Em seu quinto mandato de deputado estadual, Tadeu Veneri (PT) é caracterizado por nunca ter trocado sua filiação partidária e acredita que seu partido fez coisas boas e erradas também. “Vivemos um período de verdades absolutas numa sociedade dividida. De um lado entendem que a democracia é um valor universal. De outro, acham que a democracia é absoluta e só serve quando serve seus interesses”, disse ele durante entrevista no programa Café com Política, da TV Assembleia.
No programa, que também abordou um pouco sobre a vida do parlamentar, ele falou sobre sua infância e do gosto pela literatura. “Minha mãe era professora. Uma pessoa muito culta que me despertou o gosto pela leitura. O que me empurrou para a psicologia. Comecei na PUC e terminei na Federal. Aliás, gosto muito de uma passagem de um livro do Jorge Luís Borges que diz que não é o homem que escolhe a porta, é a porta que escolhe o homem.”
Ainda passeando pela sua infância, Tadeu lembra com carinho das histórias do avô que contava sobre a revolução federalista e a Guerra do Contestado. “Eu ficava maravilhado”. Com o pai ferroviário, as questões políticas sempre estavam presentes com as greves e movimentos partidários. “Em uma ocasião, houve um plebiscito para escolher entre presidencialismo e parlamentarismo, na época do Brizola. Havia duas plaquinhas. Uma azul e outra vermelha. Não sei como, consegui uma plaquinha vermelha, que era a favor do Brizola e significava ‘não’ ao parlamentarismo. Como meu pai estava viajando, minha mãe pregou na casa a plaquinha vermelha. Só que a rua inteira era azul. Quando meu pai chegou, foi aquela confusão”, diverte-se ele.
Mais tarde, ele se envolveu com a política estudantil e depois a sindicalista. O Partido dos Trabalhadores o lançou como candidato apenas para fechar chapa. Mas, acabou se elegendo vereador e optando pela oposição. Primeiro ao prefeito da época, Rafael Greca e depois ao Cássio Taniguchi. Após oito anos como vereador, foi eleito deputado estadual quando há cinco mandatos faz o papel de opositor ao governo estadual, “sempre com muito respeito”, enfatiza ele.
Para Tadeu a política em que ele acredita, não suporta dubiedade. “É nas horas difíceis que se conhece o caráter das pessoas. Quando saí candidato a prefeito em 2016, eu e as pessoas que estavam comigo, falávamos que éramos do PT, com as cores e bandeiras do partido”, se referindo à fase mais difícil para o partido, com as denúncias de corrupção.
Ele também relata um episódio que marcou a vida política dele, quando em fevereiro de 2015, um grupo de estudantes e servidores ocuparam o estacionamento da Assembleia. Eram, aproximadamente, cinco mil pessoas que queriam ir até o plenário. Eles eram contrários à votação projeto de lei que promovia mudanças no custeio da previdência dos servidores estaduais. “O presidente Traiano estava apreensivo e falou: ‘Senhores deputados que tem relação com os senhores manifestantes, conversem com eles’. Ninguém foi e eu fui. Os policias disseram que não poderiam me proteger. Assim mesmo, falei com os manifestantes e consegui evitar que subissem”.
O futuro político é incerto. Talvez saia candidato a deputado federal, talvez não saia para nada. “Vou cuidar dos meus netos”, profetiza ele. Mas, a política não vai deixar de fazer parte do seu dia a dia. “Vivemos em um país extremamente desigual e não vou ser omisso. Há um trecho de um sermão do Padre Vieira que diz que ‘a omissão é o único pecado que se faz, não fazendo’. Posso pecar por muita coisa, mas não por omissão”.
O programa Café com Política com o deputado Tadeu Veneri tem transmissão pela TV Assembleia nesta sexta-feira (28) a partir das 14 horas e também estará disponível no canal do Youtube do Legislativo: https://bit.ly/2IS2oGL.