Romanelli Divulga Entrevista de Requião Ao Estadão

24/01/2008 15h02 | por Zé Beto Maciel/Luiz Filho/Daniel Abreu h2foz@hotmail.com – contato@luizromanelli.com.br / (41) 9648-1104 / (41) 9241-2401 / (41) 3350-4191 / (41) 9121
O líder do Governo na Assembléia Legislativa, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), destacou a entrevista do governador Roberto Requião ao jornal “Estado de S. Paulo” desta quinta-feira (24) sobre a censura imposta pelo desembargador Edgar Lipmann Júnior. “É uma entrevista bem ponderada em que Requião vai ao cerne da questão”, disse Romanelli. “Requião classifica a sentença como golpe absoluto ao princípio constitucional da liberdade de expressão, historia todo processo político, eleitoral e os enfrentamentos que fez nos últimos 13 anos. Isso explica, de forma clara, as motivações daqueles que querem calar o governador”, completa. Na entrevista, Requião ressalta que não se promove na TV Educativa. “Debato assuntos, denuncio a corrupção e desminto notícias inverídicas da grande imprensa, inverdades sobre o Paraná. Disseram que o gargalo do Estado era o Porto de Paranaguá. Mostrei que o porto é uma maravilha, o segundo do Brasil, maior exportador de grãos da América Latina. Impedi a privatização do porto. Isso contrariou grandes interesses”, disse Requião ao repórter Fausto Macedo. Leia a seguir a íntegra da entrevista de Requião ao Estadão. “Sou um governador amordaçado” Peemedebista afirma que foi vítima de “golpe absoluto” à liberdade de expressão e levará caso a organismos internacionais Fausto MacedoEstadão O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse ontem que é alvo de pressões e chantagens de instituições poderosas. Em entrevista ao Estado, apontou o Ministério Público, a magistratura e a imprensa como desafetos. E afirmou que sua “independência e firme disposição de combate aos corruptos” são a causa da censura de que se diz vítima. Requião está proibido por ordem judicial de fazer críticas pela Rádio e Televisão Educativa do Paraná (RTVE) a rivais políticos e a poderes públicos que, na sua avaliação, o recriminam. A sentença, que ele classifica de “golpe absoluto ao princípio constitucional da liberdade de expressão”, foi aplicada pelo desembargador Edgar Lippmann Jr., do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, que acolheu recurso da Procuradoria da República. Em represália, Requião tirou a RTVE do ar na terça-feira e entrou em choque com a procuradora-geral do Estado, Jozélia Nogueira Broliani, que pediu demissão, alegando ter sido destratada em público. Ontem, substituiu Jozélia o procurador Carlos Frederico Marés de Souza Filho, diretor do Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul e amigo de Requião de longa data. A RTVE voltou à programação normal, mas sem manifestações do chefe do Executivo. “Sou um governador amordaçado”, disse ele, às 12h45, pouco depois de cavalgar 18 quilômetros pelo bosque da residência oficial, em Pinhais, nos arredores de Curitiba. Antes de receber uma delegação de 40 autoridades chilenas, Requião falou da polêmica. Anunciou que vai a organismos internacionais. “É preciso que a sociedade tome conhecimento que o governador do Paraná está forçado a ficar calado. É um recado que dou para o Estadão também. Hoje sou eu, amanhã pode ser o Estadão.” Por que o senhor acha que está sob censura?Estou censurado da forma mais absoluta e completa por iniciativa do Ministério Público Federal. Um juiz federal (desembargador Edgar Lippmann) estabeleceu a censura, violando todos os princípios constitucionais e me punindo com uma multa de R$ 50 mil por uma infração, na primeira vez, e R$ 200 mil na reincidência. Sua excelência me proibiu de fazer críticas às instituições, ao Ministério Público, à magistratura e à imprensa. Não me promovo pela Educativa. Debato assuntos, denuncio a corrupção e desminto notícias inverídicas da grande imprensa, inverdades sobre o Paraná. Disseram que o gargalo do Estado era o Porto de Paranaguá. Mostrei que o porto é uma maravilha, o segundo do Brasil, maior exportador de grãos da América Latina. Impedi a privatização do porto. Isso contrariou grandes interesses. Por que o senhor acha que a imprensa o persegue?Porque cortei a verba de publicidade. A ganância da imprensa é terrível. No governo anterior foi gasto R$ 1,5 bilhão com propaganda veiculada na imprensa (Jaime Lerner, antecessor de Requião, não foi localizado para falar sobre o dinheiro que gastou com propaganda; seu escritório político em Curitiba informou que ele está fora do País). Reduzi a zero o gasto com a imprensa. E é uma coisa maluca, eu cortei esse dinheiro e não tem acerto. O cara que estava