamentares passou pela reforma da Previdência e teria continuidade no Banco Central independente. Como se já não bastasse o fato dos banqueiros estarem nomeando cada um dos diretores do banco central da república. O banco central independente é uma vacina para o capital se defender nas próximas eleições. Muda o governo, mas o banco central será o banco dos banqueiros e do interesse internacional.Compraram os parlamentares para conseguir as modificações da legislação trabalhista obtida na época do Getulio Vargas, com garantias extremamente sólidas para os trabalhadores brasileiros. Sem legislação trabalhista, dizem eles, o capital internacional se debruçará sobre o Brasil, fazendo grandes investimentos. E eles oferecem ao capital internacional, com a proposta da reforma dos direitos do trabalho, trabalhadores que irão receber U$ 30,00 sem direitos, sem garantias. Estão tentando provocar um tipo de desenvolvimento suportado num povo inteiro escravizado.Reforma trabalhista, banco central independente, e agora a tese mais recente: o déficit zero. O que significa isso? Significa afastar as dotações constitucionais, da educação e da saúde, da obrigação do governo e estabelecer como verdade constitucional e prioridade absoluta, o pagamento dos juros da dívida interna e da dívida externa. Como vocês vêem, tentam, Fernando I, o Collor, Fernando II, o Cardoso, o Fernando III, o Lula – com apoio do Palocci e do Meireles – colocar o Brasil em decúbito ventral, expondo ao mundo as nossas redondas abundâncias. O projeto dessas forças conservadoras é um Brasil sem defesa, um Brasil sem cidadania, um Brasil sem o sentimento de nacionalidade, que se transforme num campo raso para a exploração das multinacionais.Para essa contrapartida o governo diz esperar investimentos de US$ 30, US$ 40, US$ 50 bilhões, como se não enxergasse o mundo, a aventura do leste europeu e a direção de poucos investimentos. Como se fosse certo o fato que todas as empresas internacionais não tivessem suas filiais no território nacional. Se não procuram o seu próprio desenvolvimento é porque já estão estabelecidas. Esse é o Brasil deles, aonde a renda da população não ultrapassa, para 95% dos brasileiros, R$ 800,00 por mês. Não há salário, não há renda, não há capacidade de consumo, não há coragem, a coragem que o Kichner teve cortando 75% da dívida externa e apresentando hoje o índice risco Argentina no mesmo nível do brasileiro que paga tudo de forma subserviente, covarde, e do interesse de grupos econômicos que nada tem a ver com a população.O PMDB que nós queremos. O projeto que o Lessa e seus companheiros estão escrevendo é o projeto do PMDB das classes populares, do PMDB que vibra com o hino nacional, que se arrepia vendo uma parada das nossas forças armadas, que aprendeu na escola a importância da história do Brasil. Esse PMDB tem que ser construído e antes mesmo de uma candidatura, nós devemos oferecer ao Brasil, uma proposta de governo clara, nacionalista sem ser xenófoba, moderna sem aberta de forma covarde e vil ao capital estrangeiro, porque afinal de contas, velho mesmo e ultrapassado e liberalismo econômico. O liberalismo que morreu com Adam Schimdt, o liberalismo sepultado e simplesmente proclamado pelos interesses estados mais desenvolvidos que pretendem a mais absoluta dominação do mundo. Espírito de dominação que levou a guerra ao Iraque, espírito de dominação que leva o exército americano ao Paraguai, espírito de dominação que quer a internacionalização da Amazônia, espírito de dominação que desconsidera os brasileiros, cidadãos nacionais desse país maravilhoso.O grupo técnico está ouvindo as propostas. Nós estamos avançando, de uma forma clara e sem sofismas, porque queremos oferecer um candidato a presidência da república que não diga como disse o Fernando Henrique: esqueçam de tudo o que escrevi. E que não faça como fez o Lula: exatamente o contrário dos compromissos do seu programa eleitoral.Estamos aqui companheiros do Rio de Janeiro, levando a discussão programática, vejo a participação dos candidatos. Mas estamos aqui, acima de tudo, porque temos uma certa idéia de Brasil. E eu que comecei com o poeta do pessimismo, termino com o poeta da alegria e da esperança, o amazonense Tiago de Mello. “Faz escuro, mas nós cantamos, porque amanhã vai chegar”. E o PMDB está aí para isso.Liderança do GovernoZé Beto Maciel 3350-4191/9964-0950

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