06/07/2007 16h41 | por
*Elton WelterO Brasil tem diante de si a possibilidade de se consolidar como o maior produtor mundial de etanol a partir da cana de açúcar, em um quadro onde o consumo desse combustível limpo e renovável cresce assustadoramente, movido pela substituição do petróleo. O País, que hoje produz 17 bilhões de litros de álcool/ano, trabalha para controlar 50% do mercado mundial do produto, com uma produção de 110 bilhões de litros, em 20 anos. Para se ter idéia do que significa esse salto, a quantidade de cana moída deverá aumentar de 473 milhões de toneladas na próxima safra para 700 milhões em 2014, exigindo a implantação de 114 novas plantas industriais. Hoje o Brasil conta com 357 usinas em operação e pelo menos quatro dezenas em construção. E para que isso aconteça os investimentos são maciços. O BNDES, que investiu R$580 milhões no setor em 2004, elevou este valor para R$2,2 bilhões em 2006. Ninguém mais tem dúvidas de que esse é o caminho. Apesar das críticas e temores dos ambientalistas e defensores do capital nacional, o fato é que somos o único país que tem condições de oferecer essa produção de etanol ao mundo. Em termos de desenvolvimento, o que se apresenta ao Brasil é uma oportunidade fantástica de crescimento, com ativação da indústria de máquinas pesadas e de todo o complexo fornecedor, gerando milhões de empregos diretos e indiretos e fortalecendo a economia com o poderoso aporte dos dólares advindos da exportação. Do ponto de vista da sustentabilidade desse ciclo, precisamos considerar com seriedade as ponderações levantadas pelos ambientalistas, que temem não apenas a devastação como a ocupação das áreas que hoje produzem alimentos. Outra fonte de preocupação são os crescentes investimentos do capital estrangeiro, que poderia apontar para uma desnacionalização do setor, dentro da estratégia de uma neo-colonização. Não tenho esses temores. E por razões bem práticas e concretas. Primeiro porque temos terras suficientes para ampliar o cultivo de cana sem ameaçar o meio ambiente ou a produção de alimentos. Segundo porque temos todas as condições institucionais de assegurar a regulação desse mercado. Porém, seria loucura imaginar que vamos dar esse salto fenomenal na nossa produção de etanol sem o aporte de capital estrangeiro. Do meu ponto de vista, toda a polêmica reside no temor injustificável de que não seremos capazes, como Nação, de exercer nossa soberania. O Brasil precisa e vai crescer. A riqueza das nossas terras, a capacidade produtiva de nossa gente, somadas às confluências da economia mundial, nos deu uma oportunidade de ouro e com toda certeza saberemos aproveitá-la para promover nosso desenvolvimento dentro da estratégia de crescer com distribuição de renda. * Elton Welter Especialista em desenvolvimento regional, deputado estadual, líder da bancada do PT e presidente do Bloco Agropecuário na Assembléia Legislativa do Paraná