acostumado com o dinheiro que recebia não se conforma mais com a redução. Eu fiquei apanhando na campanha eleitoral. Esse pessoal quase acabou comigo. Inventaram uma história de um suposto assessor com esquema de escuta telefônica. Não tinha nada a ver comigo, me tiraram 15 pontos em 3 dias de campanha. Quase me derrotaram. Pouco importa se eles acabam comigo eleitoralmente. Moralmente não acabam. Vou mostrar para os meus filhos que vale a pena ser sério no Brasil. Estou escrevendo com atos e atitudes minha biografia. Não quero saber se o Estadão gosta. Como eu não tenho espaço na mídia privada, vou à Educativa para expor meus programas e medidas. Quando eu faço esse contraponto vem o Ministério Público e diz que estou fazendo promoção pessoal. Quem são seus adversários?É tudo subjetivo. Amanhã eu descubro um ladrão de dinheiro público que deu um desfalque e eu o denuncio. É meu adversário. Mas se eu fizer isso pego multa de R$ 50 mil e R$ 200 mil na reincidência. Não é o governador do Paraná que está sendo censurado. É um princípio constitucional que está sendo atacado. É censura prévia kafkiana restabelecida no Brasil. Fui à TV e imitei o Estadão. Dei uma interessante receita de ovo frito. Isso me custou R$ 50 mil, porque acharam que eu estava debochando do juiz. Os militares não multaram o Estadão quando publicava Os Lusíadas e receita de bolo em protesto contra a censura. Mas eu fui punido porque dei receita de ovo frito. É essa a finalidade da TV Educativa do Paraná?É uma televisão pública, é a televisão do Estado do Paraná. Ela funciona na formação da opinião. Instalei um programa denominado Escola de Governo e toda terça-feira reúno os principais escalões da administração para discutir ações. Discutimos pendências judiciais do Estado, as questões que levamos à Justiça, desfalques no erário, malversação de recursos públicos, precatórios pagos indevidamente, créditos tributários inexistentes, processos pesados. A censura é uma violência absoluta. Então dizem eles que o governador deve procurar a imprensa privada para se manifestar. Qual é a origem da ação que provocou a crise na Educativa?Denunciei supersalários no Ministério Público. Foi aí que surgiu a ação de censura. Denunciei supersalários e aposentadorias indevidas, uma série de irregularidades que estamos corrigindo através da Paraná Previdência. Não posso admitir essa história de fixação de salário sem lei. Vinculam os contracheques daqui aos salários federais. Não temos nada com isso e o Estado recebe a conta. Isso tem que ser regularizado. Um professor doutor se aposenta com R$ 5 mil. Um procurador de Justiça faz concurso e começa com R$ 16 mil. Se acumula a Justiça Eleitoral começa com R$ 20 mil. Esses disparates eu não denunciei, eu revelei. Mostrei que temos que refletir sobre isso e convidei o Ministério Público a refletir sobre o equilíbrio dos salários. Exerci o direito e dever de denunciar a defasagem salarial entre um professor universitário e um procurador. Demonstrei que a República não pode funcionar assim. Aí começou a guerra. Aí veio a ação da censura, fulminada por uma juíza de primeira instância. Mas aí agravaram e um juiz federal deu a liminar, que foi uma agressão. Ele (desembargador Lippmann) não pode julgar mais nada, está agindo parcialmente, está me agredindo. Quanto o senhor recebe?Líquido eu ganho R$ 18,6 mil, mais ou menos assim. A procuradora Jozélia Broliani o acusa de tê-la destratado.A Procuradoria do Estado não funcionava no ritmo do governo. O problema básico meu com a procuradoria é que essas medidas judiciais têm quase 15 dias e não havia ainda uma contestação, estava muito devagar. Tenho um sentimento de impotência e de tristeza diante dessa decisão absurda da Justiça, que traz a censura de volta. Fico mais triste ainda quando vejo que jornais como o Estadão festejam tudo isso. Não gostam das minhas posições. Eu sou nacionalista, um governador aguerrido em defesa do interesse público, combato com dureza a corrupção. E vejo a imprensa se colocar contra mim porque não cedi a uma pressão para gastar recursos do erário em comunicação. Sou um governador que não pode mais ter opinião porque um juiz federal não quer. O próximo passo é cortarem a minha cabeça. Mas vou continuar recorrendo. Vou levar essa decisão à ONU, à OEA e aos organismos internacionais que defendem a liberdade de expressão. O senhor não aceita críticas?Eu debato críticas, claro que eu as aceito. Quem pode não aceitar críticas? Convidei o juiz Lippmann para vir debater na TV Educativa. Aliás, antes mesmo de eu conhecer a ação da censura, ele já estava dando entrevistas.

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