Nereu Moura: Reforma Política Não Pode Ser Mais Adiada

13/06/2005 12h44 | por
Entrevista concedida ao Jornal Gazeta do Paraná, publicada no dia 12 de junho de 2005Curitiba - Ex-líder estudantil, ex-assessor parlamentar dos deputados Nilso Sguarezzi e Mário Pereira (que foi também secretário de Estado duas vezes, vice-governador e governador do Paraná), o Administrador de Empresas Nereu Moura se classifica como um deputado municipalista, representando dezenas de municípios na Assembléia Legislativa. Primeiro-secretário da Mesa Diretora, o deputado fala nesta entrevista exclusiva à Gazeta do Paraná sobre suas atividades legislativas, sobre política partidária, sobre as próximas eleições, sobre reforma política e comenta os escândalos que pipocam na cena política atual. Paranaense de São João, torcedor do Atlético e do Santos, Nereu Moura, aos 46 anos de idade, se define como uma idealista que se sensibiliza com o sofrimento do próximo, que acredita no lado bom de todo ser humano, que espera uma qualidade de vida melhor para cada um dos paranaenses, e acima de tudo, um trabalhador incansável pelas causas justas e nobres do Paraná. Conheça um pouco mais de Nereu Moura. Gazeta do Paraná - O senhor está no seu quarto mandato de deputado estadual. É candidato à reeleição ano que vem ou seus projetos políticos agora são outros?Nereu Moura - Sou candidato à reeleição. Espero que o trabalho que venho desempenhando estes anos todos no parlamento paranaense seja novamente respaldado e reconhecido pela população. GP - Atualmente o senhor é o primeiro secretário da Mesa Diretora. Quais são as principais atribuições da primeira secretaria da Assembléia Legislativa?NM - É uma honra ocupar este cargo, que exige grande responsabilidade e muita dedicação. Na verdade, a primeira secretaria pode ser considerada uma espécie de “prefeitura” do Legislativo. Somos responsáveis pela administração da Casa como um todo. Vale destacar que na nossa primeira gestão (2003/2004), tomamos uma série de medidas saneadoras que vieram ao encontro dos anseios da população. Por exemplo, leiloamos os carros da Casa, instalamos o processo de informatização e, internamente, criamos o plano de carreira, cargos e vencimentos dos servidores. Vale lembrar que a Mesa Diretora democratizou ainda mais as decisões da Assembléia. Reeleitos para o biênio 2005 e 2006, estamos dando seqüência às ações voltadas à melhoria da imagem e do resgate da credibilidade do Poder Legislativo perante a opinião pública. GP - Suas responsabilidades como primeiro secretário não prejudicam suas atividades políticas no interior, o senhor que se considera um deputado municipalista? O senhor consegue dar atendimento aos municípios sem comprometer suas tarefas administrativas no Legislativo?NM - São perfeitamente compatíveis as minhas atividades na primeira secretaria da Casa com a de um deputado voltado ao atendimento dos municípios que compõem a base política. Participo ativamente de todas as sessões plenárias que acontecem de segunda a quarta-feira. A atuação parlamentar em plenário é extremamente importante dentro de um processo democrático. Além disso, atendo um número considerável de prefeitos e lideranças políticas do interior que diariamente comparecem ao meu gabinete. E mais: invariavelmente, nas quintas-feiras sigo viajem para o interior, retornando a Curitiba somente no domingo à noite. Em média, visito 12 cidades por final de semana. Não me permito perder o contato direto com a população, o que me possibilita conhecer mais de perto a realidade e os problemas locais, sem descuidar das tarefas legislativas na Assembléia. GP - Foi implantado em maio o plano de carreira, cargos e vencimentos dos funcionários da Assembléia, reclamado há décadas. Qual a importância desse plano para os servidores e para a própria Assembléia?NM - A palavra chave é: motivação. O plano era um antigo sonho da categoria. Quando você trabalha no sentido de modernizar o parlamento, além das ferramentas de tecnologia da informação que são importantes, o fator humano é essencial. Trabalhador motivado e contente produz mais e melhor. E quando se trata de servidor público satisfeito e bem