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Acampados Deixam o Parque Nacional de Ilha Grande

Depois de doze dias acampados no Parque Nacional de Ilha Grande, no Rio Paraná, na região de Porto Camargo (Alto Paraíso), cerca de duzentas famílias de ex-ilhéus, decidiram ontem deixar o local. A negociação foi intermediada pelos deputados José Domingos Scarpellini (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, e Elton Welber (PT). Também participaram representantes dos deputados Ademir Bier (PMDB) e Duílio Genari (PP). Eles apresentaram aos acampados, uma portaria baixada por determinação da ministra do meio ambiente, Marina Silva, e assinada pelo superintendente regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marino Gonçalves. O documento prevê a criação de um grupo de trabalho, com a finalidade de definir medidas para a regularização fundiária do Parque Nacional de Ilha Grande, através de um sistema de “compensação de reservas legal”. Cerca de 3 mil famílias foram desapropriadas e retiradas da área do parque, constituído por mais de trezentas ilhas, no ano de 1997. Passados quase dez anos, nenhum delas foi indenizadas pelas suas terras e, a grande maioria deixou de ser produtor rural, passando a ser trabalhador braçal para sobreviver. Do total ,de 3 mil ex-ilhéus, 1.040 têm títulos de propriedade regularizado no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O restante são famílias de posseiros, mas reconhecidamente proprietárias de lotes, até com financiamentos de custeio agrícola liberados por bancos oficiais. Diante da burocracia e morosidade no processo de indenização, a Associação dos Ilhéus do Parque Nacional de Ilha Grande, resolveu ocupar o local novamente, no dia 12 de março, como forma de pressionar o Governo Federal. Na retirada dos acampados ontem, o presidente da entidade, Eduardo Ortt, garantiu que, se não for cumprido o prazo de 60 dias, para encaminhamento da regularização fundiária, previsto na portaria do Ibama, os ilhéus irão ocupar novamente o parque.O presidente da Associação dos Ilhéus e outros diretores reconheceram ontem que, pela primeira vez em mais de duas décadas, os ex-ilhéus, enfim receberam um documento oficial do Ibama, que pode ser considerado a abertura do processo de indenização. Apesar de o Parque Nacional de Ilha Grande ter sido criado em 1997, desde 1984, muitas famílias começaram a ser retiradas das ilhas, por conta de enchentes, sendo proibidas de voltar para suas propriedades. A alternativa de se criar um mecanismo de compensação de reserva legal, partiu do deputado José Domingos Scarpellini em uma das várias audiências mantidas com a ministra do meio ambiente, Marina Silva. “A ministra confessou que o ministério não tinha dotação orçamentária para pagar indenizações que somariam mais de R$ 100 milhões e, diante deste quadro, apresentamos a proposta da compensação”, explicou ontem Scarpellini, no encontro com os ex-ilhéus.Segundo ele, em todo o Paraná, milhares de produtores rurais precisam regularizar a área de reserva legal de suas propriedades e, a partir de agora, poderão adquirir lotes dos ilhéus, nas condições e modelo que será definido pelo grupo de trabalho criado pelo Ibama. O grupo de trabalho é integrado pela procuradora Andréa Vulcanis e as técnicas Guadalupe Vivekananda e Cibele Munhoz Ameito (todos do Ibama-PR); além de Cláudia Sonda e Luiz Renato Martini, do Instituto Ambiental do Paraná. (IAP). Após intermediar a negociação por vários meses, Scarpellini teceu elogios à decisão da ministra do meio ambiente, Marina Silva. “Estas famílias perderam dez anos de suas vidas, sendo retiradas de suas terras e injustiçadas, sofrendo privações e humilhações”, concluiu o deputado. Osni CalixtoF:041.3350.4072
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