22/06/2007 10h24 | por
Elton Carlos Welter *O Brasil é a grande potência energética do futuro. Dominamos o ciclo tecnológico e, com o reconhecimento mundial, já não restam dúvidas de que somos a pátria do bio combustível, a única alternativa viável ao petróleo. A substituição do petróleo é um dos grandes desafios contemporâneos. Os países mais desenvolvidos têm investido pesado na busca de alternativas, que vão da energia nuclear à energia elétrica, mas ninguém consegue resolver o drama que é a produção em escala, seja pelo alto custo, seja pelos problemas ambientais. Tudo é ainda experimental, menos o programa brasileiro do bio combustível, devidamente testado e aprovado. E o melhor: além de renovável o bio combustível é menos poluente, economicamente vantajoso e politicamente correto.Somos realmente a bola da vez no cenário mundial! Nossa posição é muito confortável, pois dependemos apenas de terras para produzir a matéria prima necessária. E isso nós temos em quantidade suficiente, com clima ideal e know how de produção. E para consolidar este potencial o Governo Federal está desenvolvendo um ambicioso programa de expansão da produção, tanto do etanol, a partir da cana de açúcar, como do bio diesel a partir de oleaginosas. Para se ter uma idéia, só no etanol, as estimativas são de que o Brasil passe dos 20 bilhões de litros produzidos hoje para 200 bilhões nos próximos 20 anos! Porém, esta perspectiva vertiginosa e necessária de crescimento preocupa. Preocupa porque o cultivo de cana em larga escala acarreta conseqüências que precisam ser consideradas com muita atenção. Primeiramente temos a questão da segurança alimentar, pois não podemos admitir que terras que produzem alimentos sejam utilizadas para produzir combustível, muito menos que áreas de proteção, como o cerrado e a mata tropical, sejam degradadas. O Brasil certamente tem terra suficiente para plantar cana sem afetar áreas de proteção ambiental. Porém é preciso ficar alerta, pois em uma situação muito mais favorável na década de 70, a partir do Pró Álcool, o plantio de cana avançou predatoriamente e trouxe também problemas sociais, de concentração fundiária e de monocultura. Isso para não falar na exploração da mão de obra em condições de semi-escravidão nos canaviais. Por isso, paralelamente ao programa de expansão da produção de etanol, precisamos fazer uma ampla discussão para encontrar alternativas que visem diminuir o impacto que essa expansão poderia acarretar. No que diz respeito à segurança alimentar, temos o exemplo negativo dos Estados Unidos, que extrai etanol a partir do milho e onde 1/3 da produção do cereal já é hoje destinado à produção de combustível, o que levou ao encarecimento dos alimentos derivados do milho. Diante desse quadro, considerando que tornar o Brasil uma potência na produção de combustíveis alternativos exigirá salvaguardas para evitar problemas previsíveis, defendo a regulação governamental, a partir da União e dos estados, com uma política de zoneamento nos municípios. Esses são pontos que vamos aprofundar no próximo artigo. Elton Carlos Welter É deputado estadual. Líder da Bancada do PT e presidente do Bloco Agropecuário na Assembléia Legislativa do Paraná