resolvido, quem ganha é a sociedade. GP - Há notícias de que está se trabalhando para a implantação da TV Assembléia. O que se espera alcançar com essa medida?NM - Nesta mesma linha da transparência e democratização das informações, a Mesa Diretora decidiu implantar a TV Assembléia. Com esta medida, a sociedade poderá acompanhar mais de perto os trabalhos executados aqui na Casa, tanto pelas comissões permanentes, pelas comissões parlamentares de inquéritos, além da atuação dos senhores deputados em plenário. Como sabemos, o acesso à informação é indispensável para a manutenção e o fortalecimento da democracia. Quanto melhor informada for a sociedade, mais capacitada ela estará para cobrar atitudes sérias e corretas dos homens públicos. A nossa expectativa é que a TV Assembléia entre em funcionamento o mais breve possível. GP - Sabe-se também que está sendo ultimada uma completa informatização da Casa. Qual o alcance e em que consiste esse programa? Em que estágio se encontra?NM - Todo este trabalho que a Mesa Diretora vem desenvolvendo está pautado nos pilares da transparência e eficácia administrativa, associado ao processo de democratização das informações. Hoje, não podemos abdicar das ferramentas de tecnologia da informação. O parlamento precisa ser administrado de forma moderna, onde e, principalmente, as informações sejam acessadas de forma precisa e rápida pela sociedade, responsável direta pela nossa eleição e quem deve fiscalizar o nosso trabalho. A informatização da Assembléia abrange desde os gabinetes parlamentares até toda a rotina administrativa. Inclusive, através do nosso site www.alep.pr.gov.br, a população pode manter contato com os deputados paranaenses, numa ponte virtual entre o Parlamento e o cidadão. GP - Como político bastante próximo do governador Roberto Requião, de quem é amigo de longa data e aliado fiel, como o senhor avalia estes 30 meses de governo?NM - Excelente. O governador Roberto Requião é um homem firme, arrojado, com personalidade e que luta pelos seus ideais. Como sabemos, Requião assumiu um Estado com sérios problemas administrativos e estruturais. Com muito trabalho e competência, saneou o Paraná. Neste um ano e meio de gestão que Requião ainda tem pela frente, estou absolutamente convicto de que muito mais ainda será feito em prol da melhoria da qualidade de vida do cidadão paranaense. GP - Na sua opinião, Requião deveria se candidatar à reeleição ou alçar vôos mais altos, como a presidência da República, por exemplo? Ou, ainda, vice de Lula, conforme já foi ventilado extra-oficialmente?NM - O governador Roberto Requião é o candidato natural do PMDB à reeleição ao Palácio Iguaçu. Competência e qualidades para alçar vôos políticos mais altos Requião as possui de sobra. Indiscutivelmente, uma chapa à presidência da República encabeçada por Lula e Requião ficaria muito forte. No entanto, Requião vem implementando uma administração exemplar no Paraná e acredito que a vontade do governador seja a de dar seqüência a esta gestão, que está embasada no social. O Paraná ganhou muito nestes dois anos e meio do governo Requião. Vai ganhar ainda muito mais até o final do ano que vem. O trabalho que nosso governador vem realizando o credencia a postular a reeleição. E a reeleição é também a forma do governante colocar sua gestão à prova perante a opinião pública. As urnas são os principais instrumentos de avaliação de um governo. GP - O senhor entende que o relacionamento entre Executivo e Legislativo se dá em bom nível ou precisa ser melhorado?NM - É um relacionamento com base no respeito mútuo, na autonomia, independência e harmonia entre os Poderes. Na prática, o governador Requião espera que cada parlamentar cumpra com o seu dever, defendendo os interesses dos cidadãos paranaenses. As matérias do Executivo encaminhadas à Casa são tratadas com o mesmo respeito que se dá aos projetos apresentados pelos senhores deputados. Muitas vezes, os temas propostos pelo Palácio Iguaçu geram um pouco mais de debate entre situação e oposição, onde cada parte apresenta o seu ponto de vista e o seu posicionamento, o que é natural e salutar dentro de uma democracia. GP - Se o governador definir pela reeleição, provavelmente o confronto será com o senador Osmar Dias, do PDT, se confirmado o quadro eleitoral de hoje. Com a sua experiência política, como o senhor pode antever esta disputa?NM - O senador Osmar Dias será tratado com o respeito que deve ser dado a todo adversário político. Sabemos que é um candidato forte. Mas, acima de tudo, acreditamos na força do PMDB que está estruturado nos 399 municípios paranaenses. Outro fator extremamente positivo a nosso favor é a gestão que o governador Roberto Requião vem desenvolvendo, além do que, não podemos esquecer que o nome Requião é muito forte, independente do governo e do partido. Portanto, antevemos uma eleição com as dificuldades naturais que se apresentam em cada pleito, na qual o governador Roberto Requião deverá ter o seu nome referendado pelos paranaenses para mais quatro anos de mandato à frente do Palácio Iguaçu. GP - Qual a sua posição sobre a reforma política, assunto que passou a receber uma atenção especial em Brasília, após estas denúncias envolvendo o governo federal com a compra de apoio político na Câmara dos Deputados?NM - O Congresso Nacional não pode ficar alheio à necessidade de reforma na legislação eleitoral vigente em nosso País. Porém, acredito que o assunto deva ser amplamente debatido com a sociedade brasileira que, ao meu ver, ainda está um pouco alheia a esta questão. Neste momento, assistimos a um esforço concentrado do governo federal em fazer com que o tema ocupe o dia-a-dia dos congressistas. Claro que a reforma deve acontecer. Mas, acima de tudo, é preciso que, além das discussões internas dos partidos, o debate seja nacional. GP – A propósito, como o senhor avalia esta enxurrada de denúncias contra a classe política, gerada em Brasília?NM – É lamentável que tudo isso venha acontecendo, chamuscando ainda mais a imagem dos políticos e gestores públicos brasileiros. As responsabilidades têm que ser apuradas com todo o rigor e os responsáveis punidos exemplarmente, sejam quem forem os autores e participantes dos atos ilícitos. No entanto, considero de grande relevância a necessidade de mostrar à população que os escândalos e as falcatruas verificadas no meio político, veiculados com certa intensidade pela mídia, não se tratam de uma regra e, sim, de uma exceção. Precisa ficar muito claro para cada um dos brasileiros que a classe política é composta na sua grande maioria por homens sérios e íntegros, que estão imbuídos da melhor das boas intenções. De homens que voltam suas vidas para o trabalho em prol da sociedade. GP – Uma reforma política deveria prioritariamente contemplar a fidelidade partidária, na sua visão?NM - Eu sou um homem de partido. Em toda a minha vida política tenho uma única filiação, o PMDB, fato que, inclusive, me enche de orgulho. Vejo na fidelidade partidária um dos itens que obrigatoriamente vai merecer atenção especial dos nossos legisladores. O financiamento público das campanhas políticas e o fortalecimento dos partidos também são temas importantes que deverão estar contemplados nesta nova legislação. Em síntese, o resultado final deste trabalho deve refletir numa Lei de fácil entendimento para o eleitor e, acima de tudo, que seja capaz de inibir qualquer tipo de tentativa de fraude política. GP - Alguma coisa a mais que o senhor gostaria de acrescentar?NM - Considero de extrema importância este espaço que a Gazeta do Paraná destina aos políticos, para que cada um possa, de forma clara e precisa, colocar as suas opiniões. Volto a frisar a importância de uma sociedade bem informada, fato que vai auxiliar, em muito, no processo de tomada de decisão da população, principalmente quando esta decisão estiver relacionada com o voto. No ano que vem, estaremos elegendo novamente os nossos governantes em âmbito nacional e estadual. Política, para muitos brasileiros, ainda não é assunto interessante. Porém, temos que ter sempre em mente que é através do voto que colocamos no Congresso Nacional e no Parlamento de cada Estado, além do próprio Executivo, os homens que serão os responsáveis pelos destinos de uma sociedade.

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